Economia
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Por Manoel Ventura — Brasília

Embora publicamente ministros do governo venham afirmando que a Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na manhã desta terça-feira, abre espaço para a queda dos juros em agosto, integrantes da equipe econômica ainda veem problemas no documento e acreditam que a entrada dos novos diretores do BC no próximo mês sacramente o corte na Taxa Selic.

Na Ata, o Copom explica a decisão, tomada na semana passada, de manter a taxa básica de juros a 13,75% ao ano. Para integrantes da Fazenda, a Ata seria tão dura quanto o comunicado (que é um texto menor, divulgado no dia da decisão sobre os juros), se não fosse por um parágrafo.

O item 19 da Ata expõe a divergência entre os integrantes do Comitê de Política Monetária sobre a queda dos juros. Mas diz que a avaliação predominante entre os membros do Copom foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, “pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão (corte dos juros) na próxima reunião”

O BC acrescentou, entretanto, que outro grupo, mais cauteloso, avalia ser “necessário observar maior reancoragem das expectativas longas e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo”.

Para integrantes da Fazenda, essa divergência mostra que há membros do Copom dispostos a reduzir os juros e a chegada de dois novos diretores garante a maioria para isso.

O governo indicou para a diretoria de Política Monetária Gabriel Galípolo, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Já para a Diretoria de Fiscalização, a indicação é de Ailton de Aquino Santos, servidor de carreira do Banco Central há 25 anos.

Os dois serão sabatinados pelo Senado no dia 4 de julho e devem ter seus nomes aprovados na mesma data. É tempo suficiente para que assumam seus cargos para a reunião dos dias 1º e 2 de agosto. É esperada uma queda de 0,25 ponto percentual na Selic.

Especialmente Galípolo terá um papel importante nesse processo porque ele, se aprovado, será o diretor da área que cuida diretamente da taxa de juros.

Com a nova composição, espera-se superar a visão de diretores do Banco Central que são apontados hoje com as vozes mais “cautelosas". Eles se manifestaram publicamente, nas últimas semanas, sobre os riscos de uma queda de juros, o que foi interpretado pelo governo como um recado indireto do presidente do BC, Roberto Campos Neto.

A Ata ainda incomodou porque, entre outros pontos, fala que ainda existe alguma incerteza “residual” sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser aprovado pelo Congresso Nacional e seus impactos sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco. Para o governo, o problema fiscal está "endereçado".

Também chamou a atenção dentro do governo o aumento da estimativa da taxa neutra de juros (que nem estimula nem desestimula a economia). O Copom optou por elevar a estimativa de taxa de juros real neutra de 4% para 4,5%. Para o governo, isso é um recado para bancos públicos e aponta para a possiblidade de o país conviver com juros mais altos. Instituições públicas podem direcionar o crédito e oferecer taxas subsidiadas. Essas taxas não são sensibilizadas pela Selic, de forma que o BC tem menos poder de fogo para controlar a inflação.

Outro ponto de crítica é a comunicação do BC, considerada difusa. Integrantes do governo avaliam que o Banco Central emite sinais divergentes na ata e no comunicado — sem contar as conversas privadas entre Campos Neto e Haddad.

Como mostrou o colunista do GLOBO Alvaro Gribel, não é a primeira vez este ano que o Banco Central divulga um comunicado duro, para voltar atrás na semana seguinte, por meio da Ata do Copom. Isso aconteceu também em fevereiro, quando o comunicado foi duro em relação ao arcabouço fiscal, mas depois reconheceu os esforços do governo, na semana seguinte, dizendo que o pacote poderia "atenuar" os estímulos sobre a demanda e ajudar no controle sobre a inflação.

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