Economia
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Por Renan Monteiro e Alvaro Gribel

A manutenção da taxa básica de juros, em 13,75%, pelo Banco Central já era esperada, mas havia grande expectativa sobre o comunicado do Copom, após as pressões feitas por Lula e integrantes do governo petista para a redução da Selic. O recado do BC não poderia ser mais claro: ao invés de cair, o risco é de aumento da taxa, caso a inflação e as expectativas de inflação não caiam.

É isso que fica evidente no trecho abaixo do comunicado que acompanhou a decisão:

"O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional, especialmente em prazos mais longos. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado", diz o Banco Central.

Em outro trecho, o Banco Central reforça a importância de se voltar a ter o controle sobre as expectativas. O que ele chama de "desancoragem" é a piora das projeções feitas pelo mercado financeiro.

"O Comitê avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional. Nesse cenário, o Copom reafirma que conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas."

Assim como no comunicado anterior, o Comitê citou expressamente a “incerteza fiscal” como risco para o cenário inflacionário. O Banco Central considerou a falta de detalhamento sobre arcabouço para controle das contas do governo e o impacto sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública.

— Importa a interpretação dos agentes sobre [a âncora fiscal]. Por isso que é um regime de expectativas. Se o mercado reagir bem, a proposta sugerir sustentabilidade nas contas públicas, e houver percepção de que será aprovada no Congresso, todos vão se antecipar a esse processo. O BC vai olhar para a reação e as expectativas do mercado sobre o arcabouço [como um dos fatores na decisão sobre juros] — cita o economista-chefe da Daycoval Asset, Rafael Cardoso.

Para o economista-chefe da Acrefi, Nicolas Tingas, o Banco Central brasileiro seguiu a mesma linha do Fed, BC americano, com a indicação de que vai buscar a inflação na meta.

— O Banco Central tomou uma decisão técnica. A mensagem final básica é que se a inflação perseguida e a expectativa de inflação não foram atingidas, o Banco Central não vai hesitar em retomar o ciclo de aperto monetário — afirmou.

Já na avaliação de Luiz Otávio Leal, economista-chefe do Banco Alfa, o anúncio de hoje deixou "pouco espaço para uma perspectiva de redução de juros no curto prazo.

— Na reunião de maio será bem difícil ter uma alteração. Eu chamaria atenção para essa ponta mais dura do comunicado, que é o fato dos modelos [de projeção para inflação] terem piorado desde a reunião de fevereiro. Olhando pelos números, há menor espaço para reduzir os juros, inclusive em relação à reunião de fevereiro — menciona Otávio.

As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência (de efeito da política monetária) estão em 5,8% para 2023 e 3,6% para 2024. Uma alta em relação ao comunicado de fevereiro, que considerava uma inflação projetada em 5,6% para 2023 e 3,4% para 2024.

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A decisão conjunta de Roberto Campos Neto e dos oito diretores do Banco Central reconhece que a reoneração dos combustíveis “reduziu” a incerteza dos resultados fiscais - porém no curto prazo. No final de fevereiro, o governo Lula anunciou a volta parcial dos impostos federais sobre a gasolina e o diesel.

— É um comunicado mais ‘duro’ do que imaginamos. O BC fez o reconhecimento de uma certa redução do risco fiscal, com a recente reoneração dos combustíveis, mas a desancoragem das expectativas [de inflação] foi muito enfatizada, exibindo um desconforto muito grande. Não visualizamos espaço para redução de juros em maio — comenta Andrea Damico, sócia e economista-chefe da Armor Capital.

Para Raphael Vieira, Arton Advisors, a preocupação do Banco Central com o cenário fiscal foi fator determinante para o tom mais duro do Copom:

— A sinalização é para a [necessidade] de melhora no cenário fiscal, com uma trajetória da dívida pública mais clara. Com o arcabouço fiscal e a crise liquidez e crédito, pode-se ver uma abertura para cortar juros. Isso quer dizer que, se piorar significativamente o mercado internacional, podemos vir a ter uma convergência dessa política monetária, que tem sido contracionista — afirmou.

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