Economia
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Por João Sorima Neto — São Paulo

Mesmo com o socorro do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para evitar uma crise sistêmica com a quebra do Silicon Valley Bank (SVB), instituição que financia startups, haverá consequências, inclusive no Brasil, para essas empresas que já vinham sofrendo junto aos investidores por crescerem muito sem entregar resultados.

Analistas avaliam que a crise de credibilidade tende a se acentuar, e os recursos ficarão ainda mais seletivos. Também preveem uma onda de fusões entre startups e a compra de parte dessas empresas por grandes companhias. E as que não mudarem o modelo de negócios para se tornar autossustentável vão desaparecer.

— Se já estava faltando dinheiro para as startups, agora vai ficar ainda mais grave — diz Junior Borneli, fundador da StartSe, escola internacional de negócios que também atua no Vale do Silício.

A expectativa é que haja uma onda de fusões entre elas. Além disso, grandes companhias, que já vinham usando o serviço delas para acelerar seus processos de inovação, poderão comprá-las por um preço muito mais baixo do que elas valiam recentemente. Ele prevê que, entre julho e setembro, período de novas captações, o dinheiro deve secar.

— Caso não consigam novas fontes de financiamento, as startups terão que reduzir seus custos até o ponto de se tornarem autossustentáveis. Ou terão que se fundir com concorrentes, para reduzir custos e aumentar receita. Se isso não acontecer, serão adquiridas por grandes corporações ou desaparecer — avalia Borneli.

O CEO da Y Combinator, Garry Tan, maior aceleradora de startups do mundo, disse que este momento pode provocar uma quebradeira generalizada. “Este é um evento de nível de extinção em massa para startups e irá atrasar as startups e a inovação em dez anos ou mais”, escreveu Tan em uma rede social.

Borneli afirma que esse cenário vale para o Brasil. Ele avaliou que a quebra do SVB trouxe tamanha preocupação que algumas startups brasileiras divulgaram comunicados ao mercado que não tinham exposição ao banco. A Nu Holding, que controla o Nubank, que tem ações na Nasdaq, a Bolsa de tecnologia americana, divulgou comunicado neste fim de semana informando que não tinha exposição ao Silicon Valley Bank. A controladora do Banco Inter também fez o mesmo.

Ações de bancos em queda

Bruno Diniz, CEO da consultoria de inovação Spiralem, especializada em sistema financeiro, diz que a ação do Fed de garantir todos os depósitos deve impedir que as startups brasileiras percam recursos depositados no banco. Mas ele lembra que a atuação do Fed não previne crise de confiança no sistema bancário:

— As startups, que já estavam passando por um movimento difícil para captar recursos, fazendo demissões, vão ter tempos ainda piores.

Ele lembra que as ações de diversos bancos estão em queda com essa corrida aos bancos. O problema é se acontecerem mais quebras e o governo americano tiver que resgatar outras instituições.

A Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) informou que as empresas mais afetadas são que receberam investimento de fundos de venture capital estrangeiros.

— Entre as mais de 10 mil startups brasileiras, acredito que 10% têm essa estrutura para receber investimento estrangeiro — diz Diego Perez, presidente da entidade.

Ele lembra que fintechs reguladas no Brasil como Instituição de Pagamento (IP), Sociedades de Crédito Direto (SCD) e Sociedades de Empréstimo Entre Pessoas (SEP) separam o patrimônio de clientes. Mesmo que houvesse impacto sobre alguma fintech brasileira, isso não alcançaria os recursos de clientes.

— O caso do SVB mostrou como o cenário muda abruptamente. O pensamento era que sempre haveria dinheiro para que as startups continuassem crescendo sem dar retorno. Agora, terão que ser geradoras de caixa. Havia uma distorção do mercado de startups nos últimos dez anos, e as pessoas não tinham percebido ou não queriam perceber. Com a quebra do SVB, ruiu tudo — afirmou Borneli.

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