Depois que a MaxMilhas pediu recuperação judicial na quinta-feira, multiplicam-se nas redes sociais as queixas de consumidores sobre a prestação de serviço. A empresa faz parte do mesmo grupo da 123milhas, que teve seu pedido de proteção contra credores suspenso pela Justiça.
O pedido ainda será analisado pela juíza titular da 1ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.
Um usuário da rede social X (antigo Twitter) relatou ter tido a reserva cancelada ao chegar num hotel em Orlando, na Flórida, Estados Unidos:
"Alo pessoal! Não comprem nada no #maxmilhas @maxmilhas ! Estou no Hotel em Orlando, minha reserva está cancelada e não tem mais quartos disponíveis! Fujam dessa roubada!", escreveu.
Em outro relato em rede social, uma consumidora diz que vendeu suas milhas pela empresa, que agora diz que não vai pagar. A mensagem é acompanhada de um emoji de palhaço.
Outro relatou que a namorada esperava um reembolso que deveria ter sido pago um dia antes. "Eles nem respondem, um total descaso com os consumidores", escreveu.
Mais de 1,7 mil reclamações
Na plataforma do governo federal Consumidor.gov, que reúne queixas de consumidores, há aproximadamente 1.795 reclamações referentes à MaxMilhas registradas no ano de 2023. Os assuntos mais reclamados envolvem transporte aéreo (47,63%), pacotes (28,75%) e hospedagem (5,46%).
Entre os problemas com maior quantidade de queixas estão "dificuldade ou atraso na devolução de valores pagos", com 22,45%, seguido de "cobrança indevida" (10%), "dificuldade para alterar ou cancelar o contrato/serviço" (10%) e "oferta não cumprida" (9%). O índice de médio de solução para as queixas é de 79%.
Entenda a crise
No início do ano, MaxMilhas e 123milhas anunciaram uma fusão. Em agosto, a 123milhas suspendeu pacotes e passagens aéreas da linha Promo, de pacotes flexíveis, no qual a pessoa compra um pacote para determinado destino sem data definida de embarque. As duas empresas têm alguns sócios em comum, mas funcionam de maneira independente.
No pedido apresentado à Justiça, a MaxMilhas afirma que não fez parte do pedido de recuperação apresentado em agosto porque na ocasião não estava em grave crise financeira. A MaxMilhas afirma no documento ter tido impacto na credibilidade em razão da crise da 123milhas.
Agora, a MaxMilhas, juntamente com a Lance Hotéis, de reservas hoteleiras por lances oferecidos pelo consumidor, querem ser incluídas no processo de recuperação judicial da 123Milhas.
O processo de recuperação judicial da 123Milhas está suspenso após contestações pedindo que a petição inicial apresentada pela empresa ao judiciário seja periciada por falta de documentos e informações sobre a operação do grupo.
O desembargador Alexandre Victor de Carvalho já nomeou a KPMG Corporate Finance Ltda. e Juliana Ferreira Morais para conduzirem a perícia.
Tombo no faturamento
A MaxMilhas afirma no texto que sua principal atividade é a intermediação da venda de milhas e que sua operação consiste basicamente na intermediação da venda de milhas de terceiros e emissão de passagens aos interessados. A 123milhas é uma das clientes compradoras.
A MaxMilhas também comercializa bilhetes aéreos tradicionais e reservas em hotéis.
De acordo com o pedido, o faturamento da MaxMilhas caiu, em um intervalo de 30 dias, 70% na venda de passagens e 90% na de hospedagens. A dívida da MaxMilhas listada no pedido é de R$ 226 milhões.
A dívida da MaxMilhas soma R$ 226 milhões. Se for incluída na recuperação judicial da 123Milhas, o débito total subirá para mais de R$ 2,5 bilhões.
Em nota, a MaxMilhas ressalta que não haverá suspensão de nenhum produto e que não está cancelando passagens ou reservas de hospedagens. A empresa informa ainda que não há nenhuma pendência trabalhista entre os débitos contemplados no pedido de recuperação judicial.
A companhia reforçou ainda que mantém suas atividades e que segue trabalhando com o compromisso de continuar promovendo novas viagens para os seus clientes. A empresa foi criada em 2013, em Belo Horizonte, e diz que já possibilitou mais de 12 milhões de viagens.
A MaxMilhas informa que, caso haja cancelamentos unilaterais por parte de hotéis, operadores do setor hoteleiro e fornecedores de passagens aéreas, as empresas poderão ser notificadas extrajudicialmente por descumprimento de contratos vigentes.