O colapso do Silicon Valley Bank (SVB) é o maior registrado nos Estados Unidos em mais de uma década, depois que sua antiga base clientes, formada por startups de tecnologia, ficou temerosa e sacou seus recursos. Fundado em 1983, o banco era uma das principais fontes de crédito das empresas do Vale do Silício.
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A decisão dos reguladores do estado da Califórnia nesta sexta-feira, de assumir o controle da instituição financeira e apontar a Federal Deposit Insurance Corp. (Fdic) como administrador é o último capítulo da queda vertiginosa de um baluarte do Vale do Silício.
Também é a segunda instituição de crédito a quebrar esta semana, depois de a Silvergate Capital Corp. ter anunciado a liquidação voluntária de seu banco, o que provocou uma forte venda nos papéis de bancos e preocupação sobre o futuro de outras instituições financeiras.
As ações do SVB, que na quinta-feira desabaram 60%, chegaram a despencar 69% hoje, até que a negociação foi suspensa.
O Fdic informou que os depósitos garantidos serão pagos até segunda-feira. Para aqueles não garantidos será emitido um certificado de administração judicial, disse o órgão regulador, ressaltando que ainda não sabe o montante total dos depósitos.
Ao anunciar que estava assumindo o controle do banco, o Departamento de Proteção Financeira da Califórnia citou liquidez inadequada e insolvência.
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Os problemas do SVB escalaram depois que a Founders Fund, do investidor Peter Thiel, e outras grandes empresas de venture capital aconselharam as empresas de seu portfólio a retirarem o dinheiro do banco. Isso se deveu ao anúncio da controladora do SVB, a SVB Financial Group, de que tentaria obter uma injeção de capital de mais de US$ 2 bilhões, devido a uma perda de US$ 1,8 bilhão em seu portfólio.
Em uma administração judicial, os depósitos em um banco são normalmente assumidos por outra instituição financeira saudável, ou então reembolsados pelo Fdic até o limite de garantia, que é de US$ 250 mil.
“A administração judicial pelo Fdic vai acabar com a incerteza sobre este banco específico”, disse Saule Omarova, professora de Direito na Universidade Cornell. “Mas não acho que isso vai impedir as pessoas de se sentirem menos seguras se elas tiverem algum tipo de exposição em seus ativos ou se seu dinheiro estiver em bancos com perfil de risco semelhante.”
Ela ressalta que “corridas a bancos dependem muito do psicológico”:
“E neste momento, é muito racional ficar nervoso.”
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O SVB foi fundado em 1983 durante em jogo de pôquer entre Bill Biggerstaff e Robert Medearis, segundo comunicado divulgado pelo banco em seu 20º aniversário. Desde seu início, o SVB se especializou em prover serviços financeiros a startups de tecnologia.
O banco tinha cerca de US$ 209 bilhões em ativos e US$ 175,4 bilhões em depósitos no fim do ano passado, informou o Fdic nesta sexta-feira.
“No momento do encerramento (do banco), o montante de depósitos acima dos limites de garantia era desconhecido”, informou o órgão regulador.