Economia
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Por Bernardo Mello Franco e Vera Magalhães — Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira que a meta de inflação seja elevada se isso for necessário para reduzir a taxa de juros. Em café com jornalistas, Lula voltou a criticar o Banco Central e disse que é “humanamente impossível” o país crescer com o atual patamar da taxa básica de juros, a Selic, que hoje está em 13,75% ao ano.

— Eu não sei se foi a partir de algum de vocês (jornalistas), mas esses dias eu li uma frase que eu não sei se foi dita pelo presidente do Banco Central que, para atingir a meta de 3%, precisaria de juro de 20%. Não sei se foi verdade isso, mas no mínimo é uma coisa não razoável. Porque se a meta (de inflação) está errada, muda-se a meta — disse Lula.

Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que, apesar das críticas à atuação da autoridade monetária e à Selic em 13,75%, esse patamar teria de ser quase o dobro para cumprir a meta de inflação em 2023.

— Se fosse atingir a meta (de inflação) em 2023, a última informação que tive é que a taxa (de juros) teria de ser de 26,5%. É óbvio que a gente entende que seria impossível _ comentou Campos Neto.

A meta de inflação é um parâmetro perseguido pelo Banco Central, que tem no manejo da taxa de juros um dos principais instrumentos para buscar o controle do nível de alta dos preços na economia. Ela é definida pelo Conselho Monetário Nacional, formado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e Campos Neto.

Para 2023, a meta de inflação é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. No último consolidado de mercado, a inflação projetada para o ano é de 5,96%

Meta de inflação cabe ao Banco Central

Lula disse que a meta é "um problema do Banco Central". E voltou a lembrar que, no seu governo anterior, as metas foram cumpridas. Ele provocou de forma indireta a direção do Banco Central, que prevê o descumprimento da atual meta de inflação:

— Apenas contei um caso que o presidente do BC disse isso. Nem contei quem. Já estabeleci meta neste país. Já cumprimos meta. Conseguimos fazer. Se você tem alguém que estabelece uma meta e não vai cumprir é como você estabelecer uma meta pra sua vida e não cumprir, então você está mentindo pra si mesmo.

Lula e Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social, minimizaram o peso da declaração, ao serem questionados, dizendo que o presidente estava comentando "hipoteticamente" uma fala de Roberto Campos Neto.

O presidente Lula afirmou ainda que o governo vai lançar um programa de crédito como indutor do crescimento como parte dos anúncios pelos cem dias de seu governo. Mas, para o país voltar a crescer, disse o presidente, é preciso ter juros mais baixos e oferta de crédito.

Diretores do BC serão indicados segundo interesses do governo

Lula também afirmou que mudará os diretores do Banco Central "de acordo com os interesses do governo" e afastou um possível desentendimento com Campos Neto:

— Não vou brigar porque ele tem dois anos de mandato, quem indicou ele foi o Senado. E daqui a dois anos vai-se discutir o novo presidente do Banco Central. E os novos diretores, nós vamos mudar de acordo com os interesses do governo — disse o presidente, ao destacar que trará "pessoas da mais alta responsabilidade":

— Nós não vamos brincar com a economia. Eu sou muito cauteloso e meticuloso para tratar da questão da economia.

Novas políticas de crédito

Lula também enfatizou que a taxa básica de juros no país, que hoje está em 13,75% ao ano, prejudica o funcionamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) como indutor do desenvolvimento econômico.

— Não é possível a economia funcionar. E isso qualquer empresário diz. Eu estive reunido com o pessoal do varejo, da indústria. É impossível imaginar, inclusive o BNDES, emprestar dinheiro para o desenvolvimento com uma taxa de juro real tão alta assim.

O presidente disse ainda que, após voltar de sua viagem à China, pretende discutir novas políticas de crédito para diferentes atores no país.

— Vamos começar uma outra fase do nosso governo que é fazer a economia voltar a crescer e voltar a oferecer crédito nesse país. Vamos ter que discutir com muita clareza quando eu voltar da China a política de crédito para pequeno e médio empreendedor, para as cooperativas, para o agronegócio, pequenos e médios empresários, pequeno e médio agricultor.

Lula enfatizou a importância da circulação do dinheiro para retomar o crescimento da economia. Segundo ele, não há inflação de demanda e “tem gente pegando juros a 30% no mercado para fazer investimento e não é possível o país continuar assim”:

— Não é possível a gente imaginar que se possa estabelecer crédito com taxa de juros de 16%, 17% ou 18%. (...) Só com a circulação de dinheiro é que vamos poder retomar o crescimento da economia. Não existe milagre, não existe outra possibilidade.

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