Nos últimos anos, qualquer novo ministro da Economia tem um cronograma de eventos obrigatórios: prestar juramento, assumir o cargo, nomear seus funcionários, chegar ao Palácio da Fazenda e .... negociar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou com os detentores de títulos inadimplentes.
Esse rito de passagem para o ministro Luis Caputo começa nas próximas horas desta segunda-feira, quando será formalizada a reunião com os representantes do organismo internacional, após as reuniões das equipes técnicas no final de semana. E, como sempre acontece, os itens da agenda tendem a se repetir.
Entretanto, dois pontos ganharam espaço na agenda desta vez. O primeiro, a chamada dívida comercial, ou mais simplesmente, os dólares que o Banco Central deve aos exportadores para pagar as compras feitas no exterior nos últimos tempos.
O outro é a questão da expropriação da petrolífera YPF, que está sendo julgada nos Estados Unidos e deve fazer que a Argentina tenha que desembolsar bilhões de dólares. Neste caso, a Argentina, e não a empresa petrolífera, é condenada e, embora o valor da sentença ainda não seja conhecido, estima-se que a cifra possa chegar a US$ 16 bilhões. A sentença e o total a pagar pelo governo argentino deverão ser anunciados na quarta-feira.
Como se isso não bastasse, o índice de inflação de dezembro será conhecido esta semana. Até novembro, a taxa acumulada nos últimos 12 meses era de 148,2%.
Formalmente, a missão liderada pelos economistas Luis Cubeddu e Ashvin Ahuja estará com Caputo e o chefe de gabinete Nicolás Posse nas primeiras horas da semana. Os funcionários do FMI retornaram à Argentina no âmbito do Acordo de Facilidades Estendidas, assinado durante a gestão de Martín Guzmán (ministro da Fazenda entre e renegociado durante o período em que Sergio Massa esteve à frente do Fazenda.
Argentinos vão às ruas contra 'decretaço' de Milei
![Tropa de choque entra em confronto com manifestantes durante protesto contra o decreto do presidente Javier Milei, em Buenos Aires, em 27 de dezembro de 2023 — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/Z9Wl4nkk1biYYfn1g6L28ughuJ4=/0x0:6370x4247/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/T/Q/Ok50xWQxqLjA0NH43LOg/105388101-riot-police-clash-with-protesters-after-a-demonstration-called-by-argentinas-labor-union.jpg)
![Tropa de choque entra em confronto com manifestantes durante protesto contra o decreto do presidente Javier Milei, em Buenos Aires, em 27 de dezembro de 2023 — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/U1oalBP0gwExSKFMNS3J7q_WhAM=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/T/Q/Ok50xWQxqLjA0NH43LOg/105388101-riot-police-clash-with-protesters-after-a-demonstration-called-by-argentinas-labor-union.jpg)
Tropa de choque entra em confronto com manifestantes durante protesto contra o decreto do presidente Javier Milei, em Buenos Aires, em 27 de dezembro de 2023 — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
![Manifestante é detido em Buenos Aires. Milei decretou, na semana passada, um megadecreto para mudar ou eliminar 366 regras econômicas — Foto: Luis ROBAYO / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/XxxPD_CKd8VvlI1I5oR5fKdkGeQ=/0x0:7199x4799/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/b/B/3PqkoMRHGQtiP4BObjaQ/105388105-police-detain-a-protester-after-a-demonstration-called-by-argentinas-labor-union-cgt-agai.jpg)
![Manifestante é detido em Buenos Aires. Milei decretou, na semana passada, um megadecreto para mudar ou eliminar 366 regras econômicas — Foto: Luis ROBAYO / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/JHKJ5MI5yZkXHAPUaDy0OeNk9tw=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/b/B/3PqkoMRHGQtiP4BObjaQ/105388105-police-detain-a-protester-after-a-demonstration-called-by-argentinas-labor-union-cgt-agai.jpg)
Manifestante é detido em Buenos Aires. Milei decretou, na semana passada, um megadecreto para mudar ou eliminar 366 regras econômicas — Foto: Luis ROBAYO / AFP
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![Houve tumulto durante a dispersão da multidão, na tarde desta quarta-feira, e agentes de segurança entraram em confronto com manifestantes — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/NEaIDfCPtxVhAYtFl28qBnC_o1E=/0x0:8256x5504/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/T/G/S4Z21TSCeizBahLxF3HA/105388113-riot-police-clash-with-protesters-after-a-demonstration-called-by-argentinas-labor-union.jpg)
![Houve tumulto durante a dispersão da multidão, na tarde desta quarta-feira, e agentes de segurança entraram em confronto com manifestantes — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/UviTNUHD6ISHfLmTyYfGJdgd6ic=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/T/G/S4Z21TSCeizBahLxF3HA/105388113-riot-police-clash-with-protesters-after-a-demonstration-called-by-argentinas-labor-union.jpg)
