Economia
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Por Juliana Causin — São Paulo

Já faz algum tempo que as maiores empresas de tecnologia do mundo aplicam a inteligência artificial em seus produtos e serviços - seja para rodar o algoritmo que recomenda conteúdo, seja para categorizar resultados de busca. Mas o lançamento do ChatGPT, no ano passado, acelerou a corrida de big techs pelo predomínio em um mercado mais específico: o das IAs generativas, que criam conteúdo e interagem com humanos.

A Microsoft investiu US$ 10 bilhões na OpenAI e passou usar o sistema por trás do ChatGPT em várias de suas soluções - do Microsoft 365 ao Bing. O Google, que já trabalhava em pesquisas na área há algum tempo, antecipou o lançamento público de seu chatbot de IA, o Bard.

A Meta, dona do Instagram, Facebook e WhatsApp, estuda formas de incorporar os robôs conversadores em suas redes sociais. Há pouco tempo, a companhia de Mark Zuckerberg decidiu abrir para empresas o seu modelo de linguagem de IA chamado Llama 2.

A virada recente do mercado de inteligência artificial veio com o avanço dos LLMs (Modelos de Linguagem Avançados), explica André Neves, professor associado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e pesquisador associado da TDS Company. Trata-se de modelos que permitem que os robôs "conversem" com os humanos e criem conteúdos.

— Estamos falando de grandes calculadoras de texto capazes de computar texto — explica Neves. —Antes, essas empresas usavam outras versões de IA, que elas usam intensamente há mais de 15 anos. O que mudou completamente o jogo foram os LLMs, que aproximaram a inteligência artificial de usos comuns.

Carlos Rafael Gimenes das Neves, professor de sistemas de informação da ESPM, avalia que, antes, a inteligência artificial era usada pelas empresas principalmente "dentro de casa", sem chegar diretamente a uma interação com o usuário final. A virada para IA, para ele, foi o lançamento do ChatGPT.

O mercado de IA, além dos grandes players, envolve milhares de startups e empresas estão criando seus próprios modelos. Junto com o GLOBO, os pesquisadores elencaram os principais sistemas em desenvolvimento pelas big techs, que estão liderando os avanços e lançamentos em inteligência artificial generativa para usuários e empresas.

OpenAI e o ChatGPT

Fundada em 2015 por um grupo de empresários, a OpenAI nasceu como uma fundação para pesquisas e desenvolvimento da inteligência artificial. O desenho original de uma organização sem fins lucrativos, no entanto, durou pouco tempo. Em 2019, passou por uma reestruturação e se tornou uma empresa.

Foi neste mesmo ano que ela recebeu o primeiro investimento bilionário da Microsoft, com um cheque de US$ 1 bilhão. Três anos depois, a OpenAI é avaliada em US$ 29 bilhões.

Sam Altman, CEO da OpenAI, criadora do ChatGPT, DALL-E e Whisper — Foto: Bloomberg
Sam Altman, CEO da OpenAI, criadora do ChatGPT, DALL-E e Whisper — Foto: Bloomberg

Parte do crescimento veio do lançamento do ChatGPT, que se tornou o aplicativo de crescimento mais rápido da história. Em março, o robô ganhou uma nova versão, mais poderosa: o GPT-4, com funções como a redação de textos acadêmicos com indicação de referência bibliográfica e criação de personalidades próprias dentro do GPT-4 para geração de textos, lembra André Neves.

Além do chabots, a empresa e cofundada por Sam Altman também é criadora do Whisper, um sistema de reconhecimento automático de fala, e do DALL-E, uma IA generativa que cria imagens a partir de comandos. O lucro da companhia vem das assinaturas de serviços pagos e também do licenciamento de seus modelos de linguagem para empresas.

