O governo precisa fazer um ajuste fiscal entre R$ 200 e R$ 300 bilhões para conseguir estabilizar a trajetória da dívida pública. A estimativa foi apresentada pelo diretor do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Nelson Barbosa, em seminário na sede do banco, nesta segunda-feira, no Rio.
A partir de diferentes hipóteses, Barbosa calculou qual seria o resultado primário necessário para estabilizar a dívida. Foi considerada a dívida líquida do governo geral (DLGG), que exclui o Banco Central e as estatais não dependentes.
Tomando como base a dívida líquida de 56,4% do PIB, observada no final do ano passado, calculou-se que seria preciso atingir um superávit entre 1% e 2% do PIB. O cálculo levou em conta um juro real entre 4% e 5% e um crescimento do PIB de 1,5% a 2,5%.
— Se o déficit esperado pelo mercado para esse ano é de 1% do PIB, para passar esse resultado para +1% ou 2%, precisamos fazer um ajuste de 2 a 3 pontos, equivalente a R$ 200 a R$ 300 bilhões de reais — explicou.
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O economista, que exibiu uma apresentação sobre os desafios da política fiscal e desenvolvimento no Brasil, sinalizou, porém, que o nível de esforço do ajuste fiscal pode ser maior ou menor a depender de outras variáveis. Ele explica que a dívida pública tanto influencia como é influenciada pela taxa de juro real, pelo crescimento da economia e pelo resultado primário:
— (R$ 200 a R$ 300 bilhões) É um número elevado. Mas esse esforço pode ser menor se a economia crescer mais e o juro for menor — disse o diretor.
Barbosa destacou, porém, que o cálculo não é suficiente para esclarecer o melhor caminho de ajuste fiscal, se seria ampliar a arrecadação ou diminuir gasto:
— A boa política é capaz de arbitrar esse conflito distributivo.