Economia
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Por Letycia Cardoso — Rio de Janeiro

Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia mundial voltou a viver um momento de grande incerteza por efeitos de choques acumulados nos últimos três anos em decorrência, principalmente, da pandemia e da guerra na Ucrânia. Assim, em seu relatório de projeções econômicas, o FMI reduziu suas estimativas para o crescimento do mundo e também do Brasil.

Pela projeção do relatório, a economia global vai crescer 2,8% neste ano, em vez dos 2,9% previstos em janeiro. Em 2024, a previsão caiu de 3,1% para 3%. No caso do Brasil, a estimativa para o PIB (Produto Interno Bruto, conjunto de bens e serviços produzidos no país) deste ano foi reduzida de 1,2% para 0,9%.

O corte em 0,3 ponto percentual na projeção para o Brasil foi um dos maiores, entre as 16 economias que o FMI destaca em seu relatório. Só o Japão teve redução maior na previsão para o seu PIB, de 0,5 ponto percentual - antes o FMI estimava crescimento japonês em 1,8%, agora projeta 1,3%.

Para 2024, o Fundo manteve sua previsão de crescimento de 1,5% para a economia brasileira. Em 2022, quando vários países se recuperavam do baque da pandemia, o Brasil cresceu 2,9% e o mundo, 3,4%.

Os números foram apresentados nesta terça-feira, durante a reunião conjunta de FMI e Banco Mundial, em Washington, durante a qual a diretora-gerente do Fundo, Kristalina Georgieva, recebe representantes dos países que integram a organização.

Projeções FMI — Foto: Criação O Globo
Projeções FMI — Foto: Criação O Globo

Inflação inibe crescimento

O relatório aponta como uma das causas para o menor crescimento global a inflação ainda elevada, devido à demanda reprimida, às interrupções persistentes nas cadeias de suprimentos e aos picos nos preços de commodities, como o petróleo.

Esses fatores, segundo o FMI, acabaram levando diversos bancos centrais a aumentarem as taxas de juros agressivamente, na tentativa de conter as altas de preços. Outro problema é que as dívidas pública e privada atingiram níveis que não vistos em décadas na maior parte das economias e permanecem elevadas, segundo os economistas do Fundo.

No Brasil, a inflação desacelerou em março, mas mantém-se alta: 4,65% em 12 meses. Os preços elevados inibem o consumo das famílias, que responde por boa parte do motor da economia, e dão pouca margem para o Banco Central (BC) baixar os juros, que estão em 13,75% ao ano. O BC também se preocupa com o aumento dos gastos públicos.

As taxas altas comprometem o orçamento dos brasileiros - quase 80% das famílias estão endividadas - e desestimulam investimentos, o que tem levado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a criticar publicamente o BC.

O FMI elevou a projeção de inflação mundial em 0,4 ponto percentual, para 7%. Apesar da revisão para cima, os preços estão cedendo, segundo o Fundo. No ano passado, o índice global ficou em 8,7%. A desaceleração é reflexo do aperto monetário dos BCs e preços de commodities mais comportados. Ainda assim, o FMI afirma que o indicador ficará acima da meta para a maior parte das economias até 2025.

A previsão do FMI para inflação do Brasil é de 5% neste ano e 4,8% em 2024, em ambos os casos acima da meta.

Risco de crise bancária no radar

As preocupações com a estabilidade financeira crescem também à medida que bancos com modelos de negócios que dependiam fortemente de juros muito baixos mostraram-se despreparados ou incapazes de se ajustar ao aumento acelerado das taxas. Com isso, surgiu no radar o risco de crises bancárias em várias economias, incluindo a maior delas, os Estados Unidos.

"(A turbulência financeira) está sob controle agora. Mas se as condições financeiras piorarem significativamente, estamos preocupados se isso pode resultar em uma desaceleração mais profunda", disse o economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourincha, no relatório.

No início deste ano, o Fundo acreditava que, embora a atividade econômica mundial fosse desacelerar em relação a 2022, o risco de recessão estava afastado e haveria um “ponto de inflexão”. Em janeiro, a perspectiva de crescimento da economia global foi revisada para cima pela primeira vez em um ano. Além disso, na ocasião, o FMI chegou a apontar que o enfraquecimento do dólar daria algum alívio aos mercados emergentes.

Agora em abril, no entanto, a visão está mais pessimista. Contribuiu para isso o colapso inesperado de dois bancos americanos e a crise que levou o suíço Credit Suisse — um banco de peso internacional significativo — ter que ser adquirido pelo rival UBS.

Esses casos agitaram os mercados financeiros. Diante da alta incerteza, predomina a aversão ao risco. O FMI avalia, então, que os formuladores de políticas econômicas podem enfrentar dificuldades para reduzir a inflação e, ao mesmo tempo, manter o crescimento e preservar a estabilidade financeira.

Crescimento da China é mantido

Com relação à segunda maior economia do mundo, o Fundo manteve a projeção de crescimento de 5,2% para 2023.

O Panorama avalia que, após medidas rígidas de contenção da Covid-19, que levaram a quedas na atividade econômica no quarto trimestre de 2022, as autoridades chinesas responderam com uma série de medidas, que incluem isenção de impostos para empresas, novas metas de vacinação para idosos e incentivos à conclusão e entrega de empreendimentos imobiliários inacabados.

Recomendações do Fundo

O FMI recomenda políticas a serem adotadas para atingir um crescimento sustentável. A principal delas é garantir a queda da inflação, o que demanda uma comunicação clara da parte dos bancos centrais.

Outra é assegurar a estabilidade financeira, o que vai exigir o monitoramento contínuo dos riscos ao sistema bancário. Também será preciso lidar com oscilações cambiais, especialmente no caso dos mercados emergentes, mais sensíveis à variação do dólar.

O FMI recomenda ainda dar apoio à população mais vulnerável e aumentar a segurança alimentar - um problema agravado pela guerra na Ucrânia, grande exportadora de alimentos.

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