Economia
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Por — Rio de Janeiro

O empresário Abilio Diniz morreu neste domingo em São Paulo, aos 87 anos de idade. Conhecido por ter transformado o Grupo Pão de Açúcar na maior rede varejista do país, Diniz estava internado no hospital Albert Einstein, vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite.

Ao longo de sua extensa carreira pelo mundo dos negócios, o empresário escreveu livros e liderou programas na televisão, onde compartilhou seus aprendizados. Nas redes sociais, tinha 1,3 milhão de seguidores no Facebook e 845 mil no Instagram.

A morte de Abílio Diniz encerra seu projeto mais recente, o programa de TV ‘Caminhos’ transmitido na CNN Brasil. A terceira temporada foi ao ar entre setembro e dezembro de 2023. No estúdio, ele entrevistou personalidades como Fernando Haddad, Tarcísio de Freitas, Arthur Lira, Roberto Campos Neto, Luiza Trajano e Gilmar Mendes.

Diniz fez das entrevistas um espaço para discutir temas nacionais, como instabilidade econômica e infra-estrutura, além de abordar a realidade das empresas no país. Antes disso, comandou a série ‘Olhares Brasileiros’, no mesmo canal. Teve conversas com Gilberto Gil, Nizan Guanaes, padre Fábio de Mello, Kondzilla, Jorge Paulo Leeman, Rubens Ometo e Camila Farani.

O empresário também foi autor de três livros: "Novos caminhos, novas escolhas", "Reflexão, equilíbrio e paz" e o primeiro deles, "Caminhos e escolhas: O Equilíbrio Para Uma Vida Mais Feliz". Nas obras, lançadas entre 2004 e 2016, Diniz aborda os desafios de uma vida empreendedora, desde os passos que percorreu para o sucesso, até os caminhos para o equilíbrio na saúde e vida pessoal.

As lições de Abilio Diniz

Transforme-se sempre

Em seu livro mais recente, "Novos caminhos, novas escolhas", publicado em 2016, Diniz conta que, quando escreveu “Caminhos e escolhas”, em 2004, tinha certeza de que jamais escreveria outro. "Eu achava que não teria mais tantas experiências marcantes nem tantas transformações pessoais a ponto de escrever um novo livro. Mas posso afirmar que foi de lá para cá que passei os melhores anos da minha vida. Em pouco mais de dez anos, vivi e aprendi muita coisa, amadureci e dei mais consistência às ideias que já estavam esboçadas no meu primeiro livro”, escreveu ele, no lançamento mais recente.

Reflita sobre seus valores

Abilio Diniz afirmava que, ao longo dos anos, refletiu muito sobre as ideias e os ideais que o levaram a uma vida melhor e mais feliz. Inicialmente, ele dizia ser guiado por quatro valores: humildade, determinação e garra, disciplina e, por fim, equilíbrio emocional. Com o tempo, o empresário decidiu acrescentar outros dois valores: a honestidade e a ética.

Em seu livro "Novos caminhos, novas escolhas", Abilio conta que reconhecer esses valores tornou menos difícil deixar o Pão de Açúcar. Na época, ele diz que se perguntou o que era o Pão de Açúcar, e a chegou à conclusão de que a empresa só cresceu daquela forma “porque dentro dela existia uma cultura e existiam valores, e isso era meu, pertenciam ao meu DNA, ao DNA da família Diniz. Essa cultura, esses valores, esse DNA, não iriam ficar presos ao Pão de Açúcar, eles iriam junto comigo para onde quer que eu fosse. Quando equacionei essa questão, as coisas passaram a ser mais simples. Não eram nada fáceis, mas se tornaram mais simples. Passei a participar do processo todo com mais tranquilidade e a olhar o futuro com otimismo.”

Não tenha medo da velhice

Diniz afirmava que as pessoas não deveriam ter medo da idade nem da velhice, e aprender a tirar proveito disso. Em vez de reclamar do tempo, deveriam valorizar o fato de que, quanto mais se vive, mais se acumula conhecimento e sabedoria. "Se você conseguir conciliar uma mente saudável com um corpo saudável, ou seja, uma mente ágil e repleta de conhecimento com um corpo que conserve resistência e agilidade, certamente vai passar pelos melhores anos de sua vida.”