Houve tumulto durante a dispersão da multidão, na tarde desta quarta-feira, e agentes de segurança entraram em confronto com manifestantes — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
![Membros de sindicatos protestam contra o decreto de emergência do presidente Javier Milei durante uma manifestação convocada pela União dos Trabalhadores da Argentina (CGT) em frente ao Palácio da Justiça, em Buenos Aires, em 27 de dezembro de 2023 — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/yb1VWCNUKX5dZijtrEg9uC4UtgE=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/B/C/3o1bdFRraEX2NjB0MtYQ/105387695-members-of-labor-unions-protest-against-president-javier-mileis-emergency-decree-during-a.jpg)
Membros de sindicatos protestam contra o decreto de emergência do presidente Javier Milei durante uma manifestação convocada pela União dos Trabalhadores da Argentina (CGT) em frente ao Palácio da Justiça, em Buenos Aires, em 27 de dezembro de 2023 — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
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![Movimentos sindicais e organizações argentinas tomam as ruas de Buenos Aires para protestar contra 'decretaço' de Milei — Foto: Luis Robayo / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/p_fyGx4XCYpWHIVy_FZVkrlVKJA=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/Q/N/u8GN98TESsmdWeL93gEQ/105387683-members-of-labor-unions-protest-against-president-javier-mileis-emergency-decree-during-a.jpg)
Movimentos sindicais e organizações argentinas tomam as ruas de Buenos Aires para protestar contra 'decretaço' de Milei — Foto: Luis Robayo / AFP
![A marcha reúne as principais federações trabalhistas do país — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/ikv6QDjITWW4zFH6UpuBp3AG_nc=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/P/N/Ye5rkgTZAU9jAVpue7rQ/105387241-in-this-aerial-view-members-of-labor-unions-protest-against-president-javier-mileis-emerg.jpg)
A marcha reúne as principais federações trabalhistas do país — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
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![Protesto ocorre duas semanas após o governo impor um protocolo que restringe o direito de manifestação ao impedir o fechamento de vias públicas e punir os participantes com ações na Justiça e suspensão de benefícios sociais — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/Wt8z5VqpFqyFnuMamVVnUkUPwbE=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/L/X/8zcf5AT8OJZEHTaUmokg/105387309-a-woman-walks-next-to-members-of-the-argentine-national-gendarmerie-gna-as-members-of-labo.jpg)
Protesto ocorre duas semanas após o governo impor um protocolo que restringe o direito de manifestação ao impedir o fechamento de vias públicas e punir os participantes com ações na Justiça e suspensão de benefícios sociais — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
![Membros do sindicato dos trabalhadores da construção civil (UOCRA) protestam contra o decreto de Milei — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/1WRUBEpQGBDeOFUKVXVhYOLPBtI=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/a/H/NHgo7XReWEY2edRW7Irw/105387038-members-of-the-construction-workers-union-uocra-protest-against-president-javier-mileis.jpg)
Membros do sindicato dos trabalhadores da construção civil (UOCRA) protestam contra o decreto de Milei — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
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![Membros do sindicato dos trabalhadores da construção civil (UOCRA) protestam contra o decreto de Milei — Foto: LUIS ROBAYO / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/E_9mk5y6MJybgk68XntPdSFiREM=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/f/M/94YXkMQ6qJy61PKoBsrg/105387036-members-of-the-construction-workers-union-uocra-protest-against-president-javier-mileis.jpg)
Membros do sindicato dos trabalhadores da construção civil (UOCRA) protestam contra o decreto de Milei — Foto: LUIS ROBAYO / AFP
Nesse documento, que o governo não hesita em descrever como um "acordo caído", há um ponto que Caputo e o presidente do Banco Central da Argentina (BCRA), Santiago Bausili, destacaram: tentar desbloquear os desembolsos de US$ 3,28 bilhões que ficaram pendentes desde novembro passado, quando a administração econômica anterior não conseguiu cumprir todas as metas com as quais havia se comprometido. Isso fez com que a sétima revisão do Acordo de Facilidades Estendidas nunca fosse realizada.
