Americanas quer levantar R$ 3 bi com venda de marcas como Hortifruti, Imaginarium e Puket

A varejista, que tem dívida de R$ 42,3 bilhões, pretende vender em leilões ativos como a rede Hortifruti/Natural da Terra, adquirida do fundo Partners Group em agosto de 2021, e os 70% que detém da Uni.co (dona das franquias de varejo Imaginarium, Puket, Casa MinD e Lovebrands) desde abril de 2021 por R$ 244 milhões.

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Também está na lista de ativos a serem leiloados um avião executivo Embraer Phenon 300 fabricada em 2014. Modelos similares são vendidos por US$ 8,5 milhões (cerca de R$ 44,5 milhões no câmbio atual).

A operação da marca Hortifruti, que tem presença mais forte no Rio, foi cara, lembram especialistas. A Americanas pagou R$ 2,1 bilhões pelo ativo à época e tinha um plano de expansão que incluía a entrada das marcas Natural da Terra e Hortifruti em todo o país. Na aquisição, as duas marcas somavam 73 lojas em Rio, São Paulo, Minas e Espírito Santo. Hoje, são 76 nesses estados.

— A Americanas tem de vender Hortifruti/Natural da Terra e Uni.co porque não são ativos que tenham sinergia com suas lojas, mas essa expectativa de conseguir vender por quase R$ 3 bilhões não tem sentido. O melhor ativo é a Hortifruti, mas somada com Uni.co, não vejo como ultrapassar um valuation (avaliação) de R$ 1 bilhão hoje — avalia André Pimentel, sócio da consultoria Performa Partners, especializada em varejo.

Para ele, o plano arrojado de expansão da Americanas esbarrou, entre outras coisas, na dificuldade em lidar com o varejo de perecíveis. Poucos meses após a aquisição da rede Hortifruti, o então presidente da empresa Thiago Picolo deixou a operação. Em seu lugar, assumiu Fábio Amorim, diretor de Marketing, que tinha a missão de maximizar margens e reduzir perdas.

De acordo com pessoas que já atuaram na operação da rede, metas estabelecidas pela Americanas não têm sido cumpridas. Eventuais interessados, como fundos de investimento, só se interessariam pelo negócio “para pagar barato”, diz Pimentel. Já as marcas da Uni.co, em especial a Imaginarium, sofrem a crise no varejo.

— Seria péssimo momento para a venda da marca, que trabalha com linhas de presentes que, na crise, o consumidor coloca para o fim da lista de prioridades — diz o analista.

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Especializado em reestruturação de empresas, Salvatore Milanese, da Pantalica, diz que a rede Hortifruti deve atrair compradores, mas o fato de a Americanas estar em recuperação judicial prejudica:

— Quando o vendedor é uma empresa em recuperação judicial, os eventuais compradores jogam o preço para baixo. Isso deve se repetir nesse caso, mas a Americanas pode eventualmente se recusar a vender ativos por um preço que não faça sentido.

Fundador da Urca Capital Partners, Leonardo Nascimento avalia que os ativos serão leiloados “por uma fração de seu valor real”, mas que a venda pode fazer sentido se melhorar o fluxo de caixa da Americanas. Pelo plano proposto pela companhia, no entanto, a Americanas só vai receber algo se o valor arrecadado for superior a R$ 2 bilhões. Até esse montante, o dinheiro vai para pagamento de dívidas.