Desemprego de longa duração cai no quarto trimestre, mas desigualdade entre homens e mulheres cresce

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A pesquisa mostra ainda que, quando visto sob a ótica regional, somente os estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte registraram redução na taxa de desemprego no último trimestre, quando comparado aos três meses imediatamente anteriores. Nos demais, houve estabilidade ou alta. Na média do ano, no entanto, 26 das 27 unidades da federação apresentaram recuo em relação a 2022.

Considerando o tempo de procura, cerca de 1,8 milhão de brasileiros buscavam trabalho há dois anos ou mais entre outubro e dezembro, o chamado desemprego de longa duração. É o menor contingente desde o quarto trimestre de 2015, quando haviam 1,7 milhão, e uma queda de 17,6% em relação a igual trimestre de 2022, quando havia 2,2 milhões nessa situação.

— As pessoas de modo geral estão permanecendo menos tempo na condição de desempregado. Isso mostra uma capacidade de inserção na ocupação mais rápida do que em períodos anteriores, o que é um fator bastante positivo — afirma Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE.

Ainda assim, a fatia de trabalhadores que busca uma vaga por um longo período é grande. Eles representavam 22,3% da população desempregada nos últimos três meses do ano passado. No último trimestre de 2022, esse percentual era de 25,6%. Na comparação com o terceiro trimestre de 2023, houve estabilidade (22,2%).

Por outro lado, quem ficou desempregado há menos tempo está tendo dificuldade para encontrar uma oportunidade: 3,8 milhões, ou quase metade (46,5%) dos desocupados, estavam em busca de uma vaga entre um mês a menos de um ano no quarto trimestre. Esta parcela cresceu 0,7% frente aos últimos três meses de 2022.

O desemprego caiu no quarto trimestre para homens e para as mulheres, embora a queda tenha sido maior para eles. Enquanto a taxa de desocupação das mulheres caiu de 9,3% para 9,2% na passagem do terceiro para o quarto trimestre, a dos homens recuou de 6,4% para 6% no mesmo período.

Essa diferença no ritmo de queda ampliou a desigualdade entre homens e mulheres no que diz respeito a oportunidades no mercado de trabalho, segundo o IBGE. O rendimento médio de ambos os grupos atingiu recorde no quarto trimestre, ambos em seu nível recorde, mas a mulher ainda recebe 25% menos que o homem.

A coordenadora do IBGE lembra que a distância do desemprego entre homens e mulheres cresceu em razão do perfil de vagas abertas no quarto trimestre, tradicionalmente ocupadas em sua maioria por homens. Mais de 1,1 milhão de pessoas conquistaram uma ocupação no período, sobretudo na indústria, construção, transportes, outros serviços e serviços domésticos.

— Três das cinco atividades que expandiram (a ocupação) no quarto trimestre são atividades que tem uma presença importante da população masculina. Na construção, cerca de 80% da população ocupada é formada por homens — explica Adriana.

Assim, somente a taxa de desocupação dos homens está abaixo da média nacional, que ficou em 7,4% no fim do ano passado.

Do ponto de vista regional, diversos estados apresentaram tendência de queda, mas só o Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte tiveram queda na taxa de desemprego na passagem do terceiro para o quarto trimestre. No Rio, a taxa recuou de 10,9% para 10%. Já no Rio Grande do Norte, o percentual caiu de 10,1% para 8,3%.

Na análise por região, apenas o Sudeste teve retração na taxa - de 7,5% para 7,1%. Nas outras quatro regiões, o indicador ficou estável.

O desemprego caiu no Rio de Janeiro por conta do aumento da ocupação, principalmente nas atividades industriais e de outros serviços. Já no caso do Rio Grande do Norte, o recuo da taxa foi influenciado pelo menor número de pessoas procurando trabalho no período. Para o instituto, só é considerado desempregado(a) quem está disponível para assumir uma vaga e tentou encontrar uma oportunidade.

O rendimento médio habitual ficou em R$ 3.032 no quarto trimestre do ano passado, uma estabilidade em relação ao trimestre anterior. Na análise regional, apenas a região Norte registrou aumento, de R$ 2.362 para R$ 2.419.

Em termos anuais, o rendimento médio ficou em R$ 2.979. O resultado sinaliza uma alta de 3,1% em relação ao ano anterior, mas ainda aquém do recorde observado em 2020 (R$ 3.028), quando a saída de trabalhadores que ganham menos acabou elevando a média do rendimento do trabalho.

Duas regiões, porém, atingiram seu maior rendimento médio habitual em termos anuais. É o caso do Norte (R$ 2.416) e do Centro-Oeste (R$ 3.418), em que a indústria extrativa e o agronegócio tem papel relevante sobre a dinâmica regional.

Segundo Adriana, do IBGE, estas atividades podem até não empregar tantos trabalhadores, mas tendem a dar algum impulso à economia local: