Economia
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Por — Rio

O Federal Reserve, banco central americano, manteve os juros inalterados pela terceira reunião consecutiva nesta quarta-feira, conforme as expectativas.

Com isso, as taxas permanecem no patamar entre 5,25% a 5,5%, o maior desde 2021. A votação foi unânime.

Em suas projeções macroeconômicas, a autoridade monetária também deu os primeiros sinais de que o ciclo de elevação de juros foi encerrado. Os dirigentes não incluíram mais aumentos nas taxas de juro nas suas projeções medianas pela primeira vez desde março de 2021, segundo a Bloomberg.

"Indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica abrandou face ao ritmo forte registado no terceiro trimestre. Os ganhos de emprego moderaram-se desde o início do ano, mas permanecem fortes, e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação diminuiu ao longo do ano passado, mas permanece elevada", destaca o Fed, em comunicado.

O Fed voltou a afirmar que está fortemente empenhado em fazer com que a inflação regresse à meta de 2%.

Os dirigentes do BC destacaram que as condições financeiras e de crédito mais restritivas para famílias e empresas deverão pesar sobre a atividade econômica, as contratações e a inflação. A extensão destes efeitos "permanece incerta", segundo o Fed. O BC afirmou que "permanece muito atento aos riscos de inflação".

O Fed sinalizou que o ciclo de alta dos juros parece encerrado. A instituição afirmou que ao determinar a extensão de "qualquer" reforço adicional da política monetária, levará em conta seu aperto cumulativo e os efeitos defasados sobre a atividade econômica e a inflação. A palavra "qualquer" não estava presente no comunicado de novembro.

O BC afirmou que continuará a reduzir as suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos garantidos por hipotecas de agências, conforme descrito nos seus planos anteriormente.

O objetivo da alta de juros é combater a inflação elevada no país. Apesar do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) ter desacelerado para os 3% na base anual em outubro, o indicador segue acima da meta de 2% do Fed.

No caso do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), ocorreu avanço de 3,1% em novembro, também na base de comparação anual.

Cortes de juros no horizonte

Em entrevista coletiva após o anúncio, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a inflação ainda está elevada e que o BC está empenhado em fazer com que ela caminhe em direção à meta.

Segundo Powell, o mercado de trabalho continua apertado, mas a oferta e a procura estão atingindo um melhor equilíbrio. O presidente do Fed descreveu a política monetária como “em território restritivo”.

Ele afirmou que o BC está preparado para apertar ainda mais a política monetária, caso considere apropriado.

— O Fed está a proceder com cuidado — destacou Powell.

Além disso, Powell afirmou que os dirigentes discutiram o momento de cortes dos juros durante a reunião desta semana. Ainda assim, ele ressaltou que o Fed não quer excluir mais aumentos da mesa.

— Este será um tema para nós, olhando para o futuro — disse Powell sobre os cortes nas taxas.

Na avaliação do dirigente, há pouca base para se pensar que a economia americana irá sofrer com uma recessão apesar da elevação dos juros.

Projeções econômicas: juros menores

Além do anúncio sobre os juros, os agentes de mercado esperavam a divulgação do “dot plot”, ou resumo das projeções econômicas. O gráfico mostra a mediana das expectativas dos dirigentes do banco para os juros, inflação, desemprego e Produto Interno Bruto (PIB) para os próximos anos.

Ele serve, portanto, como uma guia sobre como os membros do banco estão observando a evolução das condições econômicas no momento.

Nas últimas semanas, agentes do mercado já passaram a precificar que o Fed pudesse cortar os juros no final do primeiro trimestre de 2024.

A projeção mediana para os juros ao final deste ano foi para 5,4%, de 5,6% em setembro, quando as últimas estimativas foram divulgadas.

Para 2024, ela passou de 5,1% para 4,6% e, em 2025, de 3,9% para 3,6%.

Sobre o Produto Interno Bruto (PIB), a projeção mediana ao final deste ano subiu de 2,1% para 2,6%. Para 2024, a estimativa caiu para 1,4% ante os 1,5% de setembro e, para 2025, continuou em 1,8%,

A projeção para a taxa de desemprego em 2023 permaneceu em 3,8%. Para 2024 e 2025, as previsões seguiram em 4,1%.

