Como consequência da greve que atinge simultaneamente as principais fábricas de veículos nos Estados Unidos, a Ford colocou 600 trabalhadores em suspensão de contrato temporariamente, enquanto a General Motors disse para 2 mil trabalhadores de uma fábrica de automóveis no Kansas que a instalação provavelmente será fechada na próxima semana por falta de peças. Já a Stellantis anunciou neste sábado, dia 16, um aumento de sua proposta de reajuste salarial.
A greve começou na sexta-feira, dia 15, após o sindicato United Auto Workers (UAW) não chegar a um acordo com as chamadas “três gigantes de Detroit” – General Motors, Ford e Stellantis, multinacional formada a partir da fusão da Fiat com a PSA Peugeot-Citröen, que controla a Jeep e a Chrysler. É a primeira vez que uma paralisação atinge as três empresas simultaneamente.
Segundo o UAW, foram paralisadas uma fábrica da GM em Wentzville, Missouri; uma da Stellantis em Toledo, Ohio; e uma da Ford em Wayne, Michigan. Até a sexta-feira, dia 15, 12,7 mil trabalhadores aderiram à greve. De acordo com o Deutsche Bank, cada montadora teria seus ganhos impactados em até US$ 500 milhões por semana, caso a paralisação continue.
Conforme a Ford, a produção da fábrica está “altamente interligada” e os trabalhadores em greve “impactaram diretamente as operações em outras partes da instalação”. Os funcionários com os contratos suspensos trabalhavam no departamento de carrocerias da fábrica e na área de submontagem de estamparia de metais.
O UAW pede um aumento salarial para 36% ao longo de quatro anos, enquanto os fabricantes de automóveis não oferecem mais de 20%. O sindicato também quer acabar com um sistema salarial de dois níveis, em que os trabalhadores mais novos levam quatro anos para atingir o mesmo salário que os empregados mais antigos.
Neste sábado, dia 16, a Stellantis elevou sua proposta salarial para um reajuste de 21% em contratos de quatro anos, ante os 17,5% oferecidos anteriormente. A empresa também disse que cortaria o tempo de progressão de carreira para os valores máximos de salários à metade, para quatro anos.
Sindicato dos EUA anuncia greve das 'gigantes de Detroit'
Por outro lado, o COO (chefe-executivo de operações) da Stellantis para a América do Norte, Mark Stewart, disse numa teleconferência com jornalistas no sábado, que os trabalhadores recusaram uma oferta de solução para a situação dos trabalhadores de uma outra fábrica da Jeep, em Illinois, que foi desativada, informou a agência Bloomberg News.
Biden faz apelo às montadoras
O presidente dos EUA, Joe Biden, que enfrenta a reeleição no próximo ano, fez um apelo às empresas automóveis para recompensarem os trabalhadores no momento em que os salários dos executivos aumentaram.
- Entenda a decisão do STF: Contribuição sindical vai voltar? Trabalhador será descontado?
– As empresas fizeram algumas ofertas significativas, mas acredito que deveriam ir mais longe para garantir que lucros corporativos recordes signifiquem contratos recordes – disse Biden.
Risco de alta nos preços
Economistas temem que greves prolongadas possam aumentar os preços dos automóveis novos e usados e travar o progresso de tomadores de decisão na contenção da inflação.
“Tal resultado apresentará outro problema para a desinflação em curso, pois interromperia a recente série de leituras suaves no componente [do índice de preços ao consumidor] para veículos motorizados”, disseram economistas do JPMorgan. “Se o acordo contratual final envolver um aumento salarial significativo, também apresentará um risco ascendente para a inflação no setor.”