O setor público consolidado (Governo Federal, Previdência e Banco Central) teve déficit de R$ 35,8 bilhões em julho, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo Banco Central. No mesmo mês de 2022, houve superávit de R$ 20,4 bilhões.
O dado do BC é sempre divulgado um dia após o número do Tesouro, que já havia anunciado, na quarta-feira, déficit de R$ 35,93 bi, o segundo pior resultado para o mês da série histórica.
Nos doze meses encerrados em julho, o rombo do setor público consolidado foi de R$ 80,5 bilhões, equivalente a 0,78% do PIB. Já o déficit nominal, que inclui as despesas com juros, chegou a R$ 721,8 bilhões (6,96% do PIB), na mesma comparação.
A dívida bruta do governo, por sua vez, ficou em 74,09% do PIB, uma alta de 0,5 ponto percentual em relação ao resultado de junho. O resultado do sétimo mês do ano veio um pouco acima da projeção de mercado, que apontava uma dívida de 73,9%.
Segundo o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs, os dados mostram os desafios que a equipe econômica terá para cumprir a meta de déficit primário zero no ano que vem. Pelas suas contas, para estabilizar a dívida bruta, o governo vai precisar de superávits primários acima de 2% do PIB.
"Colocar a dívida sob controle, com queda dos indicadores, e construir amortecedores fiscais são um grande desafio. Isso vai exigir superávits primários acima de 2%, o que permitiria a queda da taxa neutra de juros", afirmou em relatório a clientes.
A dívida bruta está abaixo de 80% em relação ao PIB desde novembro de 2021, porém ainda distante da casa de 50% ou 60% no início da década de 2010, conforme a série histórica do BC.
A projeção da equipe econômica do governo é de aumento desse percentual nos próximos anos. Para o fim 2023, é esperado algo próximo de 75% e para 2024, o equivalente a 76%.