Economia
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Por Carolina Nalin

Puxado por alimentos e combustíveis, o IPCA, índice que mede a variação de preços e é usado nas metas de inflação do governo, subiu 0,53% em janeiro. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira. Este é o primeiro resultado sob o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

  • O número veio abaixo do esperado pelos analistas, que projetavam alta de 0,57%, segundo o Valor Data
  • Nos últimos 12 meses, a inflação acumula alta de 5,77%, abaixo dos 5,79% dos últimos 12 meses
  • O aumento nos preços de alimentos e bebidas foi o principal responsável pela alta do indicador em janeiro

O resultado aponta uma desaceleração em relação a dezembro (0,62%). Mas ainda mostra a pressão dos preços, num momento em que a taxa de juros - um dos instrumentos usados para manter o índice sob controle - virou motivo de embate entre Lula e o Banco Central.

Ruído sobre política monetária pesa no cenário

Analistas explicam que o ano de 2023 deverá ser marcado por altas em itens administrados ou que são indexados pelo valor da inflação passada. Entre os destaques estão a gasolina - que sofreu reajuste de 7% na refinaria no final de janeiro -, os reajustes nos planos de saúde, o aumento do emplacamento e licença (IPVA), além de reajustes em tarifas de energia, transporte, por exemplo.

Por outro lado, os "núcleos de inflação", medida que os economistas costumam observar pois exclui o impacto de itens de preços mais voláteis, seguem em desaceleração - o que mostra que a economia já está sendo desaquecida pelo efeito dos juros altos, preços de commodities em queda e choques de preços que estão se dissipando.

O maior risco, porém, se dá sobre a 'desancoragem' das expectativas para a inflação em 2024. Quando a credibilidade da política monetária e o comprometimento com o comprimento da meta são questionados, a expectativa é de que não vai ser possível conter a inflação adiante:

— Essa desancoragem das expectativas, que começou com a discussão fiscal, mas se intensificou com os ruídos monetários, impactam as projeções de inflação. O boletim Focus já indica uma desancorarem de 50 pontos-base nas expectativas longas. A gente ainda mantém no nosso cenário o corte da taxa Selic no final do ano, mas o risco é de ter que manter os juros mais altos por mais tempo — sinaliza Júlia Passabom, economista do Itaú Unibanco.

Segundo os analistas do Santander, Daniel Karp e Felipe Kotinda, embora ainda em patamares elevados, a inflação de curto prazo segue melhorando:

“ O principal risco, porém, está relacionado com a desancoragem das expectativas de médio/longo prazo, devido à incerteza quanto ao rumo das reformas económicas estruturais”, disseram, em comentário.

Pagamento do IPVA

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, apenas o segmento de Vestuário apresentou recuo nos preços, com queda de 0,27%. O grande destaque foi o grupo Alimentação e bebidas, que avançou 0,59%, com grande influência dos aumentos observados na batata-inglesa, cujos preços subiram entre 14% e 17%.

— As altas nesses dois casos se explicam pela grande quantidade de chuvas nas regiões produtoras. Por outro lado, observamos queda de 22,68% no preço da cebola, por conta da maior oferta vindo das regiões Nordeste e Sul, item que teve alta de mais de 130% em 2022 — explica o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

O grupo do Transportes, por sua vez, avançou 0,55%, influenciado principalmente pela alta nos preços dos combustíveis - sobretudo a gasolina. Também contribuíram o automóvel novo, e o emplacamento e licença, que incorporou pela primeira vez a fração referente ao IPVA de 2023.

Já o grupo de Saúde e cuidados pessoais desacelerou de forma significativa: saiu de alta de 1,60% em dezembro para 0,16% em janeiro.

— Esse resultado é explicado pela queda nos preços de perfumes e artigos de maquiagem. Observamos queda em novembro no contexto da Black Friday, alta logo após, em dezembro, e, em janeiro, nova queda com descontos sendo verificados no setor — explica o gerente da pesquisa.

Vestuário tem 1º queda após 23 meses seguidos de alta

O grupo Comunicação, embora tenha peso menor na pesquisa, registrou a maior variação em janeiro (2,09%). A alta foi puxada pelos reajustes nos preços de tv por assinatura e combos de telefonia, internet e tv também por assinatura. Já o grupo Habitação registrou alta de 0,33%, com destaque para a taxa de água e esgoto, por conta de reajustes em três regiões do país.

O grupo Vestuário, por sua vez, teve a primeira queda após 23 meses seguidos de altas. Segundo o IBGE, os itens do grupo foram impactados ao longo dos últimos dois anos pelo aumento no custo das matérias-primas e pela demanda reprimida pós-pandemia. Em janeiro, o recuo dos preços se deve ao fato de várias lojas terem aplicado descontos sobre os preços que foram praticados em dezembro, para o Natal.

Veja o resultado de cada um dos nove grupos que compõem o IPCA:

  • Alimentação e bebidas: 0,59%
  • Habitação: 0,33%
  • Artigos de residência: 0,70%
  • Vestuário: -0,27%
  • Transportes: 0,55%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,16%
  • Despesas pessoais: 0,76%
  • Educação: 0,36%
  • Comunicação: 2,09%

Perspectivas

O mês de fevereiro deverá ser marcado pela alta no grupo Educação, que concentra os aumentos nos preços das mensalidades escolares. Além disso, também deve pesar no resultado mensal o reajuste de 7,5% anunciado pela Petrobras no dia 24 de janeiro no preço médio de venda de gasolina. O aumento passou a valer no dia 25 e tem influência principalmente nos 30 dias após o anúncio.

Em geral, o ano de 2023 deverá ser marcado pela alta de preços administrados, como energia e combustíveis, diante da expectativa de volta dos impostos sobre esses itens. O país tende a registrar o terceiro estouro seguido da meta de inflação, estabelecida em 3,25%.

Economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para o índice de preços e, segundo o Boletim Focus do Banco Central, que reúne as projeções do mercado, a inflação deve fechar o ano em 5,78%, ante 5,74%.

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