Trabalhe muito

“Trabalhei durissimamente desde a juventude para ajudar a construir a maior rede de supermercados do país (acredito que poucas pessoas no mundo tenham o número de horas de visita a supermercados e pontos de varejo que eu tenho). Por um período, tive desentendimentos com os meus irmãos, a empresa foi à lona e quase quebrou, sofri um sequestro que me marcou por muito tempo… Aos poucos, fui refazendo minha vida e reergui a rede de supermercados. Quando ela estava maior do que nunca e eu ainda bastante motivado para continuar a administrá-la, tive de passar a empresa adiante”, escreveu em seu livro "Novos caminhos, novas escolhas".

Saiba se reconstruir

Quando foi convidado a se tornar sócio da BRF e a assumir a presidência do Conselho de Administração da empresa, Abilio conta em um de seus livros que ficou em dúvida se conseguiria ir para outro ramo diferente do varejo. “Eu sempre estive do outro lado do balcão, sempre fui um varejista, um homem da distribuição, na ponta da cadeia e encostado no consumidor. Como é que agora eu iria passar para o lado da indústria?”, escreve. Contudo, ele diz ter se lembrado do que sempre fala a seus alunos: que todas as empresas são, essencialmente, iguais. “Com a cabeça feita, passei a estudar profundamente os dados da BRF com um pequeno time da Península. Quanto mais estudávamos, mais acreditava que aquele era um ótimo e estimulante projeto — era uma empresa grande, e com grande capacidade de crescimento. Eu não tinha mais dúvidas”. A partir daí, o empresário vendeu suas ações ordinárias do Pão de Açúcar, que podiam ser negociadas no mercado, e comprou ações da BRF.

Tenha paciência, e não perca contatos importantes

“Chegar a esse ponto em que cheguei é resultado de muito trabalho e de muita paciência. A paciência sempre foi uma coisa escassa em mim. Nunca tive muita; gosto das coisas acontecendo com rapidez. Mas isso foi algo que cultivei ao longo do tempo. Mesmo depois de a fusão entre o Grupo Pão de Açúcar (GPA) e o Carrefour não ter dado certo, eu não perdi contato com os acionistas nem com a diretoria. Quando o Georges Plassat, hoje CEO do Carrefour, assumiu a companhia, em 2012, imediatamente estabeleci contato com ele. Os contatos se estreitaram ainda mais quando eu saí do GPA, em 2013, e fomos levando isso aos poucos, subindo degrau por degrau, construindo tijolinho por tijolinho, até chegarmos a esse ponto de agora”, escreveu em "Novos caminhos, novas escolhas".

A trajetória nos negócios

A história do varejo brasileiro e do empresário Abilio dos Santos Diniz estão entrelaçadas. Tanto que há alguns anos o jornal britânico Financial Times escreveu que Diniz era um 'heroi' para os consumidores brasileiros dada sua perseverança à frente do negócio fundado por seu pai, o português Valentim dos Santos Diniz.

A rede de supermercados Pão de Açúcar, que nasceu em 1948 como uma doceria, ganhou este nome pelo amor que o imigrante criou pelo Pão de Açúcar assim que chegou de navio ao Rio de Janeiro, em 1929, e avistou a beleza da paisagem. A doceria transformou-se num império e Diniz num dos mais icônicos empreendedores brasileiros.

Críticos apontavam seu temperamento forte e a obsessão pelo poder como seus principais defeitos. Mas, no mercado, essas duas características sempre foram vistas como essenciais para seu sucesso no varejo nacional. Dono de uma fortuna estimada em US$ 2,4 bilhões pela revista Forbes, ele ocupava em agosto de 2023, a posição 1.272 no ranking global de pessoas mais ricas do mundo.

Entre os brasileiros, Diniz não era só o "pop star" do varejo admirado por sua riqueza e obstinação pelo trabalho: ele ganhou notoriedade como um homem apaixonado por esportes — e torcedor fervoroso do São Paulo Futebol Clube, cidadão religioso e que buscava sempre uma vida saudável. Escreveu livros contando sobre suas crises pessoais e profissionais e, mais recentemente, tornou-se apresentador de televisão num programa de entrevistas.

Era ativo em redes sociais, com mais de 845 mil seguidores no Instagram e 1,3 milhão no Facebook, onde mostrava fotos do cotidiano com a família, suas viagens de férias, além de postar alguns de seus pensamentos pessoais sobre a vida e os negócios. Era esse outro lado de Abilio Diniz, além da faceta de empresário de sucesso, que também atraia a curiosidade das pessoas.

Abílio Diniz será velado nesta segunda-feira, 19 de fevereiro, das 11h às 15h no Salão Nobre do Estádio do Morumbi, do São Paulo Futebol Clube, seu time de coração. O velório será aberto ao público. O enterro será reservado apenas aos familiares.

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