Economia
PUBLICIDADE

Por Guilherme Caetano, Raphaela Ribas e Manoel Ventura — São Paulo, Rio e Brasília

Em uma reviravolta após a polêmica em torno do debate sobre combate à sonegação de plataformas digitais, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ontem que a Shein vai produzir 85% de seus itens no Brasil, em um processo que levará quatro anos para ser implementado.

Na sequência, a varejista informou que pretende pretende investir R$ 750 milhões no país para aumentar a competitividade de fabricantes brasileiras que vão atuar como parceiras e, como antecipou a colunista do GLOBO Míriam Leitão, anunciou a criação de cem mil postos de trabalho nos próximos três anos.

A proposta é tornar o país um polo de produção têxtil. A decisão deve ter impacto na concorrência no setor de varejo. Há anos, as empresas locais se queixam de competição desleal e em condições desiguais com plataformas digitais asiáticas. O argumento é que elas se valem de subterfúgios para fugir do pagamento de impostos.

Plano de conformidade

Haddad comentou o assunto após encontro com representantes da plataforma chinesa em São Paulo, intermediado pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes. A varejista também deve aderir ao Plano de Conformidade da Receita Federal.

— É muito importante para nós que eles vejam o Brasil não só como mercado consumidor, mas como uma economia de produção — afirmou o ministro, que acrescentou: — Vão aderir (ao plano de conformidade) desde que seja uma regra que valha para todos. Essa é a única contrapartida. E nós não queremos nada diferente. Queremos condições iguais para todo mundo.

Indagado se o acordo anunciado se estende a outras plataformas digitais, como Shopee e AliExpress, o ministro afirmou que o caminho está aberto e que Shopee e AliExpress já indicaram ter interesse em aderir ao plano de conformidade. Na prática, as empresas terão de pagar o imposto brasileiro na saída da mercadoria do país de origem e o preço exibido no site deve conter a tributação.

Em carta assinada pelo CEO da Shein, Yuning Liu, a empresa afirma que vai firmar parceria comercial com cerca de dois mil fabricantes brasileiros. Além disso, diz que o montante destinado a investimentos será usado para que as fabricantes têxteis possam, por meio de tecnologia e treinamento nas fábricas modernizar seus modelos de produção.

“Isso permitirá que os produtores locais gerenciem melhor os pedidos, reduzam o desperdício na fonte e diminuam o excesso de estoque, resultando em maior agilidade para atender à demanda do mercado”, diz a carta.

A previsão é que os parceiros incluam de microempreendedores individuais (MEIs) a empresas de grande porte. Elas assumiriam a tarefa de fabricar blusas, calçados, vestidos com a etiqueta da marca chinesa. As peças seriam vendidas aqui e exportadas para a América Latina.

Investimento da Shein no Brasil vai mexer com a concorrência no varejo no Brasil  — Foto: Bloomberg
Investimento da Shein no Brasil vai mexer com a concorrência no varejo no Brasil — Foto: Bloomberg

A empresa anunciou que lançará um marketplace com vendedores terceirizados brasileiros. “O modelo de marketplace permite que os vendedores possam aproveitar ainda a vasta experiência de marketing, redes sociais logística e ecossistema de distribuição da Shein”, informou. De tudo que a empresa vende no Brasil, a China é a origem de 70% e o mercado local, de 30%.

Para Fernando Pimentel, diretor-superintente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), o investimento e a isonomia tributária são bem-vindos, mas ainda há cautela em relação à novidade.

— O Custo Brasil machuca muito. É um pais complexo, alguns bateram em retirada porque aqui é difícil para o empreendedor. Eles (Shein) vão enfrentar as mesmas regras que nós para produzir e gerar renda — afirmou.

O presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho, afirma que disputa faz parte do negócio, desde que as condições sejam as mesmas:

— Queremos igualdade de operação. Se a competição é leal, com as mesmas regras, não tem problema.

Ulysses Reis, professor de Varejo dos MBAs da FGV, avalia que a Shein terá de competir com as nacionais, mas alerta que pode acontecer o mesmo que se passou com a Forever 21, conhecida pelo preço baixo e pelo modelo fast-fashion, mas que acabou fechando as lojas.

— O preço das roupas da Shein vai subir, certamente. E o nível de competitividade vai ficar difícil. Mas a Shein tem diferenciações, como se adequar ao corpo da mulher brasileira, a capacidade de lançar coisas novas a cada duas semanas. São coleções pequenas.

A Shopee informou que 85% dos pedidos na plataforma são de vendedores brasileiros que fazem transações com compradores locais. A AliExpress não respondeu.

Mais recente Próxima CMN aprova medida para facilitar pagamentos no comércio entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai
Mais do Globo

Mikel Merino deu a volta na bandeira de escanteio para homenagear o genitor após selar a vitória espanhola na prorrogação

Pai de 'herói' da Espanha na Eurocopa marcou gol decisivo contra alemães no mesmo estádio há 32 anos; compare

O craque aproveitou para agradecer pelo apoio da torcida

Cristiano Ronaldo faz publicação nas redes sociais após eliminação de Portugal na Eurocopa: 'Merecíamos mais'

Com os criminosos foram apreendidos drogas, dinheiro, máquina de cartão de crédito e diversos celulares roubados

Polícia Civil prende em flagrante três homens por tráfico e desarticula ponto de venda de drogas no Centro

Sem citar caso das joias, ex-presidente citou ‘questões que atrapalham’ e criticou a imprensa

Após indiciamento por joias, Bolsonaro é aplaudido em evento conservador ao dizer estar pronto para ser sabatinado sobre qualquer assunto

Embora Masoud Pezeshkian tenha sido eleito com a defesa do diálogo com nações ocidentais, decisões sobre política externa ou nuclear permanecem sob aiatolá Ali Khamenei

Vitória de candidato moderado no Irã pode aliviar, mas tensões nucleares não vão acabar, dizem analistas

Notícia foi dada pelo neto, Fidel Antonio Castro Smirnov

Morre Mirta Díaz-Balart, primeira mulher de Fidel Castro e mãe de um de seus filhos

Mãe da filha caçula do compositor, Claudia Faissol afirma ter sido companheira dele entre 2006 e 2017

Herança de João Gilberto: jornalista pede à Justiça reconhecimento de união estável com o gênio da Bossa Nova

Esse tipo de câncer surge de células que se desenvolvem nos músculos, sendo muito comum na infância; congestão nasal e olhos lacrimejantes estão entre os sintomas

O que é rabdomiossarcoma? Tumor que foi confundido com rinite e levou à morte de menino de 13 anos

Texto deve ser votado no segundo semestre e também prevê a "portabilidade" para motoristas trocarem de plataformas levandos as suas avaliações

PL dos Aplicativos: isenção de IPI para veículos, jornada máxima de 13 horas e filtro anti-assédio; veja pontos