Executivos de companhias brasileiras de serviços financeiros avaliam que o avanço de novas tecnologias, como a Inteligência Artificial generativa (sistema capaz de gerar textos, imagens em resposta a solicitações), e de outras megatendências, como as mudanças climáticas, podem fazer seus negócios se tornarem economicamente inviáveis, nos próximos dez anos, se não houver mudança no modo de gestão atual.
Essa é uma das conclusões da 27ª edição da Global CEO Survey, pesquisa anual da consultoria PwC, que ouviu mais de 4,7 mil CEOs em mais de 105 países, incluindo o Brasil, em novembro do ano passado. O trabalho foi divulgado inicialmente no Fórum Econômico de Davos, na Suíça, realizado há duas semanas.
Entre os CEOs brasileiros, 51% dos participantes da pesquisa acreditam que os negócios não serão economicamente viáveis em até dez anos, se mantido o rumo atual. No levantamento do ano anterior, esse percetual era de 34%.
— A disrupção tecnológica, as mudanças climáticas e outras megatendências globais em aceleração continuam a exigir adaptação dos CEOs. Haverá aumento da pressão para mudanças nos modelos de negócios nos próximos três anos e as empresas terão que se reinventar ou ficarão inviáveis em uma década — analisa Lindomar Schmoller, sócio da PwC Brasil e líder do setor de serviços financeiros.
Produtos melhores
O levantamento mostrou que 64% dos executivos do setor de serviços financeiros do Brasil consultados pela PwC acreditam que a Inteligência Artificial (IA) generativa melhorará a qualidade dos produtos ou serviços das empresas nos próximos 12 meses. E 50% avaliam que o uso dessa tecnologia aumentará a confiança do mercado na companhia.
— Mas os executivos observam que a IA generativa vai exigir da mão de obra atual novas habilidades. Sem isso, não será possível operar essa nova tecnologia — observa Schmoller.
As 'Mulheres mais bonitas' geradas por inteligência artificial
A pesquisa identificou que para 91% das lideranças brasileiras de serviços financeiros, a IA generativa vai exigir, nos próximos três anos, o desenvolvimento de novas habilidades da maior parte da sua força de trabalho.
Já 72% disseram que a nova tecnologia vai mudar a maneira como a companhia cria e entrega valor. Outros 71% acreditam que a eficiência dos funcionários vai aumentar com uso de IA e 66% dos CEOs avalam que haverá melhora no uso do próprio tempo de trabalho. Pelo menos 55% dizem que a expectativa é de maior lucratividade com IA generativa.
Risco de fake news
Apesar do impacto projetado pela IA no Brasil, a implementação dessa tecnologia em todas as áreas da empresa ainda é uma realidade distante no país. Dos CEOs brasileiros de serviços financeiros, apenas 23% disseram que a nova tecnologia está em status de implementação. A adoção dessa tecnologia no setor de serviços financeiros no Brasil está abaixo da média global do setor.
Os riscos cibernéticos são a principal ameaça ao negócio para 43% dos CEOs consultados. Entre eles, 63% dizem que temem pela divulgação de desinformação (fake news)
Um ponto positivo revelado pela pesquisa é que no Brasil e, no mundo, a expectativa de desaceleração do crescimento econômico global para este ano diminuiu. No total, apenas 29% dos executivos financeiros no acreditam que a economia global vá se desacelerar em comparação com 73% no ano passado. Em relação ao Brasil, 55% dos CEOs têm a expectativa de crescimento do país.