O acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) está próximo da conclusão e será anunciado durante a cúpula do Mercosul, marcada para a próxima semana, no Rio de Janeiro, se nenhum empecilho aparecer no caminho até lá, de acordo com integrantes do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Também será anunciado um acordo de livre comércio entre o Mercosul e Cingapura.
Principais entraves para a finalização do acordo com a União Europeia, as compras governamentais e as questões ambientais são consideradas "bem encaminhadas", segundo membros da gestão federal. O acordo é negociado oficialmente desde 1999. Depois de anunciado, ainda tem outras etapas, como a aprovação pelo Parlamento de cada país.
A União Europeia defendia a participação de empresas dos países-membros dos dois blocos em licitações governamentais nos países que estivessem no acordo. O governo brasileiro quer retirada desse ponto. Lula inclusive reforçou aos europeus que não abre mão do ponto das compras governamentais nas negociações do acordo entre a UE e o Mercosul.
Já a questão ambiental envolve a nova lei europeia que proibe a importação de produtos que tiveram origem em uma área desmatada. O Brasil busca um mecanismo que permita, no caso dessa lei ser aplicada, uma compensação pra reequilibrar o acordo comercial entre os dois blocos.
EUA e UE precisam fechar acordo comercial
O governo evita comentar, porém, qual a solução para esses entraves porque as negociações são consideradas delicadas.
Superados esses entraves, restam agora questões envolvendo pedidos vistos como pontuais da Argentina e do Paraguai. Na última semana, houve uma rodada presencial de negociações em Brasília, que deve ser repetida no Rio de Janeiro durante a cúpula para os acertos finais. Além disso, técnicos também trabalham diariamente no acordo.
A avaliação do governo brasileiro é que haverá tanto oportunidades técnicas quanto políticas até a cúpula do Mercosul para acertar os pontos finais do acordo. Um exemplo é a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente Lula na COP28, abrindo uma janela de oportunidade para um possível encontro entre os dois, se necessário. O Brasil está na presidência temporária do bloco.
Na semana passada, durante encontro com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, a futura chanceler da Argentina, Diana Mondino, afirmou a importância da conclusão do acordo comercial e sinalizou a permanência do país no bloco. O gesto foi encarado como positivo pelo governo brasileiro, que se preocupava com a integração do Mercosul com a vitória de Javier Milei. O ultraliberal já se manifestou pelo fim do Mercosul.