Economia
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Por João Sorima Neto — São Paulo

O preço dos carros seminovos e usados também deverá cair quando as regras para o chamado "carro popular", anunciadas na semana passada pelo governo, forem definidas. A estimativa é de especialistas no segmento consultados pelo GLOBO. O governo anunciou descontos de 1,5% a 10,96%, dependendo do veículo, com renúncia de impostos federais como IPI, PIS/COFINS. As regras devem ser anunciadas em até 15 dias, segundo o Ministério da Fazenda.

Paulo Cardamone, diretor executivo da consultoria Bright Consulting avalia que se o preço dos carros de até R$ 120 mil, que representam 47% do mercado, recuar na média entre 5% e 7%, o mesmo percentual de queda será visto nos seminovos e usados.

— A redução no valor do usado será a mesma ou até um pouco mais. É a regra clássica e o lucro das concessionárias será impactado — disse Cardamone .

Ele lembra que o preço dos usados já vinha em queda desde novembro do ano passado, com recuo em média de 5% no período, nos modelos entre sete e oito anos. Nos próximos dias, enquanto as regras não forem definidas com mais clareza, o mercado de usados e seminovos também tende a ficar paralisado, avalia o especialista.

Pelo menos 70 veículos zero quilômetro podem se enquadrar nas novas regras do benefício de isenção de IPI, PIS/Cofins, diz Cardamone.

Segundo o especialista, as vendas no mercado de novos também caíram à espera das novas regras. No caso de venda direta, por exemplo, as locadoras respondem por cerca de 50% a 52% das vendas de novos.

Idade média da frota deve ficar igual

Hoje, esse percentual está em 40%. Cardamone observa que atualmente a frota brasileira tem idade média de 13 anos e o pacote do governo não vai mudar esse quadro. Para ele, embora redução de impostos sempre seja uma boa notícia, o impacto na renovação da frota brasileira será insignificante.

— Se a medida durar seis meses, teremos entre 130 mil e 150 mil carros vendidos. Se durar um ano, será o dobro. Mas a frota de carros do país é de 40 milhões — observa.

Enilson Sales, presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), entidade representativa do setor de revendas de automóveis seminovos e usados, diz que, em tese, se um carro zero que se enquadra nas regras para desconto (ecologicamente correto, com índice alto de nacionalização de peças e preço baixo) ficar 10,96% mais barato, os valores dos seminovos da categoria tendem a recuar na mesma proporção. Mas ele lembra que os preços já vinham em queda de 5% no último quadrimestre.

— Acredito que nos primeiros três meses depois de anunciadas a medidas os preços tendem a se acomodar, com um recuo médio de 10% do valor em relação ao preço que eram vendidos no início do ano — diz ele.

Sales lembra que até antes do anúncio do pacote do 'carro popular' as vendas de seminovos e usados vinham em alta de 16% a 18% em relação ao mesmo período do ano passado. Na prática, são 57 mil a 58 mil veículos desse segmento por dia, enquanto as vendas dos carros zero quilômetro somam pouco mais de 8 mil unidades/dia.

A cada carro novo vendido, sete usados

De qualquer forma, Sales diz que as medidas são bem-vindas porque vão movimentar o setor. Mas lembra da máxima que carro popular é aquele que 'cabe no bolso do consumidor', mesmo sem incentivos do governo. E que os carros seminovos e usados é que atualmente representam essa categoria.

Historicamente, as vendas de carros usados são maiores do que a dos zero quilômetro, mas o cenário de aperto de crédito, juros altos, fim dos carros populares mais em conta e alta do preço dos novos ampliou a diferença nos últimos anos. No Brasil, para cada carro zero quilômetro, eram vendidos três usados. Mas, na última década, essa diferença foi crescendo e hoje para cada carro novo são vendidos quase sete seminovos e usados.

Em 2021, com a quebra da cadeia de fornecimento de componentes da indústria automotiva, havia filas de espera de até seis meses para carros novos e modelos usados chegaram a custar até mais caro que os zero quilômetros por causa da disponibilidade de compra. Hoje, essa inversão desapareceu.

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