Economia
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Por Eliane Oliveira — Brasília

A forte seca na Argentina, que quebrou em mais da metade a safra de grãos e causou estrago na já combalida economia daquele país, teve um impacto inusitado: a soja passou a ser o primeiro produto exportado pelo Brasil para os vizinhos, deixando para trás a lista tradicional, com itens como veículos e autopeças. Com isso, os argentinos foram obrigados a queimar ainda mais as suas reservas cambiais, que passaram a ficar negativas.

De janeiro a junho deste ano, as compras de soja brasileira pela Argentina aumentaram 1.160% em relação ao primeiro semestre do ano passado. O grão passou a ter uma participação inédita de 16% do total vendido aos vizinhos, enquanto autopeças ficou com 10% e carros 9,1%.

Segundo Carlos Achetoni, presidente da Federação Agrária Argentina, a corrida à soja brasileira teve como foco atender à indústria de moagem para a produção de farelo e outros derivados. Para ele, o mais importante é garantir a entrega aos clientes internacionais.

— A soja vai para a indústria de transformação de produtos que têm muito boa inserção internacional — diz Achetoni.

A Argentina é a maior exportadora global de soja processada, terceira maior exportadora de milho e um importante fornecedor mundial de carne bovina e trigo.

Décio Teixeira, presidente da Associação dos Exportadores de Soja do Rio Grande do Sul, destaca que o setor de moagem argentino é bastante competitivo e os produtos têm maior valor agregado, o que garante uma rentabilidade maior do que com a soja.

— Os argentinos querem tocar suas indústrias. A safra deles quebrou de 50 milhões para 26 milhões de toneladas. Eles compram soja do Brasil, da Bolívia e do Paraguai — afirma Teixeira, enfatizando que os argentinos dão prioridade à indústria de transformação.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, como acontece com todos os países produtores de soja, a safra é vendida antes mesmo de ser plantada e colhida. A entrega do produto é no futuro.

— Com a quebra de safra, muita gente vendeu o produto e não tem para entregar. Há contratos internacionais que precisam ser honrados — diz Castro.

Exportações para Argentina aumentam 26,3%

No primeiro semestre deste ano, o Brasil vendeu US$ 1,5 bilhão de soja para a Argentina. As vendas de todos os produtos brasileiros para o país vizinho aumentaram 26,3%, totalizando US$ 9,452 bilhões. As exportações de autopeças tiveram uma alta de 31,3%, de automóveis 15,7% e tubos de ferro e aço, mais de 1.000%. Houve queda em papel cartão (13%) e óleos combustíveis (15%).

Na avaliação do presidente da AEB, faltarão dólares na Argentina para comprar outros produtos.

— Eles estão obrigados a importar soja para cumprir compromissos internacionais de vendas futuras. Sem dúvida que vão faltar dólares para comprar outros produtos. Já deve estar faltando — afirma José Augusto de Castro.

Até o fim do mês passado, as reservas cambiais argentinas estavam negativas em quase US$ 3 bilhões. Como a Argentina precisava pagar ao Fundo Monetário Internacional (FMI) uma parcela de US$ 2,7 bilhões, as reservas do país estão no vermelho em quase US$ 6 bilhões.

Negociação com FMI

Preocupado com a falta de divisas, o governo pede ao FMI que antecipe os três desembolsos previstos até o fim do ano para uma única parcela de US$ 10,6 bilhões. Isso impediria o que os argentinos chamam de "sangria de reservas".

Gustavo Cupertino, coordenador-geral de estatística e análise comercial da Secretária de Comércio de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, destaca que a Argentina colheu sua menor safra dos últimos 20 anos, após uma das piores secas em décadas. O país enfrenta, pelo terceiro ano consecutivo, o fenômeno La Niña.

— Como o país tem uma boa capacidade de esmagamento de soja em grãos, e é um dos maiores exportadores de óleo de soja e farelo, houve necessidade de importação do grão brasileiro para suprir as necessidades internas causadas pela seca — afirma Cupertino.

Fenômeno que, ao contrário do El Niño, causa seca no Sul e chuvas no Nordeste, o La Niña também afeta o Brasil. O Rio Grande do Sul, por exemplo, é atingido pela terceira vez por uma seca interminável. Os produtores da região pedem ajuda financeira ao governo brasileiro.

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