O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fez nesta quarta-feira uma defesa da autonomia do Banco Central. Em meio às críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, Pacheco afirmou que a regra é "um avanço". Buscando uma conciliação, o senador disse que Lula e Campos Neto irão se entender.
– O presidente do Banco Central é um homem preparado, muito de bom trato. O presidente Lula realmente é muito determinado em enfrentar o problema de fome, de miséria, de conferir estabilidade ao Brasil. São todos homens de boa intenção e como homens de boa intenção se reúnem e os problemas se resolvem – declarou.
A regra foi aprovada pelo Congresso em 2021 e estabelece mandatos no comando do banco não coincidentes com o do presidente da República. Campos Neto foi escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e tem um mandato que dura até o final de 2024.
Em entrevista à RedeTV na semana passada, Lula falou em rever a autonomia do Banco Central.
– Eu vou esperar esse cidadão Campos Neto terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o Banco Central independente – declarou.
Nesta semana, o presidente chegou a falar que os senadores podem tirar Campos Neto do cargo. Pela lei que foi aprovada pelo Congresso, o comando do BC pode ser mudado caso ele não desempenhe adequadamente a função e o Senado tenha maioria para fazer a mudança. No entanto, senadores resistem a fazer isso. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também negou que haja possibilidade de rever a autonomia do banco.
–(A autonomia do BC) Foi aprovada em ambas as Casas, sancionada, depois houve uma discussão de constitucionalidade no Supremo Tribunal Federal. Considero que é um avanço, afasta critérios políticos de algo que tem um aspecto técnico muito forte que é o Banco Central – disse Pacheco.
A principal reclamação de Lula é a alta taxa de juros. A Selic está a 13,75%. Petistas também dizem que há uma intenção deliberada de Campos Neto de prejudicar o governo e avaliam que ainda há proximidade com Bolsonaro.
O presidente do Senado refutou qualquer mudança nas regras atuais.
– Vamos buscar cuidar das questões do país e enfrentar problemas dentro dessa realidade que existe, dessa autonomia do Banco Central, e buscar criar as pontes necessárias entre as pessoas envolvidas para que a gente possa ter um propósito em comum bem sucedido – disse.