Em relação à inflação medida pelo índice de preços ao consumidor (PCE, na sigla em inglês), a projeção passou de 3,3% para 2,8% ao término de 2023. Para 2024, a previsão caiu de 2,5% para 2,4% e, para 2025, de 2,2% para 2,1%.

Sobre o núcleo da inflação, a projeção passou de 3,7% para 3,2% em 2023. A estimativa do núcleo para 2024 caiu de 2,6% para 2,4% e, para 2025, cedeu de 2,3% para 2,2%.

Mensagem suave

Para especialistas, o desfecho da reunião do Fed pode ser lido como mais dovish (favorável à manutenção de estímulos), o que tende a influenciar na condução de política monetária pelo Banco Central (BC).

O economista-chefe da Monte Bravo Corretora, Luciano Costa, destaca que as projeções do BC americano sinalizam para uma trajetória favorável à frente.

— Você fica com uma revisão de inflação que não foi desprezível. E como consequência disso, a curva de juros também vai para baixo. Teve um pedaço dos cortes que foi antecipado. Nas projeções da última reunião, você tinha 0,50 ponto percentual para 2024, e agora você tem 0,75 ponto percentual.

Costa avaliava que Powell poderia tirar parte do otimismo do mercado durante a coletiva após o anúncio, o que não ocorreu.

— Em alguns momentos, ele fez ressalvas na coletiva, mas ao mesmo tempo disse que estão discutindo uma inflação em queda e cortes de juros. Para o mercado, pesou mais essa segunda parte. Ele usou pouco o termo “higher for longer” (mais alto por mais tempo)

Após a decisão, o Ibovespa subiu 2,42%, aos 129.465 pontos, no maior patamar de fechamento desde junho de 2021. O dólar caiu 0,97%, negociado a R$ 4,9177.

Nos EUA, o índice Dow Jones subiu 1,40% e o S&P, 1,37%. A Bolsa Nasdaq avançou 1,38%, em linha com o recuo dos rendimentos dos títulos do Tesouro, os Treasuries.

— O Fed pela primeira vez teve um posicionamento mais claro em relação ao ciclo de cortes de juros. Já havíamos escutado por parte de alguns membros. O que animou o mercado não foi a decisão em si, mas as perspectivas futuras. Mesmo com o payroll mais forte e o CPI dentro das expectativas, eles vieram com um comunicado mais dovish — disse o sócio da One Investimentos, Lucca Ramos.

Costa, da Monte Bravo, ainda avalia como prematuro o corte de juros já no primeiro trimestre de 2024. Para o especialista, o Fed deve adotar postura mais cautelosa mesmo com os dados de inflação positivos.

— Você precisa ter mais evidências da trajetória de desaceleração na inflação de serviços. Acho que o Fed não gostaria de antecipar o ciclo sabendo que a economia ainda tem uma certa força na ponta. Entre antecipar e correr o risco de cortar mais cedo, ele prefere correr o risco oposto, o de cortar um pouco depois.

E o Brasil?

A melhora do cenário externo e a adoção de uma postura mais suave por parte do Fed pode ajudar no processo de aceleração de cortes da Selic.

— Isso é uma boa notícia para o mundo emergente e para a política monetária brasileira. O que poderia ser um grande obstáculo para uma futura flexibilização mais profunda nossa era justamente uma política monetária mais restritiva do Fed e estamos tendo uma mudança importante da percepção do Fed reverberada por essas projeções — destaca a economista-chefe da Tenax Capital, Débora Nogueira.

O economista-chefe da Monte Bravo Corretora destaca que o câmbio deverá ser a variável onde a melhora do ambiente externo pode se refletir inicialmente. Na avaliação dele, o BC precisará observar maior segurança em relação aos riscos fiscais internos para acelerar os cortes.

— O cenário externo melhorou, mas as incertezas fiscais limitam esse impacto positivo. Se a gente virar o ano e o governo conseguir evitar uma mudança na meta de primário, e entregar um déficit menor do que o mercado está esperando, a transmissão (do exterior positivo) pode ser maior e isso pode influenciar o BC a ajustar o ciclo.

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