Economia
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Por — São Paulo

,A inovação, ou seja, a capacidade de absorver e se adaptar a novos avanços tecnológicos, sociais e institucionais, é a principal trava do Brasil para garantir crescimento econômico significativo no longo prazo, avalia o Fórum Econômico Mundial. A conclusão faz parte do relatório "The Future of Growth Framework" ("Panorama para o Futuro do Crescimento", em tradução literal), que teve sua primeira edição divulgada nesta quarta-feira, em Davos.

O objetivo do documento é ser uma alternativa mais abrangente para mensurar o crescimento econômico dos países. A premissa que é a de que o Produto Interno Bruto (PIB) - que mede nível de riqueza a partir da geração de bens e serviços - é insuficiente para avaliar a qualidade e natureza do crescimento das economias.

O relatório do Fórum Econômico leva em consideração o PIB per capita e indicadores reunidos em quatro áreas: inclusão, sustentabilidade, resiliência e inovação. Ao todo, 107 países foram avaliados em 84 métricas.

Inclusão, ou seja, o quanto uma economia gera de oportunidades equânimes, e resiliência, que mede até que ponto as economias resistem a choques externos, foram os indicadores que tiveram as médias globais mais altas - 55,9 e 52,8, respectivamente, em uma escala que vai de 0 a 100.

Sustentabilidade (capacidade de uma economia manter uma estratégia ecológica) e inovação (absorção de novos avanços tecnológicos, sociais e institucionais) tiveram os piores resultados gerais, com pontuações de 46,8 e 45,2.

O relatório indica que o Brasil aparece abaixo da média global em três dos quatro indicadores analisados, com destaque negativo para inovação (41,8), pontuação mais baixa do país. Pesaram para o resultado o desempenho do país na produção de patentes; registro de marcas; exportação de serviços avançados; e capital em TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação).

No cômputo geral, o Brasil aparece com um resultado mediano e que é insuficiente para garantir o crescimento econômico robusto no futuro, resume Hugo Tadeu, professor e diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral (FDC) e um dos responsáveis pela avaliação do Brasil no estudo.

Ele explica que o resultado em inovação é uma síntese da falta de capacidade do país em gerar conhecimento e tecnologia:

—Isso atesta que não estamos em uma rota de crescimento satisfatória. É uma rota mediana. É preciso discutir um plano estratégico de inovação para o futuro. Isso tem a ver com um estado indutor, que discute geração de conhecimento que vai gerar riqueza lá na frente. Essa agenda ainda está distante.

Entre os países que lideraram o resultado em inovação estão Suíça(80,3), Singapura (76,4) Suécia(74,9), Dinamarca (73,4) e Estados Unidos (74,0). Em comum, países que tiveram bom resultado no indicador são aqueles com PIB per capita mais alto.

"Quanto mais os países aumentam sua capacidade de adotar e produzir novas tecnologias e modelos de negócios inovadores, mais eles podem alcançar padrões de vida mais elevados", aponta o documento.

Grupo do Brasil tem Benin, Quênia e Costa do Marfim

Além de inovação, o Brasil fica atrás da média global também em inclusão (55,3), com destaque ruim para a alta concentração de renda, e em resiliência (55,9), que incluiu uma nota zero para o país na avaliação sobre polarização política.

A pontuação mais alta para a economia brasileira aparece em sustentabilidade (56), puxado pelo bom desempenho do país na avaliação sobre uso de energia renovável, política para combustíveis fósseis e nível de recursos hídricos.

,Ao invés de classificar os países em um ranking geral a partir do resultado dos indicadores, o estudo do Fórum Econômico agrupou as economias em blocos, de acordo com características comuns, que foram chamados de "arquétipos". "Esses arquétipos destacam os países que são mais intimamente relacionados em suas características de crescimento", afirma o Fórum.

Na classificação, o Brasil no documento como parte do grupo de países F, que inclui economias que constroem "inovação, inclusão e resiliência em parâmetros baixos, com impacto ambiental comparativamente baixo". Na mesma classificação, estão países como Benin, Costa do Marfim, Gana, Índia, Jordânia e Quênia.

A divulgação do relatório vem em um momento em que o crescimento global medido pelo PIB atinge os níveis mais baixos em uma década. O documento destaca que, na média, o crescimento do PIB global a curto prazo diminuiu de cerca de 2% em países avançados e 5,8% em países emergentes em desenvolvimento, no início dos anos 2000, para uma média de 1,4% e 1,7%, respectivamente, no período pós-Covid.

No Brasil, a expectativa é que a economia cresça em cerca de 3% em 2023 e ao redor de 2,5% no próximo ano.

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