A Americanas divulgou nota nesta terça-feira em que contesta os argumentos do ex-CEO da empresa Miguel Gutierrez, apresentados em carta enviada à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), e o acusa de participação na fraude bilionária que levou a empresa a pedir recuperação judicial no início do ano.
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Na carta encaminhada à CPI, Gutierrez diz que se tornou "bode expiatório" do escândalo da Americanas. O executivo afirma que está sendo "sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro", em referência aos acionistas majoritários da companhia Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.
Em nota a Americanas "refuta veementemente" as argumentações de Gutierrez. A companhia salientou que o ex-dirigente "não contestou em nenhum momento os documentos e fatos apresentados à Comissão no dia 13 de junho, que demonstram a sua participação na fraude".
A companhia diz que o relatório apresentado à CPI foi baseado em documentos levantados pelo Comitê de Investigação Independente, além de documentos complementares identificados pela administração e seus assessores jurídicos.
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E que esse relatório "indica que as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas, capitaneada pelo senhor Miguel Gutierrez".
Gutierrez também enviou uma carta a uma câmara empresarial da Justiça de São Paulo. Segundo a agência de notícias Bloomberg, em um dos documentos o ex-CEO afirmou que os principais acionistas da empresa, Lemann, Telles e Sicupira, “exercem enorme e constante ingerência sobre seus negócios, especialmente na área financeira, na qual são reconhecidos experts”.
Ele disse que as vendas da Americanas eram monitoradas diariamente por Sicupira e Eduardo Saggioro, presidente do conselho da Americanas e sócio da LTS Investments, o family office dos três bilionários.
“Vale observar que os membros do comitê de auditoria e do comitê financeiro, bem como os do conselho fiscal, eram indicados ou sempre validados pelo senhor Carlos Alberto Sicupira,” disse ele.
Além disso, segundo o ex-CEO, cabia ao Conselho de Administração, também, autorizar mudanças nas políticas contábeis da companhia.
'Fraude ardilosa'
A LTS disse em comunicado enviado por email à Bloomberg que Gutierrez não tem provas que sustentem as suas afirmações e que os acionistas “foram enganados por uma fraude ardilosa cujos malfeitores serão responsabilizados pelas autoridades competentes”.
Gutierrez deixou a presidência da companhia em dezembro de 2022, quando foi substituído por Sergio Rial. Em janeiro do ano seguinte, Rial revelou uma "inconsistência contábil de R$ 20 bilhões", que se tornou foco de investigação da CPI.
O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito deve ser divulgado nesta terça-feira.
Desde fevereiro, a empresa é presidida por Leonardo Coelho Pereira. Ele deu seu depoimento à CPI no dia 13 de junho, quando disse que ex-diretores escondiam "fraude de resultado" e diziam que transparência seria "morte súbita".
Na nota, a Americanas diz que "confia na competência de todas as autoridades envolvidas nas apurações e investigações, reforça que é a maior interessada no esclarecimento dos fatos e irá responsabilizar judicialmente todos os envolvidos".