A Arábia Saudita fará um corte extra de 1 milhão de barris por dia no fornecimento de petróleo em julho, levando sua produção ao nível mais baixo em vários anos após uma queda nos preços do petróleo.
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O movimento ousado do mais importante membro da coalizão Opep+, que reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, foi feito às custas de ceder terreno para outros aliados-chave: a Rússia, que não fez qualquer compromisso de corte adicional, e os Emirados Árabes Unidos, que garantiram uma cota de produção maior para 2024.
O ministro da Energia saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman, disse que “fará o que for necessário para trazer estabilidade ao mercado”. Como os preços do petróleo são afetados por uma perspectiva de crescimento econômico menor, especialmente na China, conseguir isso significa arcar com o ônus dos cortes. O restante do grupo de 23 nações não ofereceu nenhuma ação adicional para fortalecer o mercado atual, mas prometeu manter os cortes existentes até o fim de 2024.
A Arábia Saudita aceitou o corte extra depois que a rodada anterior de restrições - acordada há apenas dois meses - falhou em entregar uma alta sustentada de preços. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo anunciou uma redução surpresa na oferta de cerca de 1,6 milhão de barris por dia no início de abril, mas, desde então, dados econômicos fracos da China pesaram sobre os contratos futuros de petróleo, que caíram 11% em Nova York em maio.
O corte adicional do próximo mês pode ser estendido, mas os sauditas vão manter o mercado “em suspense”, disse o príncipe Abdulaziz.
O esforço saudita para aumentar o preço de sua exportação mais importante exige o sacrifício de mais participação de mercado. A demanda global por petróleo deve atingir um recorde este ano, mas os cortes adicionais anunciados no domingo levarão a produção saudita a cerca de 9 milhões de barris por dia em julho, a menor desde junho de 2021, quando a produção ainda estava se recuperando da crise da pandemia.
O principal vencedor das negociações da Opep+ foram os Emirados Árabes Unidos, que aumentam seu limite de produção para o ano que vem às custas de alguns membros africanos, que foram solicitados a abrir mão de parte de suas cotas não utilizadas. O ministro da Energia, Suhail Al Mazrouei, agradeceu aos colegas pelo aumento e expressou a lealdade do país ao cartel.
“Sempre apoiaremos a Opep e sempre estaremos juntos”, disse Al Mazrouei. Foi uma declaração importante de um país que em pelo menos uma ocasião anterior ameaçou deixar o grupo caso não conseguisse uma cota maior.
A Rússia, o segundo maior produtor da Opep+, não foi obrigada a fazer cortes adicionais este ano, mas, como outros membros, estendeu suas restrições existentes por 12 meses até o fim de 2024. Moscou tem competido cada vez mais com seus aliados da Opep no Oriente Médio em mercados asiáticos desde que a Europa proibiu a maioria das importações de seu petróleo. Também houve dúvidas se o país de fato implementou totalmente os cortes de produção prometidos nos últimos meses devido aos altos volumes de suas exportações.
O anúncio do acordo da Opep+ foi adiado por várias horas enquanto os ministros discutiam os detalhes. Angola esteve entre os países que resistiram ao acordo. Mesmo que a mudança não afetasse a produção atual do país, certamente afetaria a produção futura. Angola mantém ambições de reverter os recentes declínios em sua capacidade de produção de petróleo e não deseja uma cota restritiva de produção.
Embora os países não possam utilizar totalmente suas cotas de produção hoje, eles não estão dispostos a desistir delas, disseram os representantes. Vários deles estão buscando novos investimentos para aumentar a produção nos próximos anos e uma cota restritiva de produção da Opep+ pode prejudicar sua atratividade para investidores estrangeiros.