Economia
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Por Carolina Nalin e Geralda Doca, O Globo — Rio e Brasília

Conquistar uma vaga no mercado de trabalho não está fácil para ninguém, mas, para quem tem mais de 50 anos, a tarefa é ainda mais difícil. Especialistas citam que, diante do avanço das novas tecnologias, o mundo do trabalho exige cada vez mais diferentes habilidades. Mas é possível correr atrás do que o mercado pede para alcançar uma oportunidade.

Os dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE na semana passada mostraram que o crescimento da população brasileira está desacelerando. Com isso, a força de trabalho vai envelhecer mais rápido, apontam especialistas, o que deve obrigar as empresas a olhar com mais atenção para os mais velhos.

  • Segundo um estudo do economista Rogério Nagamine,, força de trabalho no ano passado tinha idade média de 38,8 anos, uma alta de pouco mais de dois anos em relação a 2012, quando era 36,9 anos.
  • Essa média atingirá 42,1 anos em 2060, quando os brasileiros com mais de 40 anos serão mais da metade (54,4%) do total de trabalhadores no país. Hoje são pouco mais de 45%.
  • Em 2060, os maiores de 50 serão quase um terço da força de trabalho: 32%.
  • A força de trabalho deve encolher 6,3% até 2060. Serão quase 7 milhões trabalhadores a menos em relação a contingente atual de 107,5 milhões.

o consultor Mauro Wainstock — Foto: Alexandre Cassiano
o consultor Mauro Wainstock — Foto: Alexandre Cassiano

As empresas precisarão dos maduros, mas é importante que eles se preparem para vencer o etarismo: as companhias ainda classificam os mais velhos como menos produtivos, defasados ou resistentes à tecnologia, o que é um equívoco.

Em tempos de inteligência artificial e discussões sobre substituição da mão de obra qualificada, Mauro Wainstock, sócio-fundador do HUB 40+, consultoria empresarial focada nesse público, avalia que essa mão de obra mais velha precisa se atualizar permanentemente e usar a longa experiência a seu favor.

— A capacidade de reinvenção da carreira e as soft skills (habilidades sociais) não serão facilmente replicáveis pela inteligência artificial, o que é mais um motivo para a inserção do profissional mais velho, que vivenciou um mundo sem internet, sem tecnologias móveis e teve que enfrentar desafios e transições ao longo de sua longa jornada profissional — diz o consultor.

Na outra ponta, empresas também podem se preparar melhor para absorver esses profissionais. Veja a seguir as dicas de Wainstock para os profissionais com mais de 50 anos conquistarem uma vaga e também para as empresas atraírem talentos maduros.

Dicas do especialista para os 50+ aumentarem a própria empregabilidade

  1. Aprendizado contínuo: Os 50+ precisam entender que as formas de trabalho estão em constante mutação. O tripé “educação-emprego-aposentadoria” já virou obsoleto. Características que antes eram seletivas, hoje são obrigatórias. Costumo dizer: “aprendemos com tudo e com todos. O tempo todo”, seja através de cursos, palestras e lives, muitas das quais gratuitas na internet, seja com pessoas do nosso dia a dia, que possuem realidades e vivências diversas das nossas.
  2. Exercite o autoconhecimento: O profissional precisa exercitar permanentemente o autoconhecimento, estando atento à sua valiosa bagagem, acumulada em vários anos de carreira, seu potencial e seus diferenciais. A reinvenção não precisa começar aos 40 anos, mas quando ele quiser. Abraçar uma nova carreira pode ser sempre uma alternativa.
  3. Aprimore suas real skills (habilidade reais): Esteja sempre atualizado e busque ter autogestão, adaptabilidade e ser cada vez mais assertivo na comunicação. Estas características passaram a ser exigências e não mais vantagens competitivas. Tecnicamente, o profissional deve ser um “solucionador de problemas”.
  4. Saiba dominar novas tecnologias: Estar em dia com as ferramentas digitais mais utilizadas é indispensável. Isto é inevitável tanto para a sua adequada participação em dinâmicas e entrevistas on-line, como para o próprio trabalho, que está sendo executado de forma cada vez mais remota.
  5. Tenha um perfil no LinkedIn: É a maior rede profissional do mundo que, só no Brasil, possui 63 milhões de usuários. Ela possibilita transmitir e absorver conhecimentos, fortalecer a reputação, além de aprofundar e multiplicar relacionamentos, ampliando a possibilidade de o profissional se tornar referência em seu segmento.

Para as empresas:

Se de um lado os profissionais podem se preparar melhorar na hora de buscar uma oportunidade, também as empresas devem compreender que a longevidade é um tendência global e que a experiência profissional, acumulada de forma real ao longo dos anos, tem muito valor, lembra Mauro Wainstock.

Veja o que uma empresa pode fazer para ampliar a participação dos 50+:

  1. Conscientização: O primeiro passo é a empresa ter consciência de que este movimento da longevidade é global e que a experiência acumulada é um diferencial extremamente valioso. A partir deste olhar, ações efetivas devem ser aplicadas, seja em contratações via CLT, seja através de projetos, mentorias e consultorias pontuais que valorizem a maturidade, o conhecimento e o equilíbrio dos 40+.
  2. Liderança engajada: A liderança deve se engajar efetivamente e mobilizar a equipe para o entendimento de que a integração geracional genuinamente harmônica vai propiciar debates mais enriquecedores, soluções mais criativas, uma cultura organizacional verdadeiramente inclusiva e riscos mitigados resultando, no final das contas, em uma marca empregadora mais fortalecida e em resultados financeiros mais pujantes.
  3. Treinamentos contínuos: Os dirigentes da empresa devem estimular palestras de sensibilização institucional, promover treinamentos contínuos para atingir todos os níveis da organização e criar iniciativas concretas que incentivem o respeito mútuo e o combate ao etarismo, como guias com terminologias inapropriadas que devem ser evitadas.
  4. Projetos de integração: Ideias que também vêm ganhando cada vez mais espaço são as mentorias intergeracionais, em que os participantes aprendem e ensinam simultaneamente, e a formação de squads (times ou equipes) que envolvem a pluralidade de opiniões e contribuem para a busca de soluções mais assertivas e sólidas na medida em que propiciam discussões profundas e diversificadas.
  5. Inclusão personalizada: Também é necessário estabelecer práticas inclusivas, como programas de desenvolvimento de carreira, flexibilidade de horário e local de trabalho, levando em consideração os desejos e funções específicas de cada colaborador.

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