Economia
PUBLICIDADE

Por Juliana Causin — São Paulo

O ministério dos Transportes apresentou nesta quinta-feira (15), em São Paulo, uma proposta de mudança para o modelo de concessão de rodovias no país, que deve guiar os investimentos privados no setor pelos próximos quatro anos. Entre as medidas, a pasta comandada por Renan Filho vai tornar padrão a adoção da modalidade "free-flow" nas licitações, com cobrança automática dos pedágios, como antecipou O GLOBO.

Com o modelo, os usuários não precisam parar nos pedágios para pagar as tarifas, o que abre margem para a cobrança por trecho rodado, a partir do monitoramento de tags ou da placa. Segundo o ministério, a tecnologia deverá ser implementada, nos novos editais, obrigatoriamente até o quinto ano da concessão.

- É mais justo que as pessoas paguem pelo o que elas estão utilizando. Com isso, mais gente pagando, paga-se menos. Mas, para isso, estamos trabalhando de uma forma a dar garantias e reduzir riscos, justamente por isso o prazo de cinco anos - diz Viviane Esse, secretária Nacional de Transporte Rodoviário.

A modelagem, que ainda pode ser alterada, também prevê descontos para usuários frequentes e coloca o padrão de priorizar a menor tarifa nos editais. O ministério também incluiu a prorrogação de contratos de concessão por mais 30 anos.

O novo padrão de concessões rodoviárias já foi aplicado ao edital lançado para os Lotes 01 e 02 das Rodovias Integradas Paraná. Até o fim do ano, outros quatro editais previstos para o segundo semestre devem ter o modelo: da BR-040, que liga o Rio de Janeiro a Belo Horizonte, e da BR-495, no Rio; da BR-381, em Minas; e do trecho da BR-040 que liga Goiás e Minas. As concessões abrangem 2.427 quilômetros de rodovias e somam R$ 66 bilhões, entre novos investimentos e despesas operacionais.

Em entrevista ao GLOBO, Viviane Esse diz que, a partir da apresentação das propostas, a pasta irá "ouvir o mercado, a sociedade civil e os investidores" para aprimorar a modelagem, que deve ser finalizada e publicada nas próximas semanas.

— A gente vai colher as contribuições e analisar tecnicamente com a equipe do ministério, ANTT, Infra SA, BNDES e estruturadores de projetos para ver se realmente há condições para incorporar [as mudanças] e aí publicar a nova política.

As mudanças foram divulgadas ao mercado nesta quinta-feira (15), em evento na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo. Segundo a pasta, o objetivo é melhorar os projetos para incentivar a competição e uma tarifa mais justa.

Ao apresentar o novo plano de concessões, George Santoro, secretário-executivo do Ministério dos Transportes, disse que o governo pretende desembolsar R$ 22 bilhões em investimentos públicos no setor ainda em 2023. Para os quatro anos de governo Lula, o objetivo é chegar a R$ 70 bilhões. Entre recursos públicos e privados, a expectativa é que R$ 300 bilhões sejam injetados nas rodovias.

— Da mesma maneira que o setor privado coloca recursos [no projeto], o governo também pode colocar. É uma inovação importante e traz mais segurança ao investidor porque o governo vira sócio do projeto, inclusive com aporte de recursos - defende o secretário-executivo.

Para Eduardo Padilha, especialista em Infraestrutura e diretor da Planos Engenharia, as mudanças abrem caminho para a redução de tarifas aos usuários. Ele destaca, também, a inclusão dos modelos de Previsão de Parcerias Público-Privadas (PPP) na modelagem de concessões.

— A grande sinalização é a de que o governo tem intenção de continuar os investimentos públicos no setor.

Sergio Ejzenberg, especialista em trânsito e mestre em Transportes pela USP, avalia que o modelo "free-low" deve ter impacto na queda dos preços para os motoristas, já que barateia os custos de operação dos pedágios. Ele critica, no entanto, a alocação de recursos públicos para realização de obras nas rodovias, que está prevista no modelo.

— Você vai colocar bilhões de reais nas mãos das concessionárias. As contratações [para obras] não vão ser por concorrências públicas, mas por processo interno das empresas.

O ministério dos Transportes defende que o aporte de dinheiro público é necessário para viabilizar projetos de concessão pouco atrativos para as concessionárias. Para a secretária de Nacional de Transporte Rodoviário, a PPP é o desenho ideal para melhorar a qualidade de rodovias negligenciadas.

— A gente tem casos de concessões que estão inseridas em alguns locais que precisam de muito investimento, mas que não comportam o mesmo valor de tarifa que outros lugares. Para viabilizar esses projetos, vale a pena o governo colocar esse aporte no início ou ao longo do contrato.

Os novos editais também vão incentivar inovações tecnológicas nas rodovias, como uso de drones, implementação de 5G e pontos de recargas para veículos elétricos. A política de fomento, no entanto, ainda vai ser desenhada pelo ministério.

Mais recente Próxima Governo já recebeu pedidos para 25% dos recursos do programa de carro popular
Mais do Globo

Um dos envolvidos já havia sido preso e confessou ter entrado em uma briga com as vítimas

Chacina da sinuca: o que se sabe sobre briga após campeonato em Sergipe que terminou com seis mortos, um preso e dois foragidos

Num deles, Alexandre de Moraes é sugerido como sendo 'advogado do PCC'

Eleições SP: campanha digital de Nunes lança série de vídeos de ataques a Marçal

A decisão é da 4ª Câmara de Direito Privado do TJ do Rio

Vendedora ambulante será indenizada após ser abordada com violência no Metrô do Rio

Como francês Stephan Dunoyer de Segonzac deu pontapé inicial do esporte no país ao decolar dos pés do Cristo Redentor, em setembro de 1974

'Homem-pipa': O voo que inaugurou a asa-delta no Brasil, há 50 anos

Neurocirurgião Jacinto Lay sofreu queda em março do ano passado, quando pilotava sozinho uma aeronave de pequeno porte

Estado de saúde de médico que pilotava avião que caiu em Teresina é grave; piloto já tinha caído outra vez

BepiColombo, uma missão conjunta europeia e japonesa, concluiu seu último sobrevoo por Mercúrio, enviando uma prévia do planeta cheio de crateras que começará a orbitar em 2026

Novas imagens mostram a superfície de Mercúrio como nunca vista antes;  veja com detalhes nítidos

Supremo Tribunal Federal reservou três semanas para ouvir 85 testemunhas de defesa de cinco réus, sendo que algumas são as mesmas, como os delegados Giniton Lages e Daniel Rosa, que investigaram o caso

Caso Marielle: audiência da ação penal contra irmãos Brazão e Rivaldo Barbosa será retomada hoje pelo STF

A decisão do candidato da oposição de deixar a Venezuela por temer pela sua vida e pela da sua família ocorreu depois de ter sido processado pelo Ministério Público por cinco crimes relacionados com a sua função eleitoral

Saiba como foi a fuga de Edmundo González, candidato de oposição da Venezuela ameaçado por Nicolás Maduro

Cidade contabiliza 21 casos desde 2022; prefeitura destaca cuidados necessários

Mpox em Niterói: secretária de Saúde diz que doença está sob controle