Entretanto, a semana em que a tentativa de obter esses dólares pendentes está começando não é das melhores. Na quinta-feira passada, o governo não conseguiu convencer o mercado dos benefícios do recém-batizado Bono para a Reconstrução de uma Argentina Livre (Bopreal). O papel, que foi projetado para cumprir as obrigações contraídas pela administração de Alberto Fernandez com os importadores, obteve apenas 7,6% de subscrição na segunda licitação. Também foi menor do que a primeira, que, alguns dias antes, teve uma colocação de cerca de 9%.
A ferramenta tem dois objetivos específicos, que faziam parte do plano de estabilização que o governo havia elaborado para apresentar ao FMI. Por um lado, para ''calendarizar'', como um negociador da equipe de Caputo usou o termo, uma dívida herdada que finalmente seria reescalonada para quatro anos. Por outro lado, para usá-la como uma coleta maciça de pesos mantidos por empresas prestes a se dolarizar.
- A verdade é que há mais uma explicação a ser dada. Mostrar números de aceitação maciços e um programa de emissão de dívida que é aceito pelo mercado não é a mesma coisa que mostrar números de transação escassos. Não é grave, mas precisa ser explicado um pouco mais - disse uma pessoa familiarizada com essas reuniões.
Está claro que a questão vazou muito: o valor dessa dívida comercial, no mínimo, chega a US$ 31 bilhões. E é lógico que o FMI deveria perguntar sobre isso.
Horas cruciais no caso da YPF
![Torre da YPF em Puerto Madero — Foto: Divulgação/YPF](https://s2-oglobo.glbimg.com/cdXmQgGUfL_RXLelL6Rn67xRT9c=/0x0:1253x795/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/6/3/gP6GPxQZyhHR8N0NG3dQ/torre-ypf-em-puerto-madero-divulgacao.jpg)
A outra questão é a YPF, uma conta que, por enquanto, não foi determinada, mas que pode acabar com uma contingência de cerca de US$ 16 bilhões. Nesses dias de reuniões entre as autoridades argentinas e os enviados do FMI, haverá notícias importantes. Na próxima quarta-feira é o prazo para que o Estado, condenado no processo, apresente garantias para evitar que, na quinta-feira, o fundo autor da ação tenha carta branca para iniciar os embargos.
- É impossível apresentar tais garantias, já que a Argentina não as tem, mesmo com todas as suas reservas líquidas do Banco Central. A opção de entregar as ações da YPF como uma espécie de garantia é impossível, já que a lei de nacionalização impede que as ações sejam alienadas. Com a ''lei ônibus'' seria possível, mas isso é uma abstração, já que o prazo expira na quarta-feira - disse um advogado que tem acesso ao processo, o mais importante mantido pela Procuradoria do Tesouro, que é administrada por Rodolfo Barra.
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Sem garantias possíveis, a única coisa que resta é uma prorrogação de última hora, embora haja pouca esperança de que a juíza de Nova York, Loretta Preska, concorde com qualquer proposta dos advogados do país.
De fato, ela já negou um pedido de adiamento desse prazo com o argumento de que a nova administração deveria conhecer o processo.
"Se esse julgamento é tão crítico quanto a República representa, seria de se esperar que o novo governo prestasse atenção imediata a ele", escreveu a juíza ao rejeitar o pedido.
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No Ministério da Fazenda, eles reconhecem que a ação judicial sobre a desapropriação da empresa petrolífera está no topo da agenda. Não é de surpreender que o fantasma dos holduots, os detentores de títulos que não entraram na troca, que durante anos não diminuíram seu ímpeto de cobrança e que continuamente tentaram paralisar qualquer desembolso para a Argentina e até mesmo imobilizaram o Fragata Libertad, retorne. Nem o Fundo nem o governo querem repetir isso. Mas ninguém sabe como evitá-lo.