Microsoft e o Copilot

Depois do primeiro investimento na OpenAI, em 2019, a Microsoft desembolsou outros US$ 10 bilhões na criadora do ChatGPT. Desde então, a gigante de tecnologia vem implementando a tecnologia por trás do chatbot em vários de seus serviços, incluindo o Bing. Desde março, o buscador concorrente do Google está integrado ao GPT-4.

Satya Nadella, CEO da Microsoft — Foto: Bloomberg
Satya Nadella, CEO da Microsoft — Foto: Bloomberg

Mas outros produtos da Microsoft também foram turbinados pela inteligência artificial generativa este ano, incluindo o Microsoft 365, pacote que inclui Word, Excel, Outlook e PowerPoint. As novidades foram chamadas de Copilot ("copiloto", em inglês) e envolvem geração de imagens por IA no PowerPoint, sugestão de texto para e-mails no Outlook e organizações de ideias em reuniões do Teams.

A partir da parceria com a OpenAI, a big tech também lançou o Azure OpenAI Service, uma plataforma de serviços de nuvem para que empresas possam criar as suas próprias soluções de IA com base na estrutura do GPT-4. Os produtos oferecidos com o Azure vão de assistentes virtuais a modelos de IA para pesquisa e diagnóstico médico. Carlos Rafael lembra que outra aplicação útil para os negócios vem sendo os sistemas de reconhecimento de imagens, em linhas de produção.

Alphabet (Google) e o Bard

Apenas três meses depois que o ChatGPT chegou ao mundo, o Google apresentou o Bard, chatbot de inteligência artificial que também responde a perguntas e cria conteúdo. O projeto, no entanto, é fruto de desenvolvimentos anteriores da big tech com a inteligência artificial, em especial com o LaMDA ("Modelo de Linguagem para Aplicativos de Diálogo", na sigla em inglês).

Bard foi apresentado no início deste ano pelo Google  — Foto: Unsplash
Bard foi apresentado no início deste ano pelo Google — Foto: Unsplash

Projetado em 2017, o LaMDA é um grande modelo de linguagem (LLM) treinado com uma base extensa de dados. A IA, que é capaz de gerar textos e se comunicar de forma a reproduzir interações humanas, é como se fosse o "cérebro" por trás do Bard - assim como é o GPT para o ChatGPT. Assim como a Microsoft, o Google também oferece soluções de inteligência artificial na nuvem, voltadas para aplicações nos negócios.

A empresa liderada por Sundar Pinchai também tem trabalhado em novas integrações de IA generativa a ferramentas como Gmail, Google Docs, Buscas, Maps e Google Workspace, que inclui o Meet, de videochamadas, e o Sheets, de tabelas. A tendência é que a empresa "adote cada vez mais a IA para todas aplicações possíveis na nuvem", indica Neves.

Meta e o LlaMA

Assim como o Google e a OpenAI, a Meta também criou o seu próprio modelo de linguagem baseado em inteligência artificial(LLM). O LlaMA ("Modelo de Linguagem Grande Meta AI", na sigla em inglês), foi apresentado em fevereiro deste ano e projetado também para criação de conteúdo e interação com humanos.

Mark Zuckerberg, CEO da Meta, já sinalizou que pretende embutir a IA generativa nas redes sociais  — Foto: Bloomberg
Mark Zuckerberg, CEO da Meta, já sinalizou que pretende embutir a IA generativa nas redes sociais — Foto: Bloomberg

Sua primeira versão foi disponibilizada para uso por pesquisadores e organizações da sociedade civil. Neste mês, a gigante das redes sociais abriu a versão mais atualizada do modelo, o LlaMA 2, para ser usado para empresas criarem os seus próprios sistemas de IA.

A partir do modelo, Mark Zuckerberg pretende implementar os chatbots de inteligência artificial generativa nas redes sociais e também para ajudar negócios na interação com clientes via chat. A ideia é ter uma "espécie de ChatGPT em todas as redes", destaca Carlos Rafael, da ESPM.

Outro projeto inclui a implantação de ferramentas de geração de imagem para o Instagram.

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