Em 22 de janeiro de 2007, no seu segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como forma de ampliar a infraestrutura do país.
Com um bom cenário internacional de valorização das commodities exportadas pelo Brasil, as obras ganharam força, e, três anos depois, Dilma Rousseff foi chamada por Lula de a “mãe do PAC” — algo que foi explorado em sua campanha à Presidência, naquele mesmo ano. Mas houve dificuldades, inclusive com questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU) e de órgãos de licenciamento ambiental.
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Atrasos e estouro do orçamento se tornaram regra, a taxa de investimentos não subiu como o governo pretendia e a expansão dos gastos públicos é apontada como uma das causas da crise do país a partir de 2014.
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Dezesseis anos depois, Lula volta a lançar o PAC, nesta sexta-feira, numa versão com menos investimentos públicos e inflada com concessões e gastos de estatais. Mesmo nas suas maiores versões, porém, o programa sempre foi encorpado com investimentos de estatais, programas de concessão (especialmente de petróleo) e financiamentos.
A previsão de investimento na primeira fase do programa foi de R$ 500 bilhões (em preços da época), para o período de 2007 a 2010. Em 2009, o governo federal anunciou um aporte de R$ 140 bilhões como forma de minimizar os impactos da crise econômica de 2009.
Veja as obras mais emblemáticas do PAC
![Usina hidrelétrica de Belo Monte — Foto: Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/H1zokEnzFejsNjMDCzsUnFdDQVQ=/0x0:4946x3296/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/f/z/TVN6EYS8A4AGCxgLBkfA/59016581-usina-hidreletrica-de-belo-monte.jpg)
![Usina hidrelétrica de Belo Monte — Foto: Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/NAamzFJp4R7rfXvE1-h-pMyMvyQ=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/f/z/TVN6EYS8A4AGCxgLBkfA/59016581-usina-hidreletrica-de-belo-monte.jpg)
Usina hidrelétrica de Belo Monte — Foto: Divulgação
![Transposição do São Francisco, principal rio do Nordeste. Projeto é idealizado desde a época do Império para levar água para as áreas mais áridas da região — Foto: Daniel Marenco](https://s2-oglobo.glbimg.com/n5xksdltmvHvr8UgR_DnY_L4cjw=/0x0:5658x3772/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/i/S/5RrV0wSPGfG9iLEBaNIQ/75588451-pa-sobradinho-ba-25-02-2018-vista-do-lago-e-da-barragem-de-sobradinho-no-entorno-algumas.jpg)
![Transposição do São Francisco, principal rio do Nordeste. Projeto é idealizado desde a época do Império para levar água para as áreas mais áridas da região — Foto: Daniel Marenco](https://s2-oglobo.glbimg.com/oKoqBDmGtBStsUn6Pn5DU-EA6Io=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/i/S/5RrV0wSPGfG9iLEBaNIQ/75588451-pa-sobradinho-ba-25-02-2018-vista-do-lago-e-da-barragem-de-sobradinho-no-entorno-algumas.jpg)
Transposição do São Francisco, principal rio do Nordeste. Projeto é idealizado desde a época do Império para levar água para as áreas mais áridas da região — Foto: Daniel Marenco
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![Ferrovia Norte-Sul: ligação por trilhos entre os portos de Santos (SP) e Itaqui (MA), considerado um importante corredor logístico para o escoamento de produção nacional de grãos e minério — Foto: Ailton de Freitas/ Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/00KmL4ia7oBNpU-Q7JVJoeSfMrw=/0x0:4896x3102/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/U/f/L9nTexRBKuoadUyt0BZA/59398085-bsb-brasilia-brasil-15-05-2014-pa-norte-sul-obra-inacabada-que-sera-inaugurada.jpg)
![Ferrovia Norte-Sul: ligação por trilhos entre os portos de Santos (SP) e Itaqui (MA), considerado um importante corredor logístico para o escoamento de produção nacional de grãos e minério — Foto: Ailton de Freitas/ Agência O Globo](https://s2-oglobo.glbimg.com/sC4Swcbrzd9Z8x1J2zBYnEUJkAo=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/U/f/L9nTexRBKuoadUyt0BZA/59398085-bsb-brasilia-brasil-15-05-2014-pa-norte-sul-obra-inacabada-que-sera-inaugurada.jpg)
Ferrovia Norte-Sul: ligação por trilhos entre os portos de Santos (SP) e Itaqui (MA), considerado um importante corredor logístico para o escoamento de produção nacional de grãos e minério — Foto: Ailton de Freitas/ Agência O Globo
![Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, no Rio. Plano de investimentos da Petrobras para retomada da construção de refinarias, algo que não era feito desde a década de 1980 — Foto: Custodio Coimbra](https://s2-oglobo.glbimg.com/GPkRDs30P91AaRzjw16ay5UZHIc=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/x/w/NfETj6RtSmZRkfNrP15g/82449897-pa-itaborai-rj-30-04-2019-depois-de-mais-de-uma-decada-em-obra-o-comperj-complexo-petroquim.jpg)
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, no Rio. Plano de investimentos da Petrobras para retomada da construção de refinarias, algo que não era feito desde a década de 1980 — Foto: Custodio Coimbra
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![Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. Apenas uma das linhas de produção previstas ficou pronta, no fim de 2014 — Foto: Divulgação](https://s2-oglobo.glbimg.com/DmAo1nev6bJpFM02KV7PzfqScpc=/1404x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/r/e/rZDB41T4SA0Ax3kRpCVQ/103566742-programa-de-aceleracao-do-crescimento-programa-de-aceleracao-do-crescimentoseguir-refinari-1-.jpg)
Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. Apenas uma das linhas de produção previstas ficou pronta, no fim de 2014 — Foto: Divulgação
Os investimentos públicos (união, estados e municípios) saíram de 2,84% do PIB em 2007 para 4,15% em 2015, no seu auge. A meta era que isso também fizesse o setor privado investir mais, para que os investimentos totais da economia atingissem 24% do PIB.
Mas isso não ocorreu. Os investimentos totais da economia inclusive caíram, de 19,39% do PIB em 2008 para 15,47% do PIB em 2019 — quando a marca PAC foi extinta pelo governo Jair Bolsonaro.
Uma segunda etapa do programa, o PAC 2, foi anunciada em 2011 pela então presidente Dilma Rousseff. Essa segunda fase foi caracterizada pelo aumento dos recursos e por maiores aportes financeiros do Tesouro Nacional, em um aprofundamento do modelo de crescimento baseado no gasto público.
A quantidade a ser investida na segunda fase do projeto estava prevista em R$ 955 bilhões até 2014 (em números da época). No entanto, esses montantes anunciados nunca se tratavam de empreendimentos completamente novos.
Críticas ao PAC vieram junto com o agravamento da crise fiscal. A ideia de que o gasto público seria o motor do crescimento econômico levou a uma espiral de déficits públicos e a uma aceleração da inflação.
Por conta dos seguidos déficits e de outros fatores, como juros, a dívida pública brasileira atingiu 51,54% do PIB em 2013 e hoje está em 73,6% do PIB.