O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a defender a atuação da autarquia no combate ao aumento de preços com o aperto monetário. Segundo ele, o nível de inflação no Brasil “precisa do trabalho que está sendo feito”, isto é, com a taxa básica de juros em 13,75%.
— Temos coletivamente, no governo, caminhado na direção correta e precisamos persistir no processo de garantir a estabilidade de preços, tão importante para os mais pobres. Não se consegue estabilidade social, com inflação descontrolada — afirmou, em sessão no Senado nesta quinta-feira.
Na estimativa do Banco Central, o alcance da meta de inflação de 3,25%, para este ano, poderia ser atingido em menor prazo com uma taxa de juros de 26,5%. Mas, segundo Campos Neto, o BC não subiu os juros a essa taxa porque está buscando “suavizar” o ciclo de aperto monetário e os efeitos na economia.
— O Banco Central sempre suaviza os ciclos, o máximo possível. Então a nossa tarefa é trazer a inflação para a meta com mínimo de custo possível para a sociedade. O crédito segue desacelerando de forma organizada — disse.
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Campos Neto contestou a tese defendida pelo presidente Lula e integrante do governo sobre a “inexistência” da inflação de demanda no Brasil, pontuando: "não é nosso diagnóstico". A ala política do governo argumenta que os juros de 13,75% é "inexplicável" porque não haveria excesso de consumo da população brasileira.
Crédito direcionado
No Senado, Campos Neto também diz que o “alto volume” de crédito subsidiado no Brasil tem efeitos negativos ao reduzir a eficiência da Selic e seria um dos motivos para mantê-la em patamar elevado.
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Ele não faz citação direta a nenhum banco público, mas é reconhecida a referência ao BNDES, que na nova gestão vem indicando mais força nos subsídios, em nome de aumentar o investimento em pequenas e médias empresas.
— Na parte da política monetária, temos um volume de crédito direcionado muito grande, é como se o Banco Central pisasse no freio e esse freio tivesse menos potência. Temos 42% do crédito na economia que é direcionado, que não está sobre o impacto direto da Selic. A média do mundo emergente é de 6%. Isso faz com que o trabalho fique mais difícil — alega.
Dívida Pública
Roberto Campos Neto voltou a fazer uma avaliação positiva do regramento fiscal do governo Lula e mencionou que há uma “real possibilidade” de estabilização da dívida pública. Campos Neto também negou que a taxa de juros seja responsável pelo aumento da dívida - uma tese que foi explorada na última terça-feira pelo senador Cid Gomes.
— A dívida não é alta porque os juros são altos. É o contrário. Os juros são altos porque a dívida é alta. Quando você está endividado, vai no banco e faz uma análise de crédito, o seu juros é mais alto se você estiver endividado. Podemos usar qualquer métrica, mas o fato é que o Brasil, comprando com o mundo emergente, tem uma dívida alta — disse.