Economia
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Por Janaína Figueiredo — Buenos Aires

Com a Casa Rosada na reta final para as primárias de 13 de agosto, principal teste eleitoral antes das eleições presidenciais de 22 de outubro, o governo do presidente Alberto Fernández entrou em uma fase crítica de negociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

No comando das conversas está o ministro da Economia, Sergio Massa, que também é o candidato do governo nas eleições. Ele poderia viajar a Washington ainda esta semana, se seus enviados conseguirem chegar a um acordo com o FMI que dê oxigênio a sua candidatura e ao país — com reservas negativas e, portanto, sem conseguir cumprir o entendimento selado com o organismo em março de 2022.

Nos últimos dias, Massa transformou as negociações com o FMI em tema de campanha. Em um discurso que surpreendeu analistas e opositores, o ministro afirmou, fim de semana passado, que “queremos pagar ao Fundo e que o Fundo vá embora da Argentina”.

O ministro disse ainda que membros da oposição entraram em contato com o organismo para pedir que não ajude a Argentina e que eles querem que o país “exploda”:

— Não pensam nas pessoas que, se isso acontecer, ficarão debaixo dos escombros.

Em plena campanha eleitoral, a situação econômica e financeira da Argentina é delicada. O Brasil, por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem pedido ao FMI que facilite um acordo com o governo Fernández. Um dos que fez o pedido explicitamente foi o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante o encontro do G7, no Japão. Lula também aproveitou encontros internacionais para pedir compreensão pela situação da Argentina.

Peronismo unido

O que ainda não aconteceu foi a troca do representante brasileiro na diretoria do Fundo, Afonso Bevilaqua, criticado por Fernández. No encontro entre os presidentes do Brasil e da Argentina, em maio, em Brasília, Fernández queixou-se da falta de apoio de Bevilaqua no organismo, e, segundo O GLOBO apurou com fontes, Lula defendeu a troca do representante brasileiro, cujo mandato vai até o fim de 2024. Haddad, no entanto, ainda não avançou.

O atual acordo com o FMI foi fechado na gestão de Mauricio Macri (2015-2019), no valor de US$ 57 bilhões. Fernández, ao assumir, negociou novos termos e suspendeu os desembolsos, até o início do ano passado. Segundo analistas locais, o acordo teve a clara intenção política de impulsionar a reeleição de Macri, o que não ocorreu.

O Fundo já havia desembolsado US$ 44 bilhões antes das eleições. Isso explicaria porque Fernández suspendeu os pagamentos e exigiu renegociar o acordo, o que o FMI aceitou.

Nos últimos meses, no entanto, o país descumpriu várias das metas acordadas com o Fundo, e o desembolso de junho, de cerca de US$ 4 bilhões, foi adiado. O objetivo de Massa é conseguir um waiver (perdão) do organismo, e um desembolso superior a US$ 4 bilhões, que permita ao governo pagar os vencimentos com o FMI e resolver o problema das reservas cambiais.

— Chegar a um acordo com o Fundo é crucial. Com um entendimento, continuaremos com uma economia frágil, mas sem ele, o dólar, que semana passada chegou ao patamar de 520 pesos, continuará subindo e empurrando para cima a inflação — explica Andrés Borenstein, economista chefe da Econviews.

Segundo ele, hoje a Argentina tem reservas negativas de US$ 7,3 bilhões:

— O acordo selado em 2022 foi o que era possível. O grande temor era um calote ao Fundo.

Se no ano passado o kirchnerismo boicotou as negociações com o Fundo, desta vez o peronismo está unido, porque as eleições estão em jogo. No último fim de semana, Massa conseguiu uma foto com a vice-presidente Cristina Kirchner, nas comemorações pelos 15 anos de estatização da Aerolíneas Argentinas.

O gesto de Cristina foi interpretado como um respaldo ao ministro e candidato em sua difícil conversa com o Fundo. Numa devolução do gesto político, Massa endureceu o tom quando se refere ao organismo.

‘Acordo é fundamental’

Massa, no entanto, não tem números positivos para apresentar. As previsões indicam que a Argentina pode fechar 2023 com queda de até 3% do PIB e inflação acima de 120%. O dólar paralelo, que nos últimos dias se manteve em torno de 520 pesos, poderia sofrer novas disparadas, sobretudo após as primárias.

— O cenário não é promissor para Massa, que argumenta que a pior seca em cem anos atrapalhou os planos do governo e está pedindo a antecipação de desembolsos — explica Ignácio Labaqui, professor da Universidade Católica Argentina.

Segundo ele, o governo corre contra o tempo para evitar fortes turbulências antes das eleições:

— Os números do governo nas pesquisas são muito ruins, inclusive em territórios classicamente peronistas da província de Buenos Aires. O acordo com o FMI é fundamental para a candidatura de Massa.

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