Menos de 10 dias depois de o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, sugerir em entrevista ao GLOBO uma nova concessão para o Galeão, em conjunto com o aeroporto de Resende, no Sul Fluminense, a ideia foi descartada pela sua própria equipe.
Segundo interlocutores do ministério, técnicos chegaram à conclusão de que a medida poderia levar à judicialização, porque o leilão do Galeão teve empresas concorrentes que perderam a disputa. Elas poderiam se sentir prejudicadas e recorrer aos tribunais.
Uma reunião entre os governos federal, estadual e prefeitura do Rio foi agendada para o dia 24 de abril, para discutir o assunto. O Ministério de Portos e Aeroportos acena com uma nova análise, mais robusta, de reequilíbrio econômico-financeiro da concessão do Galeão. Mas quer também incentivos por parte do governo estadual, principalmente, em forma de redução de ICMS, para manter a Changi, o grupo de Singapura que administra o aeroporto.
A avaliação atual, dizem essas fontes, é de que nem mesmo se o Santos Dumont deixasse de existir, ou seja, se houvesse a transferência de todos os voos para o Galeão, o aeroporto não se sustentaria financeiramente.
O Galeão foi leiloado em 2013, por R$ 19 bilhões, com ágio de 294%. Mas o ritmo de crescimento do setor aéreo no país não se confirmou, com crises na economia e a pandemia, que derrubaram o volume de passageiros e as receitas projetadas. A Changi tem 51% da concessionária RIOgaleão, e a Infraero, 49%.
Em fevereiro de 2022, a RIOgaleão decidiu devolver a concessão. Em fevereiro deste ano, porém, o grupo voltou atrás e decidiu permanecer no país, mas com a tentativa de renegociação do contrato.