O comunicado do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), ao manter a Selic em 13,75% ao ano sem sinalizar claramente o início do ciclo de queda da taxa de juros, frustrou o governo, especialmente o Ministério da Fazenda.
Era esperado que o Copom deixasse a porta aberta para iniciar a queda da Selic na próxima reunião, o que não aconteceu, na visão de integrantes da equipe econômica.
Internamente, o comunicado é avaliado como "horroroso" e "inacreditável" e até como um sinal de confronto pelo Banco Central. O que se espera a partir de agora são críticas mais contundentes, principalmente pelo presidente Lula, direcionado ao chefe do BC, Roberto Campos Neto, mas também críticas por parte do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Agora, já se fala em "declaração de guerra" por parte do BC dentro do governo.
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Um dos pontos que incomodaram foi o comunicado citar que ainda há incerteza sobre o formato final do arcabouço fiscal — fatura já considerada liquidada por Haddad e cujo relatório do Senado já era conhecido mesmo antes da reunião do Copom.
O último parágrafo do comunicado do Copom foi conservador. Ao citar a melhora na evolução da inflação, afirma que a "conjuntura atual segue demandando cautela e parcimônia", além de "paciência e serenidade", já que "o processo desinflacionário tende a ser mais lento e que as expectativas permanecem desancoradas".
A esperança agora é que a Ata do Copom, a ser divulgada na terça-feira, amenize o tom e deixe a porta aberta para a redução dos juros.
No Senado, que votava o projeto de arcabouço fiscal, aprovada por 57 votos a 17, o tom do comunicado não caiu bem, embora ninguém fale abertamente em rever a autonomia do Banco Central ou tentar tirar Campos Neto do cargo.
— O governo fez a parte do governo. O que o Banco Central deveria ver é que pudesse começar a reduzir os juros já a partir de hoje. Manteve 13,75%, não teve aumento, mas é importante que, futuramente, venha a se encontrar uma saída para que os juros baixos possam movimentar a economia e promover o desenvolvimento econômico e social do país, com a geração de emprego e de renda — disse o senador Otto Alencar (PSD-BA).
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