Economia
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Por João Sorima Neto e Renato Andrade — São Paulo

Mesmo contrariando a expectativa do mercado, que esperava uma sinalização mais clara de queda de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a XP avalia que o Banco Central deve iniciar o ciclo de baixa da Selic em agosto, já que o cenário econômico atual no Brasil é favorável – a atividade econômica é resiliente e há uma contínua desinflação. A queda de juros pode desencadear um movimento de valorização da Bolsa, que já está em 120 mil pontos, prevê a gestora.

A XP estima que a Selic cairá 0,25 ponto percentual em agosto, e mais 1,5 ponto até o fim de 2023, fechando o ano em 12%. O estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira, avalia que, se as taxas juros futuros mais longas recuarem para o patamar histórico de 4% (considerando juros reais), o principal indicador do mercado de ações pode fechar o ano em 150 mil pontos.

Qual a sua avaliação sobre o início do ciclo de queda de juros?

Nossa expectativa é de um corte de 0,25 pontos percentuais em agosto. As condições para cortar estão aparecendo e eles (o BC) vão preparar o terreno. Temos um mapa com os principais indicadores econômicos e, há seis meses, todos estavam no vermelho. Atualmente, só o desemprego está vermelho. Os demais como câmbio, inflação corrente, expectativa de inflação, situação dos reservatórios, tudo melhorou. Todos estão no azul.

E o impacto dessa queda no mercado de ações é imediato?

Tivemos uma discussão se a Bolsa já não teria precificado esse primeiro corte de juros. Olhamos para os dados históricos, desde o ano 2000. Foram seis ciclos de cortes de juros. Nesses seis ciclos, se uma pessoa tivesse comprado Ibovespa no mês em que o BC inicia o corte e ficado até o final do ciclo de baixa, ganharia 47% nesse período. E o CDI, no mesmo período deu, na média, 18%. Ou seja, a Bolsa subiu quase três vezes mais que o CDI rendeu. Fomos olhar quanto a Bolsa tinha subido antes do primeiro corte de juros, nesses ciclos, e a média foi de 17%, nos seis meses anteriores. Agora, a Bolsa já subiu 20%. Então, na nossa visão, o cenário mais otimista ainda nem começou.

Por que?

Ainda vemos as pessoas físicas completamente fora de Bolsa e sacando de fundos de ações e de multimercados.A migração que as pessoas fizeram para a renda fixa ainda não voltou. Os fundos multimercados estavam super pessimistas com o Brasil, com o arcabouço fiscal. Vários gestores avaliavam mal a nova regra. E eles não pegaram essa alta recente da Bolsa.

Os fundos de pensão estão com a menor alocação em renda variável historicamente. No momento em que os juros começarem a cair, os fundos de pensão tendem a voltar para Bolsa. E o investidor estrangeiro, que no ano passado, trouxe R$ 100 bilhões para o Brasil, está errático este ano. Entra e sai e, no ano, o saldo é positivo em apenas R$ 9 bilhões.

Ou seja, o fluxo dos estrangeiros ainda nem começou. E agora vemos um otimismo do estrangeiro em relação ao Brasil, em parte porque está barato, em parte porque estão otimistas com commodities. E também por falta de opção no mundo.

O Ibovespa já chegou a 120 mil pontos, mesmo antes da queda de juros. Qual é a expectativa da XP para o índice?

Nossa estimativa é de 130 mil pontos para o fim do ano como valor justo. Mas fizemos uma conta, que caso os juros longos continuem caindo, estamos falando do juro real, das NTN-Bs, que estavam em 6,5%, e caíram para 5,5%. Mas a média histórica é 4%. Se voltarmos para 4%, o Ibovespa pode atingir os 150 mil pontos ao fim deste ano.

Quais ações já estão refletindo essa melhora da economia e uma possível queda dos juros?

Os setores mais sensíveis à queda de juros, são os mais óbvios. Imobiliário, varejo, saúde e educação e transportes. As small caps também se beneficiam. Mas, quando a gente olha para Bolsa, setores como bancos, commodities e elétricas também estão muito baratos. A Vale caiu 25% este ano. Só a Vale foi detratrora em quase 4 mil pontos no Ibovespa pelo seu peso. O Ibovespa poderia estar em 124 mil pontos se a Vale estivesse no zero a zero. Ou seja, tem potencial de valorização para todos os gostos.

Até as estatais estão indo bem. O mercado entrou o ano preocupado com a retórica do governo. Os papéis estão desvalorizados no maior nível desde 2008. A gente vê que o governo tem dificuldade de mudança nas companhias, até por uma série de travas que foram colocadas, e agora está havendo uma descompressão no prêmio de risco.

Esse discurso do governo, de reversão da privatização da Eletrobras, críticas ao BC, não pode atrapalhar essa recuperação?

Vai depender muito mais das ações do governo do que do discurso. No governo anterior, foi a mesma coisa. Os discursos, às vezes, assustavam o mercado, mas as ações do governo não iam na mesma linha das palavras. O mercado avalia o que de fato está sendo feito. Institucionalmente, várias amarras foram colocadas desde 2015.

E qual é a expectativa da XP para o ritmo de queda de juros?

Esperamos que a Selic termine o ano em 12%. Para o ano que vem, avaliamos que encerre em 11%. O mercado já foi além disso e, pela curva de juros, a Selic está em 9,3% ao final de 2024. Se o Federal Reserve, o banco central americano, cortar juros isso também ajuda.

Quais são os riscos para essa trajetória de queda?

O risco depende da trajetória de inflação. Há risco de a inflação cair e voltar a subir. E o quadro fiscal ainda não está claro. Não se sabe se o governo vai conseguir os R$ 100 bilhões a R$ 150 bilhões para fechar as contas.

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