Economia
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Por e — Rio de Janeiro

Pela primeira vez, o número de pessoas ocupadas chegou a 100 milhões no Brasil. É o maior patamar desde o início da série histórica do IBGE, iniciada em 2012, renovando o recorde batido no levantamento anterior. Com isso, a taxa de desemprego recuou para 7,6% no trimestre encerrado em outubro, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada nesta quinta-feira.

  • A melhora no mercado de trabalho foi puxada pelo emprego com carteira assinada.
  • O número de empregados formais chegou a 37,4 milhões, o maior contingente desde janeiro de 2015. O dado exclui trabalhadores domésticos.
  • A população desocupada ficou em 8,3 milhões, uma queda de 0,3 ponto percentual na comparação com o trimestre de maio a julho.

A taxa de 7,6% é a menor desde o trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2015. Para o trimestre encerrado em outubro é a menor desde 2014, quando estava em 6,7%

O número de trabalhadores por conta própria foi de 25,6 milhões de pessoas, um aumento de 1,3% (mais 317 mil) frente ao trimestre anterior. As demais categorias de trabalho ficaram estáveis.

Em paralelo ao crescimento nos empregos formais, houve queda no número de brasileiros desalentados, ou seja, que desistiram de procurar emprego porque pensavam que não encontrariam uma vaga.

Esse contingente foi de 3,5 milhões em outubro, recuo de 4,6% ante o trimestre anterior e de 17,7% em relação a igual período do ano passado. É o menor contingente desde o trimestre encerrado em setembro de 2016.

 — Foto: Infografia/O GLOBO
— Foto: Infografia/O GLOBO

Massa de rendimentos recorde

Como o trabalho com carteira costuma ser mais bem remunerado do que o emprego informal, houve alta no rendimento médio do trabalhador. Ele ficou em R$ 2.999, alta de 1,7% em relação ao trimestre imediatamente anterior, encerrado em julho. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o avanço foi de 3,9%.

— A leitura que podemos fazer é que há um ganho quantitativo, com um aumento da população ocupada, e qualitativo, com o aumento do rendimento médio — diz Adriana Beringuy, coordenadora da pesquisa.

A massa de rendimento — a soma de todos os rendimentos brutos dos trabalhadores — chegou ao maior patamar da série histórica da pesquisa e agora está em R$ 295,7 bilhões.

Em setembro, a taxa de desemprego havia caído para 7,7%. Naquela divulgação, a queda no número de desempregados tinha ocorrido tanto por conta do crescimento expressivo no número de pessoas trabalhando, como também devido à queda no número de pessoas buscando trabalho.

Para ser considerado desempregado pelo IBGE, o trabalhador precisa estar procurando emprego.

Dinâmica positiva

Os números da Pnad Contínua reforçaram a dinâmica positiva recente do mercado de trabalho no país, na avaliação de economistas.

Para as medições até o final do ano, fatores sazonais devem continuar ajudando no recuo da taxa de desemprego. Em 2024, no entanto, a tendência é de desaceleração nos indicadores, em linha com a perda de força esperada para a atividade econômica.

— O mercado de trabalho ao longo do ano se mostrou mais resiliente do que o esperado. A taxa de desemprego tem se mantido em um patamar baixo e a população ocupada tende a crescer mês a mês, também por questões demográficas. Foi resultado também de uma economia mais forte do que o esperado. Se voltássemos no início do ano, as previsões do PIB não eram tão grandes quanto o são agora — disse o economista do FGV-Ibre, Rodolpho Tobler.

Tobler destaca que o aumento da população ocupada nas últimas duas divulgações foi puxado pela ocupação formal. O dado é positivo, pois são empregos que costumam oferecer uma remuneração mais alta, permitindo que o rendimento médio avance.

— Ainda há uma certa cautela, pois temos uma informalidade grande e desafios no mercado de trabalho nos próximos anos. O número de desalentados caindo é positivo, mas ele segue elevado.

O economista da Tendências, Lucas Assis, ressalta que o recorde histórico da população ocupada ocorre por questões demográficas, já que há mais pessoas com idade para trabalhar.

Segundo ele, o nível da população ocupada já apresenta acomodação na margem e ainda segue em patamares abaixo daqueles vistos antes da crise econômica de 2015, quando comparado em relação à população com idade para trabalhar.

— Por mais que a população ocupada tenha apresentando um patamar recorde na série histórica, esse nível da ocupação ainda sugere uma ociosidade parcial do mercado de trabalho, com espaço ainda para um maior crescimento para a população ocupada.

Para Assis, a redução do número de pessoas desocupadas está associada à melhora do mercado de trabalho, pois permite que os demais membros do domicílio se dediquem a atividades não remuneradas, como o estudo. Ele também credita os números ao aumento da transferência de renda por parte do governo, com a reformulação do Bolsa Família e elevação do piso previdenciário.

— A mensagem é que o mercado de trabalho se recuperou nos últimos anos, tem apresentado uma dinâmica positiva, mas no curto prazo, deve haver um crescimento relativamente moderado dos indicadores de emprego e de renda.

Na avaliação de Assis, o aumento do rendimento do trabalho e das transferências de renda podem ajudar no aquecimento do consumo das famílias, mas a perspectiva é de desaceleração.

Perspectiva de desaceleração

Para 2024, a expectativa do economista da Tendências é que a população desocupada aumente na margem em virtude da desaceleração da atividade econômica, que pode gerar incentivos para que os inativos busquem uma ocupação para garantir uma geração mínima de renda no domicílio.

— O mercado de trabalho deve ser limitado pela desaceleração da atividade econômica no próximo ano. Contamos com uma dissipação dos efeitos diretos e indiretos da forte alta da agropecuária, que ocorreu especialmente na primeira metade de 2023. No próximo ano a manutenção da política monetária em terreno contracionista também deve gerar limitações ao avanço da população ocupada.

Na mesma linha, segue Tobler:

— O início de 2024 deve ser um momento desaceleração, o que coloca em dúvida o ritmo de recuperação do mercado de trabalho. A tendência é que perca um pouco de força na virada para 2024 e a gente não veja essa redução da taxa de desemprego por tanto tempo.

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