O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai assinar nesta quarta-feira dois decretos com alterações na regulamentação do marco regulatório do saneamento básico. Aprovada em 2020, a legislação tem sido responsável pela atração de investimentos privados para o setor com o objetivo de universalizar serviços de água e esgoto nas cidades do país até 2033: fornecer água para 99% da população e coleta e tratamento de esgoto para 90%.
A assinatura dos decretos acontecerá a dois dias da data em que se esgota o prazo para que as cidades formem unidades regionais de saneamento básico. Esse prazo, previsto no marco regulatório, será ampliado por um dos decretos de Lula. O novo coronograma vai se encerrar em 31 de dezembro de 2025, conforme informou o site do GLOBO ontem.
Entre outras medidas, será retirado o limite de 25% para contratação de parcerias público-privadas (PPPs) no setor, conforme adiantou ao GLOBO o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, na segunda-feira. Assim, na prática, uma estatal poderá entregar para o setor privado todo o serviço, mas o contrato continuará entre a empresa pública e uma prefeitura.
Uma das principais beneficiadas com a mudança será Embasa, estatal de saneamento da Bahia, estado que era governado pelo atual ministro da Casa Civil, Rui Costa, e que continua sob o domínio do PT, agora com Jerônimo Rodrigues. A empresa está com o contrato com Salvador vencido e quer mantê-lo por meio de uma PPP.
Os decretos também vão tocar as condições para a prestação de serviços por empresas estatais em regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, segundo aponta um convite enviado pelo Palácio do Planalto a governadores para a cerimônia de assinatura dos documentos pelo presidente nesta quarta-feira, às 16h, na sede do governo.
O texto diz que as mudanças foram traçadas em "estreito diálogo" com a Associação Brasileiras das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe) e outras entidades do setor desde o início do ano
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Ainda serão estabelecidos novos critérios e prazos para a comprovação da capacidade econômico-financeira das empresas públicas e privadas que vão atuar no setor. Segundo o ministro das Cidades, as mudanças vão destravar investimentos de pelo menos R$ 120 bilhões no setor até 2033.
Também estão na lista de mudanças o "estabelecimento de parâmetros para a edição de normas de referência" pela Agência Nacional de Águas (ANA) e a "previsão de possibilidade de contratação de determinadas atividades do saneamento, como coleta de lixo e limpeza urbana, por meio de contratos administrativos, no âmbito da prestação direta", diz o documento.
O texto, no entanto, deixa claro que os novos decretos darão "garantia jurídica" aos contratos de programa e de concessão que estão em vigor atualmente. Desde que o novo marco regulatório do saneamento entrou em vigor, mais de 20 leilões de concessão já foram realizados no setor, com investimentos que ultrapassam R$ 50 bilhões em várias regiões do país.