Foi o trigo do ano passado que ajudou o produtor rural Roberto Balsan, de Santa Maria (RS), a fechar parte das contas em mais uma safra de pouca chuva. No verão, ele cultiva principalmente milho e soja, culturas em que, por causa da estiagem, sofreu neste ano perdas de até 70%.
— Tivemos uma quebra muito grande. Conseguimos pagar os arrendamentos, mas as outras contas estão difíceis de fechar — conta.
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O arrendamento de áreas representa quase 80% dos 1.500 hectares em que Balsan produz.
Nos últimos anos, contrabalançar os prejuízos causados pela estiagem tornou-se rotina para os produtores rurais do Rio Grande do Sul, o estado que mais sofreu com o La Niña nas últimas três safras. Esse fenômeno natural, que se caracteriza pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico, em geral diminui o volume de chuvas no Centro-Sul do Brasil.
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Ele é recorrente, mas, neste século, ainda não havia agido por três anos seguidos, como foi o caso na ocorrência mais recente, que perdurou até o último mês de março.
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Com os prejuízos na safra de verão, os agricultores gaúchos fazem das culturas de inverno não só uma fonte adicional de receita, mas, também, um instrumento para reduzir os prejuízos causados pelo clima adverso. Além do trigo, Balsan planta, por exemplo, aveia, azevém — uma gramínea muitas vezes usada para a alimentação animal — e outras culturas de pastagem.
— Só coloco pecuária em área que não é boa para a agricultura — diz o produtor rural.
Ele também começou a plantar canola e afirma estar aumentando o uso de insumos biológicos para tentar reduzir os gastos com a aplicação de agrotóxicos.
Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater/RS), a quebra nas lavouras de milho do estado na safra 2022/23 será de 40%. Na soja, a quebra será de mais de 30%.