O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira que a melhora da perspectiva de rating do governo brasileiro, pela agência de classificação de risco S&P, significa "um passo importante" para o país e afirmou que não tem dúvidas de que o Brasil retomará o grau de investimento. O grau de investimento é um "selo" de que o país é um bom pagador de sua dívida, o que atrai mais recursos estrangeiros para o Brasil.
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— É um passo importante, depois de quatro anos, ter uma sinalização dessas. Gostaria de compartilhar com o Congresso e com o Judiciário as iniciativas que estão sendo tomadas na direção correta de arrumar as contas do Brasil — afirmou.
Segundo Haddad, porém, o resultado é ainda modesto, e falta ao Banco Central do país "se somar a esse esforço". Ele ressaltou as menções feitas pela agência à nova regra fiscal, às perspectivas de aprovação da reforma tributária, e às medidas de reoneração e corte de gastos tributários.
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— É importante que uma agência internacional observe esses trabalhos.
Mais cedo, embora tenha melhorado a perspectiva futura sobre o Brasil, a S&P também reafirmou o rating de crédito soberano, que reflete a capacidade do país de honrar seus compromissos financeiros, em "BB-" — nota que o país tem desde 2020.
Essa classificação ainda indica um "grau especulativo" — o que, segundo a agência, aponta que o Brasil está menos vulnerável ao risco no curto prazo, mas segue enfrentando incertezas em relação a condições financeiras e econômicas adversas.
O movimento reflete sinais de maior certeza sobre a estabilidade das políticas fiscal e monetária, que podem acabar beneficiando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
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— É importante que uma agência externa consiga observar esses avanços. O Brasil precisa voltar a crescer. Não há solução para o Brasil sem crescimento. É um resultado ainda modesto, mas importante.
Haddad afirmou que o Brasil voltará a ter grau de investimento, o "selo de bom pagador" de um país.
— O Brasil vai retomar o grau de investimento, não tenha dúvida disso. Não tem cabimento esse país não ter grau de investimento. Um país com mais de US$ 300 bilhões de reservas cambiais e voltou a acumular reservas; não deve US$ 1 no exterior; é credor internacional, tem inflação menor que a Europa e EUA. Não tem grau de investimento? É um processo (para chegar ao grau de investimento). Pode levar alguns anos, mas é inevitável se nós trabalharmos juntos — afirmou.
Em abril de 2008, o Brasil ganhou o grau de investimento pela primeira vez em sua História, conferido pela S&P (chamada então de Standard & Poor’s). A decisão foi seguida pelas outras duas grandes agências: Fitch, no mês seguinte, e Moody’s, em setembro de 2009.
Esse “selo” foi retirado entre 2015 e 2016 por essas agências, diante da deterioração do cenário fiscal brasileiro.
Galípolo: 'direção correta'
Mais cedo, o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse que a revisão mostra que a pasta está no caminho certo. A classificação da perspectiva para positiva para o país não ocorria desde 2019.
— É muito positivo, depois de tanto tempo, a gente voltar ter um ter uma perspectiva positiva como essa. É uma chancela importante de agência de rating que indica que o trabalho da Fazenda está indo numa direção correta — disse ao GLOBO.
Ele afirmou que esse reconhecimento já vinha acontecendo por parte do do mercado, numa melhoria de indicadores econômicos.
— A inflação está mais bem comportada, os juros longos cedendo. É uma chancela de que a agenda da Fazenda e do governo Lula, em parceira com as casas do Congresso, está no caminho correto.
Galípolo disse que foi importante essa mudança ter ocorrido agora, no curto prazo:
— A sensação é que estamos no caminho certo e se a gente conseguir continuar nesse caminho teremos um ambiente econômico melhor.