Economia
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Por — São Paulo

Item popular nas receitas brasileiras de saladas, o tomate é também um fruto essencial em pesquisas que testam a eficácia de produtos usados no combate a pragas ou a resistência das plantas às mudanças climáticas. Técnicas e insumos que depois serão usados em outros cultivos, como soja e milho, muitas vezes passam antes por experiências nos tomateiros.

Recentemente, cientistas brasileiros descobriram que o papel de “rato de laboratório” da agricultura que o tomate exerce pode mostrar caminhos para a melhoria da produtividade e do teor nutricional de alimentos sem uso de pesticidas. A descoberta de pesquisadores do Instituto Federal Goiano, em Rio Verde (GO), também pode ajudar a impulsionar a agricultura em espaços urbanos por meio do uso de inteligência artificial e internet das coisas.

Os pesquisadores estão usando o tomate como cobaia para desenvolver práticas para a agricultura urbana no município, um dos principais polos agrícolas do país. Os testes são variados.

O tomate é submetido a condições controladas e a um sistema automatizado de iluminação artificial por LEDs. O efeito que a luz causa no desenvolvimento do tomate vai auxiliar prever como outras hortaliças, frutos e temperos podem se desenvolver em uma horta urbana, por exemplo.

Tomate é usado como cobaia para desenvolver práticas na agricultura — Foto: Divulgação
Tomate é usado como cobaia para desenvolver práticas na agricultura — Foto: Divulgação

“A utilização do tomate como modelo permite que os cientistas estudem processos biológicos como o desenvolvimento de frutos, a regulação hormonal, a resposta ao estresse e a resistência a pragas e doenças. É uma planta valiosa para a pesquisa em biologia vegetal e genética, com grandes ganhos para toda a agricultura como um todo”, afirmou Alan Costa, pró-reitor de pesquisa, pós-graduação e inovação do IF Goiano.

O professor conta que a exposição do fruto a condições climáticas extremas, como estiagem, calor e excesso de luminosidade, ajuda a colocar em prática uma agricultura mais resiliente e segura. No estudo, Costa trabalha com os pesquisadores Fábia Barbosa, Adinan Alves e Fabiano Guimarães, que lideram a testagem de tomates em outras áreas, como a de bioinsumos.

No Laboratório de Ecofisiologia e Produtividade Vegetal da instituição, os especialistas tentam descobrir os resíduos da piscicultura podem virar fertilizante biológico. Para isso, eles aplicam o composto no tomate e acompanham diariamente a evolução dos resultados. Se o experimento der certo, ele passará por aprovações nacionais e internacionais e, em um curto prazo, podem evitar a contaminação que seria causado no meio ambiente com o descarte incorreto desses rejeitos.

Utilização do tomate como cobaia é inspirado em pesquisas dos Estados Unidos e de Israel — Foto: Divulgação
Utilização do tomate como cobaia é inspirado em pesquisas dos Estados Unidos e de Israel — Foto: Divulgação

Ter um DNA padrão e ser facilmente clonável são algumas das características que fazem do tomate a “prova dos nove” da agricultura. A versatilidade do fruto permite, ainda, o estudo de métodos para o combate à vassoura-de-bruxa, a doença que mais causa perdas nas plantações de cacau. Quem lidera esses testes é o professor Lázaro Peres, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), em Piracicaba (SP). Ele foi pioneiro nos testes agrícolas que usam tomate no Brasil.

A inspiração surgiu de pesquisas que já ocorriam nos Estados Unidos e em Israel com a espécie de tomate ornamental microton. Como a variedade é muito pequena e suas sementes, de fácil multiplicação, Peres conseguiu importá-la do país do Oriente Médio no fim da década de 1970 e cultivá-la nos laboratórios da Esalq.

"O tomateiro virou o camundongo da agricultura depois das décadas de 1960 e 1970, mesmo que já houvesse estudos antes disso”, comentou Peres. Graças a ele, o Brasil é um dos países no mundo a manter coleções do fruto exclusivamente voltadas a pesquisas. Seu acervo tem mais de 250 microtons.

Para o pesquisador da Embrapa Hortaliças Leonardo Boiteux, o fruto também tem vantagens em relação a outras culturas agrícolas porque seu ciclo metabólico é curto, o que acelera os resultados. No país, a Embrapa detém duas mil variedades.

Embora os estudos nacionais não sejam tão conhecidos, eles entram em uma lista de pesquisas percursoras, como a da Califórnia, onde está Charles Rick Center, um dos institutos pioneiros na pesquisa genética do tomate. Os estudos também são promissores para a área da saúde, especialmente devido ao licopeno, substância que, além de dar ao tomate sua pigmentação vermelha, é antioxidante, o que ajuda a frear células cancerígenas.

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