Economia
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Por Cássia Almeida e Carolina Nalin — Rio

Um forte avanço da agropecuária, de 21,6% deu fôlego à atividade econômica no primeiro trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB), o primeiro do governo Lula, cresceu 1,9% no período, em relação ao quarto trimestre do ano passado. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, medido pelo IBGE, e foram divulgados nesta quinta-feira. O avanço da agropecuária respondeu por cerca de 80% da expansão do PIB.

— Foi uma contribuição muito significativa — afirmou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

O crescimento da agropecuária, graças a uma safra recorde, foi o maior em quase 30 anos, desde o quarto trimestre de 1996, quando avançou 23,2%. O desempenho surpreendeu especialistas. A XP, por exemplo, esperava alta de 12% do setor.

Há um mês, analistas fizeram uma onda de revisões das projeções para o PIB diante de uma atividade mais resiliente do que o esperado para o período. Para o primeiro trimestre, a expectativa de crescimento era de 1,2% a 1,4% ante os três últimos meses de 2022.

Com a força do agro no primeiro trimestre, economistas já começam a rever o desempenho da economia para o ano, com projeções de alta acima de 2%. Até agora, as previsões estavam em torno de avanço de 1,4%.

Após o resultado, o Ministério da Fazenda divulgou nota dizendo ver "viés positivo" para o ano de 2023, sem apresentar novas projeções. J á a ministra do Planejamento Simone Tebet afirmou que a economia deve crescer 2,3% no ano.

Principais destaques do PIB

  • Agropecuária: 21,6%
  • Indústria: -0,1%
  • Serviços: 0,6%
  • Consumo das famílias: 0,2%
  • Consumo do governo: 0,3%
  • Investimentos: -3,4%
  • Exportações: -0,4%
  • Importação: -7,1%

Safra de soja recorde

O crescimento do PIB no primeiro trimestre foi puxado, considerando o lado da oferta, pela alta da agropecuária. Já pelo lado da demanda, houve contribuição positiva do setor externo e da variação de estoques.

Problemas climáticos impactaram negativamente a agropecuária no ano passado e, neste ano, há previsão de safra recorde de soja, que representa aproximadamente 70% da lavoura no trimestre, de acordo com o IBGE.

— Grande parte dessa safra colhida de soja e milho ainda não foi exportada, e isso foi para a variação de estoque — explica a coordenadora.

Segundo Rebeca, o resultado neste período aponta um descolamento entre o PIB como um todo e o desempenho do setor de serviços. Se historicamente o setor de serviços é responsável por cerca de 70% do PIB, durante a pandemia o setor perdeu peso (caiu para 68%), ao passo em que a agropecuária ganhou participação nos últimos anos (passou de 6% em 2020 para 8% em 2022).

— Com a pandemia, o agro teve ganho de peso. Apesar de a agropecuária só ter um peso de 8% na economia, o crescimento muito alto neste trimestre impulsionou o resultado — diz Rebeca.

Indústria patina

O setor de serviços, que tem o maior peso no indicador, cresceu 0,6% no período. O resultado foi puxado, principalmente, pelas altas nos setores de Transportes e Atividades Financeiras, ambos com crescimento de 1,2%.

— A alta no setor dos Transportes foi influenciada tanto pelo transporte de carga quanto o de passageiros e nas Atividades Financeiras, foi puxada pela parte de seguros, pois o valor dos prêmios cresceu, mas o dos sinistros caiu, e o setor tem um ganho quando acontece isso — disse Rebeca.

Já a indústria apresentou estabilidade (-0,1%) no primeiro trimestre de 2023. O setor ainda não conseguiu superar o pico da produção em 2013. É o único que ainda está abaixo de 2013. Agropecuária e serviços estão no ponto mais alto.

Consumo das famílias cresce pouco

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias desacelerou e avançou modestos 0,2%. Analistas esperavam um crescimento mais robusto. O Santander, por exemplo, esperava crescimento de 1,5% no trimestre. O aperto no crédito inibiu o apetite por compras do brasileiro.

O consumo do governo (0,3%) também subiu, enquanto os investimentos recuaram 3,4%. Tanto investimento e consumo do governo ainda continuam abaixo dos níveis de 2013, o pico dos setores.

Consumo das famílias teve crescimento tímido de 0,2% no primeiro trimestre — Foto: Agência O Globo
Consumo das famílias teve crescimento tímido de 0,2% no primeiro trimestre — Foto: Agência O Globo

A taxa de investimento caiu pelo terceiro trimestre seguido. Ficou em 17,7% do PIB no início deste ano contra 18,4% do fim do 2022. Os investimentos ainda estão 15,1% abaixo do pico de produção que foi no segundo trimestre de 2013.

Perspectivas

A despeito de um primeiro trimestre mais robusto, economistas avaliam que a atividade segue em rota de desaceleração em meio às condições monetárias mais apertadas. A taxa de juros básica, a Selic, está em 13,75% ao ano, o que encarece o crédito às empresas e às famílias, inibindo investimentos.

Além das condições de crédito mais apertadas, a dissipação do impulso 'pós-Covid' e o abrandamento do mercado de trabalho devem levar a uma desaceleração da economia dos próximos meses.

Na quarta-feira, saíram os dados do mercado de trabalho até abril. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), nos quatro primeiros meses do ano, foram gerados 705,7 mil empregos formais. No mesmo período do ano passado, o saldo fora de 825,49 mil novas pessoas com com trabalho com carteira assinada.

Quando se observa todo o mercado de trabalho, inclusive as ocupações informais, houve queda no número de pessoas trabalhando, mas a procura por uma vaga diminuiu, o que fez a taxa de desemprego no trimestre encerrado em abril ficar estável frente a janeiro. Ficou em 8,5% da força de trabalho, contra 8,4% em janeiro. Foi a menor taxa de desemprego desde 2015.

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