Economia
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Por Carolina Nalin — Rio

O mercado de trabalho brasileiro colhe resultados positivos no segundo trimestre do ano, em meio a uma economia que ainda dá sinais de aquecimento. A taxa de desemprego recuou de 8,8% no primeiro trimestre para 8% no segundo e cravou a menor taxa para este período em nove anos. A ocupação cresceu 1,1% no período e o desalento (quando a pessoa desiste de procurar) caiu 5,1%.

  • Este é o menor resultado para o período desde 2014, quando ficou em 6,9%.
  • O resultado veio melhor do que o esperado. A mediana das projeções dos analistas apontava para uma taxa em 8,2% no período.
  • No trimestre encerrado em março de 2023, que serve de base de comparação, o desemprego ficou em 8,8%.

O problema é que as vagas ofertadas ainda são de menor qualidade e pagam pouco. O emprego sem carteira foi o que puxou a ocupação no período, e o rendimento dos trabalhadores ficou estagnado na comparação com o trimestre anterior. Além disso, um contingente de trabalhadores ainda não retornou ao mercado de trabalho depois da pandemia - e, por isso, a taxa de desemprego ainda se sustenta num patamar inferior por conta da baixa participação do brasileiro no mercado.

É o que apontam os dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE, referentes a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

Taxa de desemprego recua para 8% no segundo trimestre de 2023 — Foto: Editoria de arte
Taxa de desemprego recua para 8% no segundo trimestre de 2023 — Foto: Editoria de arte

Atividade perde fôlego e deixará de auxiliar queda do desemprego

A leitura dos analistas é de que o fôlego da atividade, que vem ajudando o emprego, continuará se dissipando nos próximos meses. E gradualmente a taxa de participação (que inclui pessoas aptas a trabalhar, mas que não estão procurando emprego) vai voltar a subir, o que pode pressionar a taxa de desemprego, que deve encerrar o ano entre 8,3% e 8,5%.

Segundo o IBGE, 61,6% dos brasileiros aptos a trabalhar estavam empregados ou buscando emprego em junho. Antes da pandemia, esse percentual superava 63% da população, em média.

Para Christian Meduna, economista do BV, o resultado positivo do mercado de trabalho no segundo trimestre foi fruto de uma combinação entre o bom desempenho do setor de serviços, o resultado da agropecuária que alavancou demais setores, e as políticas elaboradas pelo governo, como o reajuste do salário mínimo e do servidor. Mas o impacto dessas medidas se esvai com o tempo:

— Todos esses efeitos combinados produziram um resultado econômico melhor do que o esperado no primeiro semestre, mas eles vão se exaurindo.

Lucas Assis, economista da Tendências, acrescenta que a desaceleração da atividade é um desafio à queda do desemprego adiante, enquanto a baixa taxa de participação é o que tem ajudado a segurar o avanço da taxa.

Assis lembra que há uma parcela da população, especialmente as pessoas de menor renda e escolaridade, que deixou a força de trabalho e ainda não voltou. São pessoas que deixaram de procurar emprego para se dedicar a outras atividades não remuneradas, como um estudo ou os afazeres domésticos da casa, por exemplo.

— Outro fator é a forte saída da força de trabalho das pessoas com mais de 60 anos por conta da emissão de aposentadorias por idade por tempo de contribuição, ao longo da corrida eleitoral no último ano. Além disso, um possível desincentivo são os programas de transferência de renda. Isso também gera uma menor necessidade de pessoas procurarem trabalho.

Rendimento fica estável

Na avaliação de Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, a própria qualidade dos empregos gerados reflete o momento macroeconômico de desaceleração da atividade.

— Tem ainda uma série de desafios a serem superados, como os juros altos, atividade mais fraca e famílias ainda endividadas. São fatores que ainda pressionam a taxa de desemprego. (...) Ao mesmo tempo, a taxa de participação vai subir de forma muito gradual. Ela pode fazer com que o desemprego suba, mas ainda está longe de recuperar o nível pré-pandemia, em meio aos benefícios sociais do governo.

Segundo o IBGE, a expansão do emprego veio principalmente das atividades relacionadas à administração pública, saúde e educação, mas também houve avanço vinculado ao setor de serviços, como os de embelezamento e serviços recreativos. São atividades que concentram mão de obra temporária, e é comum que haja uma dispensa no início do ano e uma posterior retomada no trimestre seguinte.

A renda do trabalhador, já descontada a inflação, ficou estável frente ao trimestre anterior (R$ 2.921), numa leitura de que os empregos gerados pagam menos e não são suficientes para elevar a média do rendimento.

Houve o ingresso de 303 mil pessoas no emprego sem carteira assinada no trimestre, totalizando 13,1 milhões. Já o número de trabalhadores domésticos cresceu 2,6%, totalizando 5,8 milhões de trabalhadores, no confronto com o trimestre anterior. O contingente de empregados no setor público (com ou sem carteira assinada), por sua vez, cresceu 3,8%, com acréscimo de 450 mil pessoas, no período.

O emprego com carteira assinada ficou estável no período, em 36,8 milhões de pessoas, ao passo que a categoria de trabalhadores por conta própria permaneceu com contingente de 25,2 milhões de pessoas.

Segundo especialistas, é possível que o emprego com carteira não reaja por conta de uma visão mais cautelosa por parte do empresariado, no sentido de que é preciso um nível de confiança maior na economia brasileira para que haja uma maior oferta de empregos formais.

Enquanto isso, o mercado de trabalho reduz aspectos que apontam fragilidades. O total de pessoas subutilizadas - que inclui aqueles que trabalhavam menos horas do que gostariam e as pessoas que não buscaram emprego, mas estavam disponíveis para trabalhar - recuou 5,7% no trimestre, ficando em 20,4 milhões.

O número de pessoas desalentadas - que reúne os que gostariam de trabalhar, mas não procuraram emprego por acharem que não encontrariam - também diminuiu: houve queda de 5,1% no trimestre, totalizando 3,7 milhões.

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