O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira que o trabalho pela aprovação do arcabouço fiscal foi "impressionante" e teceu elogios ao governo Lula pela articulação. Em entrevista à GloboNews, ele avalia que a expectativa de risco de descontrole da inflação foi eliminada, com a aprovação da regra.
— O arcabouço tem um grande poder de influenciar a expectativa de inflação futura, porque existia um medo de que a inflação pudesse, simplesmente, sair do controle. O arcabouço deixa muito claro que esse medo não existe mais. Você eliminou o que chamamos de risco de cauda — disse.
Campos Neto reforça que não há relação direta entra a aprovação da regra fiscal e a eventual redução de juros. O impacto é nas expectativas de agentes do mercado. Um exemplo prático, dado por ele, é redução das taxas de juros longas em quase 2% nas últimas semanas.
— Muito impressionante esse processo. Eu reconheço o grande trabalho feito pelo governo, pelo ministro Fernando Haddad. E como o Congresso se mobilizou e fez um votação rápida e expressiva. O arcabouço fiscal é um tema muito importante pra gente (BC) porque influencia nas expectativas — afirmou.
O chefe da autarquia, por outro lado, descarta confirmar uma redução na taxa básica de juros no futuro próximo, argumentando que é um voto do total de nove. O Comitê de Política Monetária (Copom) - que decide sobre juros - é formado por oito diretores e o presidente do BC.
Índice de preços
Roberto Campos Neto comentou também que o IPCA-15 de maio "veio melhor", com "surpresa grande" em itens como vestuário, assim como núcleos de inflação “um pouco melhores".
Nesta quinta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou aumento de 0,51% no índice considerado a prévia da inflação oficial do país - o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15). A projeção média do mercado era de uma subida de 0,64%. A alta acumulada é de 4,16% em um ano.
Novos diretores
O presidente do BC também comentou as duas indicações do presidente Lula à cúpula da autarquia monetária. O secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, foi anunciado para a diretoria de política monetária do Banco Central - que dá embasamento técnico ao Copom na decisão sobre juros. O servidor Ailton Aquino dos Santos foi indicado para a diretoria de Fiscalização do Banco Central. Os nomes ainda precisam passar pelo Senado.
— Tenho certeza que os diretores que entrarem vão assistir o debate e vão entender o quão técnico é. Eles têm capacidade técnica. E, o mais importante, é que essa é a regra do jogo. Vamos ter alguns Copom (reuniões do Comitê) que vão ter debates mais acirrados com pessoas de opiniões diferentes, mas é para isso que a autonomia existe, para você ter esse balanço, através do ciclo político — defende Campos Neto.