Economia
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Por Vitor da Costa, Manoel Ventura,Victoria Abel, Renan Monteiro e Letycia Cardoso — Rio e Brasília

A maioria dos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), vê espaço para uma redução na taxa de juros em agosto. A sinalização consta na ata da última reunião, quando a Taxa Selic foi mantida em 13,75% ao ano.

O documento cita uma “avaliação predominante” entre os integrantes do colegiado: a de que a continuação da queda da inflação, com impacto nas expectativas do mercado, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um “processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou o teor da ata e disse que o país está no “caminho certo”. Analistas já projetam redução da taxa de 0,25 ponto percentual em agosto.

Ainda assim, o documento mostra que um grupo minoritário no colegiado ainda se mostra mais cauteloso, com dúvidas sobre o impacto do aperto monetário até agora.

O texto deixa um recado implícito para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), marcada para amanhã, na qual o governo se prepara para adotar meta contínua de inflação, com horizonte maior do que o do ano-calendário.

Na ata, o Copom afirma que decisões “que elevem a confiança nas metas de inflação permitiriam a flexibilização monetária”. Ou seja, o texto sinaliza que uma eventual alteração da meta, fixada em 3%, hipótese que já foi defendida por membros do governo, mas que perdeu força nos últimos meses, pode postergar o início do ciclo de cortes.

Crítica à comunicação

Ao comentar a ata, Haddad afirmou que é necessário considerar “o esforço que está sendo feito pelo governo”.

— O fato de que há sinalização clara de boa parte da diretoria (do BC), de que os efeitos das taxas de juros elevadas produziram os resultados e de que o risco fiscal está afastado: isso é o mais importante. O Brasil está em trajetória fiscal sustentável e, portanto, a harmonização da política fiscal com a monetária, acredito que possa acontecer em breve— disse.

Já a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que, se ainda fosse senadora, convidaria o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a dar explicações caso os juros não caiam em agosto.

— Eu, me despindo por dois minutos da minha função de ministra e voltando ao momento em que fui senadora, eu, num caso desse, convocaria o presidente do BC — disse. — Mas não acredito que vai ser necessário.

A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou novo convite para que Campos Neto compareça à Casa para prestar esclarecimentos. Foram apresentados quatro requerimentos dos senadores Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), Ciro Nogueira (PP-PI), Rogério Marinho (PL-RN) e Plínio Valério (PSDB-AM). Campos Neto já esteve na comissão em 25 de abril, quando defendeu a autonomia da instituição.

“O choque com a decisão do Copom é de fácil compreensão. O Brasil passa por um claro processo de redução da inflação”, disse Randolfe em requerimento.

Tebet, assim como outros integrantes do governo têm feito, questionou o fato de, mais uma vez, a ata adotar um tom mais suave do que o comunicado divulgado logo após as reuniões:

— A impressão que tenho, já não é de agora, é a terceira, é que o comunicado é feito por um órgão e a ata por outro. Porque vem um comunicado hard e a ata é soft. Não dá para entender. Por que estressar o Brasil, criar atritos desnecessários?

Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena e ex-diretor do Departamento de Mercado Aberto do BC, avalia que o texto teve forte sinalização de corte de 0,25 ponto percentual da Selic em agosto. Mas pondera que, como o principal debate do Copom foi sobre flexibilização monetária, isso deveria ter constado no comunicado:

— Nesse sentido, o Comitê gerou ruídos desnecessários. Uma possível razão é a divisão dentro do Comitê, com a ala minoritária provavelmente composta por diretores com maior peso na discussão.

Nova composição

Embora publicamente as declarações sejam de confiança na queda dos juros em agosto, integrantes da equipe econômica veem problemas no documento e avaliam que a entrada dos novos diretores do BC no próximo mês pode sacramentar o corte na Selic.

Gabriel Galípolo, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, vai para a Diretoria de Política Monetária. Ailton de Aquino Santos, servidor de carreira do BC, vai para a Diretoria de Fiscalização.

Com a nova composição, a expectativa do governo é superar a visão de diretores do BC que são apontados hoje como as vozes mais cautelosas.

Outro ponto que incomodou o governo no documento foi a menção a alguma incerteza “residual” sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso.

Chamou a atenção do governo o aumento da estimativa da taxa de juros neutra (que nem estimula nem desestimula a economia). O Copom elevou a estimativa de taxa de juros neutra de 4% para 4,5%. Para o governo, isso é um recado para os bancos públicos e aponta para a possibilidade de o país conviver com juros mais altos.

Instituições públicas podem direcionar o crédito e oferecer taxas subsidiadas. Elas não são afetadas pela Selic, de forma que o BC tem menos poder de fogo para controlar a inflação.

O mercado já refaz projeções. Após a ata, o J.P.Morgan antecipou de setembro para agosto sua projeção de início do ciclo de cortes de juros. O banco espera redução de 0,25 ponto na próxima reunião, seguida de cortes de 0,5 ponto até que a taxa chegue a 10% em meados de 2024.

O Itaú mudou de três para quatro cortes previstos na Selic este ano. O banco acreditava na primeira redução a partir de setembro, mas antecipou para agosto. E avalia que o juro chegaria ao fim do ano em 12,25%.

No mercado de ações, o dia foi de realização de lucros. A Bolsa fechou em baixa de 0,61%, aos 117.522 pontos. O dólar subiu 0,68%, a R$ 4,79.

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