Economia
PUBLICIDADE

Por Fabíola Góis, do Valor — Washington

Em manifestação enviada ao Fundo Monetário Internacional (FMI), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que uma política monetária mais restritiva no Brasil está baixando a inflação e que a trajetória de “consolidação fiscal do governo” abrirá espaço para “acomodação” dos juros.

Mas, além de dar sua visão sobre o cenário econômico do Brasil, Haddad também fez considerações sobre a economia mundial no texto que enviou ao Comitê Monetário e Financeiro do Fundo Monetário Internacional (IMFC, na sigla em inglês), que está reunido em Washington.

Haddad, afirmou considerar a fragmentação econômica “um risco importante, que deve ser enfrentado com determinação”. Para ele, a crescente concentração dos fluxos comerciais e de investimentos entre países alinhados geopoliticamente, especialmente em setores estratégicos, é extremamente preocupante.

Em seu relatório de projeções econômicas, divulgado nesta terça-feira, o FMI reduziu suas estimativas para o crescimento do mundo e do Brasil.

Haddad não compareceu às reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial, que reúnem autoridades econômicas de todo o mundo em Washington, porque integra a comitiva do presidente Lula que foi à China. No lugar do ministro, na capital americana, está o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também participa dos encontros dos organismos multilaterais.

O ministro afirma que as políticas industriais e tecnológicas nacionais nas economias centrais contribuem ainda mais para esse processo, e isso pode levar a perdas de bem-estar para mercados emergentes e economias em desenvolvimento (EMDEs) que precisam de diversificação e integração com cadeias produtivas de alto valor agregado.

“A redução da atividade global, a menor integração vertical das empresas, o protecionismo aberto ou disfarçado e o desvio de investimentos podem agravar a situação. Estamos convencidos de que garantir uma ordem econômica internacional baseada em regras que promovam a integração econômica, a diversificação da produção, o compartilhamento de conhecimento e menos pobreza e desigualdade é a melhor maneira de evitar uma maior fragmentação”, destacou o ministro.

Mudanças climáticas

Em outro ponto do documento, Haddad considera que combater as mudanças climáticas e seus efeitos já devastadores em países e comunidades mais vulneráveis requer uma estreita cooperação internacional.

“A pandemia mostrou o potencial e as deficiências da cooperação global diante de um desafio global esmagador. As autoridades de todo o mundo reagiram prontamente, seguindo diferentes estratégias e abordagens, inclusive o FMI. No entanto, estamos convencidos de que uma cooperação internacional mais estreita teria resultado muito melhor, especialmente para os países mais pobres e populações mais vulneráveis”, aponta.

Para Haddad, o progresso na implementação da agenda do Acordo de Paris – plano em que os governos acordaram em manter o aumento da temperatura média mundial abaixo dos 2°C em relação aos níveis pré-industriais – exige que as economias avançadas intensifiquem o financiamento climático para apoiar os esforços de mitigação, adaptação e transição das EMDEs.

O ministro defende ainda a simplificação do sistema tributário, "excessivamente complexo, regressivo, distorcido e difícil de lidar, que sobrecarrega desnecessariamente as empresas e acentua as desigualdades regionais e sociais".

Pobres no orçamento

Em relação ao Brasil, além de defender a reforma tributária e o novo arcabouço fiscal, que serão enviados ao Congresso neste ano, Haddad afirma que o governo brasileiro, nesses primeiros três meses, passou a priorizar as necessidades imediatas de gastos, e reverteu isenções fiscais, inclusive sobre combustíveis, que haviam sido concedidas no ano passado.

“Apresentamos ao Congresso e à sociedade uma nova estrutura fiscal que pode estabilizar com credibilidade a dívida pública ao longo do tempo e, posteriormente, colocá-la em uma trajetória claramente descendente”, explica o ministro. Segundo ele, o governo poderá registrar um superávit fiscal primário de 1% do PIB em 2026, último ano do mandato do governo.

Reformar o sistema tributário para torná-lo mais simples e justo é outra prioridade imediata. O documento apresentado por Haddad afirma que a nova administração está totalmente engajada com o Congresso para permitir a aprovação de uma reforma tributária há muito esperada para estabelecer simplificar procedimentos, evitar guerras fiscais entre unidades federativas e aumentar a transparência e a justiça no sistema.

“O principal objetivo não é aumentar a receita, mas melhorar a qualidade da mobilização de receita. O sistema tributário do Brasil é excessivamente complexo, regressivo, distorcido e pesado. Ele onera indevidamente as empresas e acentua as desigualdades regionais e sociais”, destaca.

Haddad explicou ao FMI que a reforma tributária prevista inclui uma revisão abrangente dos gastos tributários para abordar as características perversas e regressivas do regime tributário brasileiro, e combater a “captura” do Estado.

Para o ministro, embora não seja uma panaceia, a reforma tributária será um grande passo para estabelecer um sistema mais simples e justo que aumentará a eficiência da economia. “Recentemente, todos os 27 governadores estaduais manifestaram seu apoio à proposta de reforma tributária em tramitação no Congresso, e esperamos que seja promulgada até o fim deste ano”, prevê o ministro.

Webstories
Mais recente Próxima Light está em dia com obrigações com fornecedores de serviços e funcionários, diz Aneel
Mais do Globo

País iniciou investigação abrangente sobre assassinato de Ismail Haniyeh, evento que foi entendido como um sinal de quão prejudicial e chocante foi a falha de segurança

Oficiais de inteligência e até militares: Irã faz prisões em busca de suspeitos do assassinato do líder do Hamas

Campeã saltou de 13 mil para 1,4 milhão de fãs no Instagram

Após ouro na Olimpíada, Bia Souza vê número de seguidores aumentar 19.000%

Artem Viktorovich Dultsev e Anna Valerevna Dultseva se passavam por família argentina que vivia na Eslovênia

Filhos de espiões que 'descobriram' que eram russos em voo não sabiam quem é Putin e só falam espanhol

A voz da jogadora será dublada pela atriz Paola Oliveira no 'Fantástico'

Isabel do vôlei terá sua história contada em animação

Comportamento de atleta chamou a atenção até de Elon Musk; ela foi prata no tiro esportivo de 10m

Paris-2024: 'Pistoleira marrenta' que conquistou web fica em 27º na prova em que prometeu ouro

Consumidor pode 'reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação' 'em trinta dias, tratando-se de fornecimento de produtos não duráveis', caso de produtos como o café

Comprou café impróprio para consumo? Veja como proceder após Ministério da Agricultura reprovar 16 marcas

No Instagram, PA fica atrás apenas dos aposentados Usain Bolt e Caitlyn Jenner; ele é o segundo representante brasileiro mais seguido

Atleta do Brasil nos 100m rasos, ex-BBB Paulo André é esportista do atletismo com mais seguidores no mundo nas redes sociais