Economia
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Por O Globo, Com Agências Internacionas — Pequim

A recuperação da economia chinesa perdeu fôlego no segundo trimestre, colocando em risco a previsão de crescimento para o ano e aumentando as preocupações com a perspectiva de desaceleração da economia mundial. Com resultado abaixo das projeções, o PIB chinês cresceu 6,3% no segundo trimestre em relação a igual período do ano passado, quando dezenas de cidades chinesas enfrentavam um lockdown.

Analistas ouvidos pela AFP esperavam alta de 7,1% nessa base de comparação. Segundo analistas, comparar o desempenho da economia com o do segundo trimestre do ano passado não oferece o melhor termômetro. No período de abril a junho de 2022, Xangai, a maior cidade do país, enfrentava um período de dois meses de lockdown. A cidade tem 25 milhões de habitantes.

Na comparação com o primeiro trimestre, o país cresceu 0,8% no segundo trimestre. Menos do que os 2,2% no período de janeiro a março, comparados ao último trimestre do ano passado. E economistas destacam que existem sinais de alerta. As exportações afundaram, principalmente em junho.

Os gastos mais fracos estão levando a China a flertar com uma deflação: os preços ao consumidor ficaram estáveis ​​em junho em comparação com o ano anterior e caíram ligeiramente em relação aos níveis de maio.

Desemprego entre jovens

O desemprego entre jovens subiu para 21,3%, enquanto a taxa geral é de 5,2%. Na avaliação de analistas, o quadro geral indica que a recuperação da economia após o país abandonar as políticas de Covid-zero será mais difícil do que o esperado.

Os preços de imóveis têm caído nas cidades menores, e esse declínio se espalhou para as grandes cidades em junho. Foi mais um golpe para os setores de desenvolvimento imobiliário e construção do país, que representam pelo menos um quarto da economia e já foram abalados por dezenas de inadimplências em títulos emitidos fora da China.

O desempenho do PIB intensifica os pedidos de mais estímulos para a economia chinesa, com as atenções se voltando para o encontro ainda neste mês do Politburo do Partido Comunista, que vai decidir políticas econômicas para o restante do ano.

Pequim já indicou, porém, que medidas de estímulo este ano serão provavelmente limitadas, refletindo a perspectiva de crescimento em torno de 5% este ano.

— O que esperávamos era uma recuperação liderada pelo consumo e pelos serviços. Se isso está falhando, não há mais motor para a recuperação - afirmou Louis Kuijs, economista-chefe para a Ásia-Pacífico da S&P Global Ratings. - Se os dados de consumo de junho forem representativos, isso não é um bom sinal.

Conservadorismo no consumo

O economista do Insper, Roberto Dumas, destaca que o resultado do PIB demonstra o maior conservadorismo do consumidor chinês em gastar a poupança acumulada durante o período de pandemia após o fim das restrições impostas contra a Covid-19.

As vendas no varejo da China aumentaram 3,1% em relação ao ano anterior em junho, uma queda acentuada em relação ao aumento de 12,7% em maio, informou o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês).

Ele ainda lembra que o país não tem mais o benefício do bônus demográfico e que o governo tem evitado dar estímulos mais fortes para o setor de construção civil, parte importante do PIB do país.

Nos últimos anos, gigantes do setor como a Evergrande sofreram com o aumento da alavancagem, ajudando a esfriar os estímulos para a área.

— A tendência de crescimento menor deve continuar a não ser que o governo chinês lance um pacote maior de estímulos. Mas se ele lançar um pacote grande de infraestrutura vai contra seu discurso, que é o de desalavancar a economia e crescer via consumo.

Estímulos mais fortes virão?

No mercado, há a expectativa por maiores sinais de estímulo do governo, mas os anúncios feitos até o momento, mais voltados para redução de juros, não foram suficientes para animar os investidores.

— O mercado espera mais estímulos por parte do governo chinês. Da virada do ano para cá, tivemos um ambiente de mais estímulos por parte do governo chinês, mas cada política adotada possui uma defasagem. Esperamos que aos poucos esses estímulos comecem a tracionar a economia chinesa, o que não vimos ainda — destaca o operador de renda variável da One Investimentos, Bernard Faust.

E o Brasil?

Dumas avalia que os preços de commodities devem continuar sendo pressionados pelo menor crescimento chinês, ainda que estejam se mantendo em patamar alto. No caso brasileiro, o maior impacto deve se dar para as exportações de empresas ligadas às commodities metálicas e energéticas.

— O preço de commodities vai sofrer. Bate mais no Brasil no aspecto de commodities metálicas e energéticas do que de agrícolas. Vamos continuar vendendo grãos.

Os ministros de Finanças e chefes de bancos centrais do Grupo dos 20 países se reunirão esta semana na Índia em um cenário de desaceleração do crescimento global. A economia mundial deve crescer 2,8% este ano, abaixo do ritmo pré-pandêmico, e indicadores recentes mostram fraqueza na manufatura, disse o Fundo Monetário Internacional na semana passada.

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