Déficit público atinge R$ 35 bi em julho, pior resultado histórico
As contas públicas apresentaram déficit de R$ 35 bilhões em julho, segundo pior resultado da história. Gastos cresceram 31,3%, enquanto receitas caíram 5,3%. Déficit acumulado em 2022 já chega a R$ 78,2 bi. Altas despesas são atribuídas à PEC da Transição. Expectativa de déficit de R$ 231,5 bi em 2023.
As contas do governo federal fecharam o mês de julho com um déficit R$ 35,9 bilhões, informou nesta quarta-feira o Tesouro Nacional. O resultado é segundo pior para o mês de toda a série histórica do governo, iniciada em 1997.
O dado do mês passado só é melhor que o resultado de julho de 2020, quando o rombo somou R$ 109,6 bilhões por conta de gastos relacionados à pandemia da Covid 19. Em julho de 2022, as contas do governo tiveram superávit de R$ 19,7 bilhões.
O déficit ocorre quando a arrecadação com tributos fica abaixo dos gastos do governo (sem considerar o pagamento de juros da dívida pública).
O buraco nas contas públicas no mês passado é resultado de uma queda real de 5,3% (R$ 8,9 bilhões) da receita do governo federal e um aumento real de 31,3% (R$ 46,8 bilhões) das despesas totais.
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Houve queda na receita com dividendos e exploração de recursos naturais principalmente. Já os gastos subiram com benefícios previdenciários — explicado pela antecipação do 13º do INSS.
Parcial do ano
No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, as contas do governo registraram déficit primário de R$ 78,24 bilhões. No mesmo período do ano passado, foi um superávit de R$ 78,79 bilhões.
De janeiro a julho, também houve uma queda real de 5,3% na arrecadação de impostos, com destaque para concessões (-R$ 37,7 bilhões), dividendos e participações (-R$ 20,8 bilhões) e royalties (-R$ 19,1 bilhões).
Do lado da despesa, houve uma alta R$ 94,3 bilhões, explicada pelo crescimento dos gastos obrigatórios como o Bolsa Família.
A deterioração das contas públicas neste ano está relacionada, principalmente, com a alta das despesas autorizada por meio da chamada "PEC da Transição", aprovada no fim do ano passado a pedido então governo eleito. Com a mudança, o governo obteve autorização para gastar R$ 168,9 bilhões a mais neste ano.
Parte do valor foi usado para tornar permanente o benefício de R$ 600 do Bolsa Família. Também foram recompostos gastos em saúde, educação e bolsas de estudo, entre outras políticas públicas.
Para o ano de 2023, o governo está autorizado a registrar déficit primário de até R$ 231,5 bilhões, conforme a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), mas o governo espera fechar o ano com o valor próximo a R$ 100 bilhões.
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