Economia
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Por — Rio

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) subiu 0,24% em outubro após avançar 0,26% em setembro, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira. O indicador foi pressionado pelo salto das passagens aéreas e o avanço nos preços de alimentação e bebidas, que voltaram a subir após quatro meses de queda.

  • O índice veio abaixo das expectativas medianas coletadas pelo Valor Data, que indicavam alta de 0,28% em outubro
  • No ano, o IPCA acumula alta de 3,75% e, nos últimos 12 meses, expansão de 4,82%
  • Em outubro de 2022, o indicador fechou em alta de 0,59%

Os preços de oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em outubro, com destaque para Transportes (0,35%) e Alimentação e bebidas (0,31%).

Os preços das passagens aéreas saltaram 23,70% e foram a maior contribuição individual (0,14 ponto percentual) para o aumento do índice do mês. Em setembro, os bilhetes já haviam subido mais de 13%.

No resultado em 2023, até outubro, a alta é de 13,53%. Já o resultado acumulado nos 12 meses até outubro foi bem menor, de 3,31%.

De acordo com o IBGE, o encarecimento das viagens de avião pode estar relacionada com uma demanda maior, com a proximidade das férias, e com o preço do querosene de aviação, que teve reajustes recentes.

— Essa alta pode estar relacionada a alguns fatores como o aumento no preço de querosene de aviação e a proximidade das férias de fim de ano. O querosene de aviação é um custo importante para as companhias aéreas — destaca o gerente da pesquisa, André Almeida.

Outros combustíveis, como gasolina e etanol, tiveram preços reduzidos em outubro. A queda de 1,53% da gasolina em outubro ajudou a segurar o IPCA.

No ano, no entanto, o produto ainda tem alta de 14,4% em 2023, e contribuição de 0,67 ponto percentual na inflação.

Avanço de alimentação em domicílio

No grupo Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio subiu 0,27% no mês, após quatro quedas consecutivas. Entre junho e setembro, esse subitem havia acumulado queda de 4,01%.

No período de deflações entre junho e setembro, o grupo Alimentação e bebidas como um todo havia registrado queda acumulada de 2,65%. Agora, o recuo é de 0,70% neste ano.

No período, destacaram-se as altas da batata-inglesa (11,23%), cebola (8,46%), frutas (3,06%), arroz (2,99%) e das carnes (0,53%). No lado das quedas, foram destaques o leite longa vida (-5,48%) e o ovo de galinha (-2,85%).

— Tanto as quedas quanto as altas foram influenciadas por questões de oferta. A batata-inglesa e a cebola vinham de queda, mas esse comportamento na passagem de setembro para outubro foi influenciado por uma menor oferta devido ao aumento no número de chuvas nas regiões produtoras. Prejudica a colheita e diminui a oferta nos mercados — afirma Almeida.

A alimentação fora do domicílio (0,42%) também acelerou em relação ao mês anterior (0,12%).

No caso do arroz, os preços foram influenciados pela menor oferta, com maior demanda para exportação e consumo interno estável.

Preço dos monitorados

Os preços dos monitorados, itens cujos preços são definidos pelo setor público ou por contratos, avançaram 0,24% em outubro, leve redução ante os 0,26% de setembro. A variação acumulada em 12 meses é de 9,98%.

Os cinco principais subitens que contribuíram para a inflação no ano são gasolina, emplacamento e licença, plano de saúde, energia elétrica residencial e taxa de água e esgoto.

Já a inflação de serviços, um dos principais componentes olhados pelo Banco Central (BC) para a condução da política monetária, também desacelerou de 5,54% para 5,45% em 12 meses. Em outubro, o índice de serviços subiu de 0,50% para 0,59%.

—Foi influenciada principalmente pelas passagens aéreas e pela aceleração da alimentação fora do domicílio — disse Almeida sobre a inflação de serviços.

Veja resultados por grupo:

  • Alimentação e bebidas: 0,31%;
  • Habitação: 0,02%;
  • Artigos de residência: 0,46%;
  • Vestuário: 0,45%;
  • Transportes: 0,35%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,32%;
  • Despesas pessoais: 0,27%;
  • Educação: 0,05%;
  • Comunicação: -0,19%.

Cenário favorável a corte de juros

Apesar da alta dos alimentos e das passagens aéreas, o IPCA desacelerou em outubro o que favorece o cenário para corte de juros pelo BC. A inflação em 12 meses ainda está acima da meta, mas a expectativa é que ela continue a perder fôlego.

A meta perseguida pelo BC é 3,25% para 2023, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior 4,75%.

Para os economistas, a leitura do IPCA foi positiva, reforçando a tendência de desaceleração da inflação para os próximos meses.

— Do lado de industriais, veio uma leitura mais benigna com uma queda de preços em automóveis. Na parte de bens administrados, tivemos uma queda mais forte do que o esperado em gasolina, seguindo o reajuste da Petrobras – destaca o economista da XP, Alexandre Maluf.

Maluf ressalta que as métricas observadas de perto pelo BC, como os núcleos de inflação e os serviços subjacentes – medida que exclui componentes mais voláteis, como as passagens aéreas – virem melhores do que o esperado.

— Uma leitura muito benigna de inflação. Na parte das médias dos núcleos, ela variou 0,26% e o consenso de mercado era de cerca de 0,30%. No caso dos serviços subjacente, a média veio 0,19%, como nós esperávamos.

O pesquisador e economista do FGV Ibre, Matheus Peçanha, destaca que a tendência é que os preços de alimentos sigam devolvendo parte do recuo visto nos últimos meses, mas ainda fechando no campo negativo no acumulado do ano.

— Tivemos um benefício no preço de alimentos por conta das boas condições climáticas e com queda dos preços de laticínios. Temos de fato essa virada no clima, com os impactos do El Niño se fazendo mais presentes no final do ano. Isso impacta principalmente nos preços de hortaliças e legumes.

Na avaliação da economista chefe da Armor Capital, Andrea Damico¸ os resultados da inflação em outubro são compatíveis com uma aceleração no ritmo de queda dos juros em 0,75 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em dezembro, não fossem as condições externas mais adversas e os recentes ruídos fiscais internos após a discussão sobre alteração na metá fiscal de 2024.

— Não fosse essa piora do cenário externo, que piorou o balanço de riscos, e não fosse a discussão em torno da meta, estaríamos discutindo 0,75 ponto percentual. A discussão em torno da meta gera ruído, eleva o risco fiscal, o prêmio de risco, e acaba impactando a moeda e os ativos brasileiros.

Em seu último comunicado, o Copom reforçou o cenário de cortes de 0,50 ponto percentual para as "próximas reuniões". No entanto, os dirigentes do Comitê fizeram alertas sobre a possibilidade de piora do cenário fiscal interno e sua influência para dificultar que as expectativas de inflação do mercado caminhem para a meta do BC.

— Na ata mais recente, o Copom confirmou que na primeira reunião do próximo ano também deve cortar em 0,50 ponto percentual. Ficamos muito dependentes do cenário de juros nos EUA também. Como temos uma inflação bem controlada, se os EUA já estivessem em um outro momento do ciclo de juros, talvez de cortes, teríamos mais espaço para reduções — disse o sócio da One Investimentos, Rafael Schmidt.

Ainda assim, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, vem ressaltando que não há "relação mecânica " entre a política monetária e a fiscal.

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