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Por Bloomberg — Rio de Janeiro

Empresas e entidades decidiram suspender a publicação de anúncios no X (ex-Twitter), em meio a uma onda de antissemitismo que varre a plataforma desde o início da guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Nesta sexta-feira, a Comissão Europeia disse que interromperia a publicidade na rede social, juntando-se à IBM, que tomou a mesma decisão.

A Casa Branca também condenou Elon Musk, por realizar uma "abominável promoção" do antissemitismo on-line. Referindo-se a uma postagem de Musk na plataforma, em que ele apoia uma teoria de conspiração antissemita, o porta-voz da Casa Branca, Andrew Bates, afirmou que era "inaceitável" repetir uma "mentira tão absurda".

— Condenamos nos termos mais veementes essa abominável promoção do ódio antissemita e racista, que vai contra nossos valores fundamentais como americanos — disse Bates. — Temos todos a responsabilidade de unir as pessoas contra o ódio e a obrigação de falar contra qualquer pessoa que ataque a dignidade de seus compatriotas americanos e comprometa a segurança de nossas comunidades.

A suspensão da publicação de anúncios ocorre tanto devido a postagens de Elon Musk contra judeus como também devido à posição dos anúncios no X. Peças publicitárias de empresas como IBM e Apple têm aparecido com cada vez mais frequência ao lado de publicidade antissemita, o que tem incomodado as companhias.

Nesta sexta, a Comissão Europeia informou que vai interromper a publicidade na rede social, depois de Musk ter publicado um post acusando comunidades judaicas de odiarem pessoas brancas. O bilionário comprou o microblog há pouco mais de um ano.

Segundo a comissão, houve "um aumento alarmante em desinformação e discurso de ódio" na plataforma. Ela não citou especificamente o post do empresário.

Anúncios de Apple e Oracle ao lado de posts pró-nazistas

A organização sem fins lucrativos Media Matters, que monitora a mídia americana, especialmente as plataformas digitais, divulgou um relatório na quinta-feira mostrando anúncios da IBM, Apple, Oracle sendo exibidos no X ao lado de postagens pró-nazistas.

O mesmo ocorreu com publicidade da Xfinity, empresa de telecomunicações do grupo Comcast, e da rede de televisão Bravo, de propriedade da NBCUniversal, também da Comcast.

Procurada, a IBM disse que "não tolera discurso de ódio e discriminação" e que suspendeu imediatamente toda a publicidade no X, enquanto investiga "essa situação totalmente inaceitável".

A Apple, um dos maiores anunciantes do X, informou no fim da tarde desta sexta que está fazendo uma pausa na exibição de anúncios no site. As duas empresas já tinham um relacionamento precário.

Depois que Musk assumiu o controle da rede social no ano passado - desencadeando uma enxurrada de cortes de empregos e mudanças de políticas - a Apple também suspendeu a publicidade por um tempo. Musk aumentou as tensões ao insinuar que poderia violar as regras da App Store da Apple para deixar de pagar as taxas.

Musk e o CEO da Apple, Tim Cook, se reuniram na sede da fabricante do iPhone no final do ano passado e consertaram o relacionamento. Musk disse em dezembro que a Apple havia "retomado totalmente" a publicidade no então chamado Twitter.

Cook já havia chamado a X de "propriedade importante", mas disse que não concorda com o discurso antissemita que supostamente aumentou desde que Musk assumiu o controle. Ele disse que a empresa sediada em Cupertino, Califórnia, se pergunta "constantemente" se deve continuar anunciando.

A Comcast também está investigando a questão. Oracle não respondeu aos pedidos de comentário da Bloomberg. A decisão da IBM se suspender os anúncios foi publicada primeiro pelo jornal britânico Financial Times.

Acionistas falam em censura e até remoção de Musk

Os acionistas de empresas controladas por Musk também começam a se movimentar.

Kristin Hull, fundadora e CEO da Nia Impact Capital, disse que ficou "chocada" com as postagens de Musk. O fundo de impacto social possuía cerca de US$ 282.200 em ações da Tesla até meados do ano e travou campanhas de pressão contra a empresa por anos, inclusive por meio de resoluções de acionistas.

"O impacto do discurso errático, racista e antissemita de um CEO afeta diretamente a marca e o resultado final da Tesla de maneiras significativas", disse Hull por e-mail.

Ela afirmou que uma resposta apropriada às ações de Musk pode incluir censura pelo conselho da Tesla, rebaixamento, reatribuição, suspensão ou remoção.

As ações da montadora caíram 3,8% na quinta-feira, ficando atrás do índice de referência S&P 500, que teve pouca variação. Nesta sexta-feira, o recuo era de 1,44% por volta das 12h, com papel negociado a US$ 230,22.

Kristin não é a única a pensar dessa forma. Ross Gerber, cofundador e CEO da empresa de gestão de patrimônio Gerber Kawasaki e que é acionista da Tesla, também mostrou indignação com as postagens de Musk.

- Eu nunca tive isso com nenhuma empresa em que já investi, em toda a minha vida, onde o próprio CEO da empresa faz tantas coisas prejudiciais. Isso está destruindo a marca - disse ele.

Procurados, X e Musk não se manifestaram.

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