A negociação de um acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul deve levar em conta a lei contra a importação de produtos de áreas desmatadas aprovada pelo Parlamento Europeu, afirmou a França.
- Todos os acordos comerciais da União Europeia devem ter em conta o respeito pelas normas ambientais que aplicamos, será um dos pontos de discussão - disse nesta quinta-feira a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, Anne-Claire, em conferência de imprensa .
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O Parlamento Europeu aprovou na quarta-feira por ampla maioria uma lei que proíbe a importação de produtos derivados da pecuária e da agricultura provenientes de terras desmatadas, como soja, gado, celulose, cacau, café, madeira e borracha.
O Parlamento Europeu e os estados-membros da União Europeia (UE) chegaram a um acordo sobre o assunto em dezembro passado. O texto foi proposto em novembro de 2021 pela Comissão Europeia, mas os eurodeputados votaram para fortalecê-lo, expandindo a gama de produtos. O Conselho da UE, instituição que representa os 27 países-membros do bloco, deve aprovar a nova lei, antes de entrar em vigor.
Desmatamento na Amazônia
A União Europeia e o bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai estão em plena negociação para chegar a um acordo comercial entre seus países-membros.
Em 2019, os dois blocos chegaram a um acordo político após mais de 20 anos de negociações complexas, mas não foi concluído por temores sobre a política ambiental do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, defensor da exploração econômica e mineradora da Amazônia.
O tom mudou com a chegada, em janeiro, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente do governo brasileiro. Os dois blocos discutem atualmente como incluir a questão climática no acordo negociado, como exige a UE.
Em Davos, na reunião com o comissário europeu de Meio Ambiente, Oceano e Pesca, Virginijus Sinkevicius, a ministra Marina Silva começou conversas para retomar o acordo bilateral entre os dois blocos.
- Não é possível um acordo com os países latino-americanos (...) se eles não respeitarem as mesmas restrições ambientais e sanitárias que a UE - alertou, em fevereiro, o presidente francês, Emmanuel Macron, que enfrenta forte pressão do setor agrícola contra esta negociação.
A porta-voz do ministério mostrou o apoio da França aos “compromissos extremamente ambiciosos para reverter a dinâmica acelerada do desmatamento” do novo governo brasileiro, que visa a acabar com esse problema ambiental até 2030.