Economia
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Por Carolina Nalin — Rio

O evento promovido pelo BNDES nesta manhã se tornou palco para que empresários, economistas e integrantes do governo fizessem coro pela redução da taxa de juros. As críticas à taxa alta e a cobrança para que ela seja reduzida ocorre às vésperas do encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne amanhã e na quarta-feira para decidir sobre a nova Selic, hoje em 13,75% ao ano.

O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou que os juros nesse patamar não se justificam, travam investimentos e tornam a dívida brasileira mais cara. E cobrou "bom senso" do Banco Central, órgão a que o Copom é vinculado.

— (Juros) 8% acima da inflação dificulta consumo, atrasa investimento e onera o fiscal. E não há nada pior para o fiscal do que isso porque metade da dívida é Selic. Acreditamos no bom senso de que vamos ter redução da taxa de juros — disse Alckmin, durante evento do BNDES, no Rio.

Segundo o vice-presidente, há gordura para cortar os juros. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia dito que o país tem “gordura muito grande” que permite a redução da taxa Selic.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin; Esther Duek, ministra da Gestão;  e José Pio Borges, presidente do Conselho Curador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), participam de seminário na sede do banco, no Rio.  — Foto: Gabriel Paiva/Agência O Globo
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin; Esther Duek, ministra da Gestão; e José Pio Borges, presidente do Conselho Curador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), participam de seminário na sede do banco, no Rio. — Foto: Gabriel Paiva/Agência O Globo

Sem inflação de demanda

Alckmin lembrou que "o mundo inteiro tem juros negativos" e que frisou que não há por que ter juro real 8% acima da inflação quando "não há demanda explodindo".

Ele afirmou que o governo tem concentrado seus esforços para fazer avançar a reforma tributária e para encaminhar uma nova proposta de ancoragem fiscal, algo que deve ser apresentado “nos próximos dias”, disse.

— Estamos otimistas que a reforma tributária possa avançar. Já o custo de capital é um outro problemão porque juros altos dificultam investimentos e encarecem a dívida do governo. E acho que o governo encaminha nos próximos dias a ancoragem fiscal, que vai combinando curva da dívida, de outro lado superávit e do outro lado o controle do gasto. Uma medida inteligente, bem feita, que vai trazer bastante segurança na questão fiscal.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, disse que a discussão sobre o arcabouço fiscal é uma “agenda de governo", embora pondere que a decisão deverá afetar o banco. A expectativa de Mercadante é que a apresentação da nova regra fiscal auxilie na queda da taxa de juros no país:

— Vamos aguardar o governo definir. O presidente Lula está fazendo as últimas avaliações, eventuais ajustes, e nós estamos aguardando com expectativa para que isso impulsione uma queda sustentável da taxa de juros.

O presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, também foi enfático nas críticas aos juros altos, classificando-as como "pornográficas". Segundo ele, um país com dívida de 72% do PIB e que conta com reservas cambiais não pode ser considerado um país com problema fiscal:

— Essa não é uma boa explicação para as pornográficas taxas de juros praticadas no Brasil. E se não baixarmos (os juros), de nada adianta fazer políticas industriais porque as principais políticas industriais que atingem a economia é uma taxa de juros compatível, com dimensão e riqueza, e obviamente a reforma tributária que crie isonomia entre os setores.

Taxa é contraproducente, diz Stiglitz

Para o Nobel de Economia de 2001, o economista americano Joseph Stiglitz, o Brasil vem sobrevivendo a uma "pena de morte".

— É chocante a (taxa de juros) de vocês. Os números de 13,75% ao ano, ou de 8% de taxa real, são do tipo de taxa de juro que vai matar qualquer economia. Na verdade, o impressionante no Brasil é que o país sobreviveu ao que seria de fato uma pena de morte.

Na opinião de Stiglit, a política monetária freou o crescimento do país, é contraproducente e exacerba a inflação.

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